vinte: sintomas.

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• Londres, Inglaterra•

A fumaça que exalava pela sala não era agradável para Lucas.

Estava sentado na sua poltrona, na sala que o pertencia, fazendo uma careta para o charuto em sua mão.

— Essa cultura de mafioso gostar de charuto deveria ser um crime — murmurou para ninguém, uma vez que se encontrava sozinho.

Sua perna cruzada sobre a outra se mexia conforme balançava o pé calçado com o mais caro modelo de sapato, enquanto seu blazer estava sobre um dos braços da poltrona. A blusa social vermelha estava dobrada até os cotovelos, enquanto dois botões estavam abertos, mostrando sua clavícula nua.

Sempre muito bem arrumado e penteado, Lucas sabia que era uma imagem que exalava soberania. E não aceitaria menos. Era bonito e, embora tivesse um rostinho jovial, gostava de parecer mais velho para impor respeito.

Descartou o charuto sobre a pequena mesinha de centro, decidido que preferia cigarros. Se levantou, indo até a sua grande mesa e procurando pelo seu maço, acendendo um entre os lábios logo em seguida.

A porta foi aberta de repente, porém ele esperava pela figura alta e forte que passou por ela. Fez pouco caso do homem bastante conhecido que adentrou a sala, voltando a se sentar onde estava um minuto antes.

— E então? — sua voz rígida reverberou pela ampla saleta — É ele?

— É ele, sim — o outro respondeu e, embora em pé, parecia bastante a vontade, evidenciando os anos costumeiros que conviveu com o homem sentado. — Fiz minhas investigações, pesquisei em todas as maternidades de Liverpool e ele jamais foi registrado em qualquer uma delas.

— Seus documentos são originários dessa cidade, no entanto.

— Essa era a prova que eu precisava — o outro cruzou os braços, vendo Lucas soltar a fumaça com uma tranquilidade irritante. — O que faremos agora?

— Por enquanto, nada. — tragou a nicotina outra vez — Temos que ter plena certeza se ele é quem procuramos.

— Já falei, é ele. Ele não foi o único que investiguei a fundo, seu antecessor também. O nome bate, é o mesmo. De ambos.

— Mas, não vamos entregá-lo. — arquitetava algo, não querendo cometer nenhum engano — Ainda.

— Por que não? Eu cumpri a minha parte do acordo.

— Está com pressa? — levantou os olhos vagarosamente para o grandão, que trincou o maxilar com o tom do outro — Não se preocupe, você terá o que quer. No tempo certo. — sorriu de um jeito sombrio — Já ouviu falar que a pressa é a inimiga da perfeição?

— Achei que quisesse quitar essa  dívida de uma vez.

— E quero — o tom soou cortante, por odiar ser contrariado — Mas, enquanto você não tiver certeza sobre a palavra que ela nos passou como referência, não faremos nada a respeito disso. Não podemos abrir margem para erros.

— E como saberei a respeito dessa palavra?

— Encontre seus meios. Ou quer que eu faça isso por você também? — se inclinou levemente para alcançar o cinzeiro e largar seu cigarro por lá.

JK. {kth + jjk}Onde histórias criam vida. Descubra agora