Monster [Satori Tendou]

23. Uma proposta

O dia de ganhar alta e sair do hospital chegou e eu já tinha um lugar certeiro para ir. Prisão.

Eu não tinha muita coisa pra arrumar, até porque só cheguei com uma roupa rasgada e suja de sangue. Por sorte a Rin, a enfermeira que cuidou de mim durante esses dias, lavou minhas roupas, então pelo menos eu ia com roupinhas limpas pra prisão.

Sobre a conversa que tive com Wakatoshi, ele não tinha me perdoado 100% mas ele disse que ia pensar em tudo e que precisava de um tempo. É óbvio que eu não questionei, ele estava no seu direito de ficar chateado. Na noite passada também conversei com Goshiki e Kenjirou e posso dizer que eles falaram a mesma coisa que Wakatoshi, assim como Semi.

Me senti feliz por ver Goshiki e Kenjirou e acho que eles ficaram assim ao me ver também...

– Tendou? – ouvi a voz calma da Rin atrás de mim. Estava acabando de colocar meu sobretudo quando a olhei sorrindo. – É uma pena... Digo, ter acabado dessa forma.

Ela tinha um olhar triste enquanto falava de forma pensativa, como se tivesse medo de me lembrar de todo o ocorrido.

– Não se preocupe, Rin-chan. É o preço que tenho a pagar por todas as coisas que fiz, hm? Eu não fui um bom menino.

– Você é um bom menino, apenas ficou perdido nos seus próprios pensamentos. – ela suspirou, antes de abrir um pequeno sorriso.– Bom, antes de ir, gostaria de lhe avisar que você tem visita.

Eu a olhei confuso. Quem seria?

Olhei para porta e vi Bokuto e Akaashi na porta do quarto. Keiji tinha a expressão tranquila, enquanto Koutaro abria um grande e educado sorriso. Rin saiu do quarto, nos deixando sozinhos.

Eu retribui o sorriso, de forma animada. Eu estava feliz por ver eles, depois de tudo. Eles vieram até mim e cada um me deu abraço.

– Como você está? – Akaashi perguntou depois de um tempo.

– Estou bem, ao que parece fizeram uma pequena cirurgia quando eu cheguei, já tá cicatrizado.– falei olhando para o meu ombro coberto pelo casaco.

– Aí, agora você vai ter uma cicatriz foda! – Bokuto falou animado, recebendo um olhar mortal de Akaashi, mas o platinado o ignorou e levantou a camisa, mostrando uma cicatriz um pouco grande no seu abdômen.– Dá um ar que bravura! Mostra a sua para os presidiários!

Eu alternei meu olhar entre a cicatriz e o rapaz, que começou a ficar sem graça, abaixando a camisa lentamente, com as bochechas coradas.

– Eu falei merda? Me desculpa, não foi minha intenção, Satori-kun! – ele balançou as mãos na frente do corpo, com um biquinho nos lábios.

Eu não pude evitar soltar uma gargalhada. Bokuto ficou mais perdido ainda.

– Eu com certeza vou me lembrar disso, Koutaro! – falei depois de um tempo, quando me acalmei. Akaashi riu da cara do maior.

– Não ficou chateado comigo? – perguntou preocupado e eu neguei, o abraçando de lado.

– Claro que não! Adorei sua ideia! – falei sorrindo. Bokuto sorriu também e fez um movimento como se jogasse os cabelos longos e invisíveis  para trás.

– Eu sempre tenho ótimas ideias.

– Ele vai ficar falando o dia inteiro sobre isso.– Akaashi soltou um riso nasal.– Você tem que ir mesmo, não é?

Soltei Bokuto e suspirei.

– Sim... Ah, aliás, gostaria de agradecer vocês dois por toda a ajuda.– sussurrei a última parte.– Vocês foram incríveis.