No boxe, o lutador tem dez segundos para se levantar depois de ser derrubado por um golpe. Dez segundos onde você vê tudo em câmera lenta e sente cada parte do seu corpo doer. Dez segundos que duram uma eternidade e, mesmo sendo apenas segundos, pod...
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Jeon Jungkook
— Como a Nora está? — Mamãe perguntou assim que voltei a adentrar o seu quarto de hospital.
Deixei Nora em casa com o coração na mão, mesmo que o Kyungsoo esteja cuidando dela, me sentiria mais confortável se fosse eu a estar ali, tendo a certeza de que ela está bem, segura e em meus braços. A culpa por não ter me preocupado mais ainda me consumia, me sentia um péssimo namorado, deveria ter prestado um pouco mais de atenção. Ela cuida tão bem de mim, da minha mãe, pensa até nos mínimos detalhes por mais insignificantes que eles pareçam, enquanto eu deveria fazer o mesmo.
— Ela está melhor, o Kyungsoo ficou cuidando dela. — Respirei fundo me sentando na poltrona.
Minha cabeça estava prestes a explodir, a tensão desse dia acabou totalmente comigo, tento cuidar bem de tudo ao mesmo tempo, mas na maioria das vezes meu corpo não consegue me acompanhar da forma que preciso. Estou começando a falhar mais vezes do que deveria, me deixando ainda mais irritado por isso, não estou conseguindo treinar mais com tanta frequência que treinava em casa, não conseguia treinar a Noh mais do que uma vez na semana, isso quando dava. A impotência tomava conta da minha mente, me assombrando por não estar conseguindo fazer mais do queria.
— Não se culpe tanto meu amor, nem tudo na nossa vida está em nosso alcance para resolver, as vezes as coisas simplesmente precisam acontecer dessa forma. Infelizmente não temos o poder de resolver tudo, não coloque um fardo sobre suas costas que não é seu. — Suas palavras pesaram em meu coração, enquanto seus dedos gentis acariciavam meus cabelos com carinho.
Me deitei sobre seu colo sentindo uma paz absurda, ficamos ali por algum tempo em silêncio, queria seu colo e seu carinho enquanto eu ainda podia. Ela tem toda razão do mundo, apesar do fardo não ser meu, eu o carregava há muito tempo, não conseguia deixá-lo para trás, porque apesar de não ser meu, fazia parte de mim.
Nunca fui prioridade em minha própria vida, sempre coloquei outras coisas e outras pessoas acima, porque em minha mente eu conseguia lidar com tudo sozinho. Mesmo que eu falhasse, mesmo que as coisas parecessem impossíveis, queria provar para mim e para os outros que eu era capaz de lidar com tudo e nunca reclamei por isso, mesmo que estivesse em meu limite, eu precisava cuidar da minha mãe e agora, precisava cuidar da Nora também, as duas são tudo na minha vida.
— Boa noite, como estão? — A voz da médica que cuidou da Nora me despertou.
Me levantei rápido fazendo uma reverência respeitosa, a mulher de mais ou menos quarenta anos sorriu com alguns papéis em mãos, parecia feliz mesmo depois de um dia provavelmente estressante.
— Bem doutora, obrigada. — Minha mãe sorriu doce, me fazendo ter a mesma reação.
— Obrigado por cuidar da Nora por mim, ela é tudo para mim. — Agradeci, reverenciando mais uma vez em respeito.