Um: colisão da física.

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meados de janeiro, 1986, Liverpool, Inglaterra

Com o início de um novo ano, o inverno também veio mais rigoroso.

O clima na cidade ainda não era das melhores e com essa friaca parecia piorar. Desde a tragédia de Heysel na final da Champions League, em maio do ano passado, toda a Inglaterra parecia estar em uma revolta profunda no mundo do futebol.

Também, não era pra menos!

Liverpool estava se saindo tão bem no campeonato, com um time realmente show de bola e então, esse desastre! E, desde então, as consequências tem tido altos preços a serem pagos pelos torcedores ingleses.

Estávamos fora das principais competições europeias. Isso era absurdo!

E como se não pudesse piorar, eu estava prestes a reter na escola. Era meu último ano e faltavam um pouco menos de seis meses para tudo, finalmente, acabar. No entanto, minhas notas estavam tão baixas, mas tão baixas, que era quase  matematicamente impossível recuperar no próximo semestre.

Não que eu entendesse de matemática, claro. Ou química. Ou física. Ou qualquer matéria da área de exatas.

Números e cálculos deveriam caçar o que fazer, ao invés de só nos arrumar problemas, sinceramente! Einstein e qualquer outro físico que fossem pra puta que pariu!

Eu estava exausto de tentar correr atrás dos prejuízos causados pela minha falta de responsabilidade. Tudo bem que eu matava as aulas de trigonometria para fumar atrás do pátio com Baekhyun. Mas, sei lá também, não deveria ser tão difícil me livrar dessa droga de escola!

Não aguentava mais Rose no meu pé. Quem aquela mulher achava que era? Minha mãe? Aquela maldita filha de uma meretriz estava muitíssimo enganada se pensava um absurdos desses! Não é só porque havia se casado com meu pai e tinha uma pirralha com ele que queria dizer que poderia me considerar parte da sua prole.

Era "Taehyung faça isso!" , "Taehyung faça aquilo!", "Taehyung você é um mal educado!" Ou "Taehyung lave direito esse pau!" Pra todo lado! Ora, quem era ela para mandar eu fazer qualquer merda que fosse?

Essa mulher era uma maluca. Maldita fanática religiosa, isso sim.

As vezes penso em como seria se meu pai não tivesse saído da Coréia Do Sul e vindo pra Europa. Com toda certeza estaríamos livres dessa megera.

Agora, por culpa dessa daí, aqui estou eu, saindo no meio de uma nevasca a caminho daquela porra de biblioteca. Não que eu não gostasse de ler — muito pelo contrário. Se Baekhyun descobrir que não só leio, como também gosto de escrever poesias pelos cantos, vai me chamar de maricas para o resto da eternidade.

O frio estava de lascar e eu só queria esquentar meu rabo na minha cama quentinha jogando videogame até não poder mais. Mas, não. Meu pai tinha sido bem enfático na sentença: ou eu criava vergonha na minha cara e iria estudar ou ficava sem videogame e minhas fitas cassete.

Claro, não queria pagar pra ver. Afinal, tinha fitas de conteúdo não recomendado para menores, que eu havia passado a mão na locadora da cidade, que não seria legal serem encontradas pelo meu velho. Mesmo que eu já tivesse idade legal para assisti-las desde duas semanas atrás, quando foi meu aniversário de dezoito.

JK. {kth + jjk}Onde histórias criam vida. Descubra agora