No boxe, o lutador tem dez segundos para se levantar depois de ser derrubado por um golpe. Dez segundos onde você vê tudo em câmera lenta e sente cada parte do seu corpo doer. Dez segundos que duram uma eternidade e, mesmo sendo apenas segundos, pod...
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— Ainda não estou acreditando que você vai naquela luta, Nora. Está arriscando sua segurança por causa de um lutador. — Sun gritou me vendo terminando de me arrumar.
— Claro que vou, não vou perder essa oportunidade. O estilo de luta dele me lembra a de meu pai, preciso saber mais sobre isso. — Respirei fundo, ajeitando a jaqueta de couro no corpo, me certificando de que está tudo no lugar exato.
A ansiedade está me dominando desde o dia que fiz a aposta, aquele garoto me deixou ainda mais instigada a ir ver a luta, preciso dar um jeito de conhecer o JK e convencê-lo de me treinar. Só consigo pensar no que vai acontecer se ele aceitar, terei que fazer seu tempo valer a pena.
— Promete que se algo acontecer, você vai me ligar. — Sun me encarou, séria.
— Vou. — Revirei os olhos. — Relaxa Sunny, vai dar tudo certo, só quero ver a luta do JK e falar com ele. Não levará a noite inteira, só se caso ele decidir que não quer me treinar.
— Porque não pede ao Kenny para te ensinar? Tenho certeza que ele aceitaria na mesma hora.
Me levantei da cadeira com preguiça só por ter ouvido o nome daquele cara. Kenny Bright é uma completa piada como lutador, não tem um estilo de luta definido, deixa a raiva tomar conta dele no ringue. Se meu pai estivesse vivo hoje, com toda certeza ele gargalharia da luta dele inteira e ainda debocharia do seu péssimo controle emocional.
— Nunca na minha vida. Entre aprender algo supérfluo e não aprender nada, eu prefiro aprender sozinha. — Passei a mão entre os cabelos. — Tem que ser o JK, se não for ele outro não serve. — Dei uma última olhada no espelho. — Estou indo, até amanhã.
— Cuidado, pelo amor de Deus!
— Eu sempre tomo.
Jeon Jungkook
Fiquei inquieto o dia inteiro, nada conseguia me acalmar. Meu dia de trabalho na oficina foi irritante, cheio de clientes insuportavelmente chatos, estava uma pilha de nervos. Não estava nem a fim de lutar hoje para falar a verdade, mas preciso do dinheiro, os remédios da minha mãe já estão no fim e logo precisarei comprar mais.
Cheguei em casa todo sujo e antes mesmo de ir ver a minha coroa, tomei um banho para tirar toda sujeira e ficar cheiroso para ela. Vesti uma calça jeans escura, uma camiseta preta larga e calcei meu par de botas. Andei em direção ao quarto, dei duas batidas na porta, a ouvi me chamar do outro lado.
— Estou entrando. — Avisei.
A encontrei deitada na cama embaixo das cobertas, vendo sua novela na televisão. Sorri grande ao vê-la feliz em me ver, me direcionei até sua cama, me sentando na cama ao seu lado a abraçando forte.
