treze: questões.

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• Meados de 1981, Liverpool, Inglaterra.•

O filho mais velho dos Kim estava estático, apenas observando tudo.

Era uma gritaria, mas Taehyung não ouvia nada. Não sentia nada. Não se movia. A sua volta, seus colegas de classe, surpresos, falavam sem parar, enquanto professores chamavam por ajuda.

Baekhyun, assustado, tentava chamar a atenção do melhor amigo, que só observava tudo sem expressão.

Na cabeça de Taehyung, flashbacks se repetiam; A imagem de quando tinha oito anos, vendo sua madrasta beijar o machucado que sua irmã mais nova, na época com seis anos, havia conseguido ao tentar andar de bicicleta pela primeira vez.

Lembrou-se de achar a cena peculiar, curiosa. Mais tarde, naquele mesmo dia, questionou seu pai do porquê Rose havia feito aquilo.

Beijos curam machucados, meu filho — foi o que Minjay dissera, afagando o cabelo do filho mais velho.

Taehyung não entendia. Se machucava o tempo todo, mas nunca beijaram suas feridas para que sarassem. Era injusto, não era?

Porém, não queria que passassem pela mesma injustiça que si. Ao ver Kyle, um colega de classe, armar um berreiro por ter se machucado no intervalo, Taehyung não perdeu tempo; Queria que seu machucado se curasse, como seu pai havia dito que acontecia.

Não entendeu porque a ação de dar-lhe um beijinho inocente chocou pessoas a sua volta. Oras, só estava ajudando!

Não via malícia naquilo, obviamente. Mas, ao apanhar de Minjay no fim daquele dia, entendeu que não deveria beijar outros garotos. Nem que fosse para fazer suas dores cessarem.

Agora, com quase treze anos, Taehyung se sentia farto. Farto de ser coberto por injustiças, por ser perseguido há anos por algo que fizera sem segundas intenções. Oras, nem sabia que existiam segundas intenções!

Resolveu que era hora de reagir. Baekhyun não merecia passar por isso, pensava constantemente. Ele, muito menos. Então, não cogitou mais de uma vez antes de socar a cara de Kyle e seu amigo Bale quando tentaram pegar no seu pé naquele dia.

O socou com força, com vontade, com ódio.

Mal percebia o quão forte era e o quão machucados ambos ficaram. Nem sabia como dera conta de dois sozinho, apenas fez. E gostou. Céus, não sabia quando tinha sido a última vez que se sentiu bem como se sentiu batendo nos dois.

Se sentia ótimo, sentia adrenalina.

E, diante a cena de adultos preocupados e outros pré-adolescentes assustados, Taehyung quis rir. Gargalhar. Sorrir até rasgar a boca.

Não se importava com as consequências. Não se importava se ficariam bem, desde que Baekhyun e ele ficassem.

Nunca mais sofreriam perseguições. Nunca mais apanhariam. Nunca mais teriam que fugir. Nunca mais sentiria medo.

Tae, vamos sair daqui antes que vejam que foi você quem fez isso! — Baekhyun praticamente implorava ao seu lado, não entendendo o quê exatamente aconteceu.

Taehyung sentia as mãos arderem e sangue seco incomodar seus dedos. Não sabia se era seu sangue ou dos garotos. Não se importava, todavia.

Por essa razão, não se moveu. Apenas encarou toda a cena se desenrolar a sua frente, até ser levado pelo braço pelo diretor.

Não ouviu uma palavra sequer que foi dita quando o mesmo o repreendeu e chamou seus pais. Não ouviu os comentários surpresos de Minjay e Rose ao saberem do ocorrido. Apenas revivia outra vez e outra vez os momentos de adrenalina incessantes.

JK. {kth + jjk}Onde histórias criam vida. Descubra agora