ATO I - Capitulo 14: O mais inútil de todos

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ATO I - Capitulo 14: O mais inútil de todos

Seven

Através do estalar de gravetos em baixo da sola da minha bota que sei onde estou pisando.

Uma névoa densa e negra cobre tudo ao redor. Há um cheiro pútrido no ar, como se alguém tivesse destampado um esgoto ou uma cova com cadáveres em decomposição. Talvez pelo fato de que esses vampiros também são comos zumbis.

— Suuch? Pear? — Chamo pelos meus amigos, mas minha voz é engolida no silêncio.

Não escuto nem mesmo o som das árvores sendo balaçadas pelo vento. Estou andando literalmente às cegas por aqui.

Meu corpo está mais cansado do que o normal, pesado, e não acho que seja efeito dessa névoa. Estou há mais de 30 horas acordado. Talvez isso explique como consegui ficar para trás e me perder de Suuch e Pear durante a caminhada.

Tento acender a lanterna do meu relógio, para enxergar alguma coisa, mas ela não funciona. Esqueci de checar depois daquele raio se precisava trocar as baterias do relógio ou qualquer dispositivo interno. Sou tão distraído e tem acontecido tanta coisa louca na minha vida que perdi a habilidade de pensar com coesão.

— Suuch! — Continuo caminhando, mesmo sem saber exatamente para onde ir. — Pear?

Giro o corpo em 360º onde estou, procurando uma melhor noção espacial e de direção, mas não encontro nada. É tudo escuro, como se eu estivesse dentro de um quarto fechado e de luzes apagadas. O que enxergo é a sombra do meu corpo, mas conforme ando, ela vai sumindo, vou perdendo noção até mesmo do que está há um palmo da...

— Ai! — Minha testa se choca com o que acredito ser um casco de árvore. Coloco a mão na testa, onde levei violenta pancada e me afasto dali.

Já nem sei mais que direção eu estava seguindo.

A nevoa à minha frente se move, como vindo em minha direção, escuto barulho de folhas ao chão se dobrando com alguns passos. Paro de caminhar, em estado de alerta, tirando lentamente minhas adagas da bainha.

Estreito os olhos na direção do som que ouvi, buscando alguma impressão, qualquer coisa. A silhueta parece humana e pela altura, acho que conheço a pessoa:

— Suuch, é você?

Sou recebido por um soco à minha direita, mas não é rápido o suficiente que eu não possa desviar. Com certeza não é Suuch, mas confesso que não sou tão familiarizado à lutar no escuro.

Dou dois passos para trás, vem outro soco, dessa vez consigo fazer um movimento rápido de afastar o golpe, puxando quem quer que seja para o chão. Olhos amarelos brilham, escuto um forte assoprar, como um gato que se arrepia de medo e tenho certeza que é um Nachzehrer. Sem demorar no ataque, coloco uma adaga em seu coração imobilizando-o.

— Malditoooo! — Algo me atinge com força, me jogando ao chão, segurando meus braços.

— Me larga! — Debato-me contra meu atacante, mas sou desarmado e escuto minha adaga voar para longe, cravando ao chão.

— Hahaha! — Ouço umas risadas maléficas.

Fico impossibilitado de me mexer, como se houvesse uma placa de mil toneladas em cima de mim, esmagando meus ossos. Um cheiro horrível de esgoto sopra perto do meu rosto. Ewwww. Sinto uma mão gelada envolver meu pescoço com força, mas não para me enforcar ou tirar meu fôlego. Um par de olhos brilhando amarelo surge na escuridão, bem perto de mim.

Venatio - Leitura Unificada - Seven & SuuchOnde histórias criam vida. Descubra agora