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      Malu

A sensação de estar de estar de volta a minha cidade natal é maravilhosa, sério, era tudo que eu precisava e não sabia. Nesses anos morando fora acabei não visitando o Brasil, me foquei demais nos estudos e trabalho, me dediquei ao máximo para ser uma pessoa independente, orgulhar meus pais e não pensar no Rafael.
Boa parte do meu plano funcionou e acho que mereço férias né, afinal o que poderia acontecer nessa viagem?

-Querida que saudades-minha mae me abraça assim que abro a porta de casa- meu deus Malu você está tão linda, o meu bebe cresceu tanto.

-É muito bom te ver mãe eu estava morrendo de saudades.

-Querida que horas ela chega mesmo?-meu pai aparece na sala digitando algo em seu celular.

-Oi pai-finjo olhar um relógio em meu pulso- agora mesmo.

-Filha deveria ter nos ligado- diz me abraçando-iriamos te buscar no aeroporto.

-Podemos comer agora? Eu odiei a comida que me deram no voo.

-Seu pai fez o seu favorito-disse minha mãe andando em direção a cozinha.

-Desse jeito eu fico mal acostumada.

Jantamos e conversamos sobre algumas novidades, fofocas de familia e até falei sobre o encontro acidental com meu ex, mas acabei subindo e indo tomar um banho afinal estava cansada demais.
Assim que entrei em meu antigo quarto fiquei um pouco nostálgica, lembrei nas festas de pijamas com minhas amigas e os filmes que assistimos, tudo continuava lá exatamente como deixei, caminhei até a a mesinha ao lado da cama e encarei o porta retrato. Uma foto com Rafael em um dos nossos últimos encontros, sacudi cabeça enquanto abaixava o porta retrato eu não podia deixar isso me abalar, deitei na cama encarando o teto e pensando em várias coisas sem perceber acabei adormecendo.

[...]

Meus pais pareciam bem animados no andar debaixo já que conseguiram me acordar com a gritaria, estiquei meu braço para conseguir alcançar meu celular, 7:52. Eu espero que eles tenham uma boa razão para essa barulheira toda essas horas da manhã de um sábado, devolvi meu celular para mesa e enfiei meu rosto no travesseiro frustrada por ter sido acordada tão cedo, permaneci assim por uns quinze minutos até alguém entrar correndo no meu quarto.

-É muita ligação mesmo estarmos aqui na mesma época do ano sem termos combinado não é mesmo?- Miguel se jogou em cima do meu corpo parcialmente morto de cansaço.

-Saí Miguel- tentei o empurrar.

-Não te vejo tem muito tempo e a primeira coisa que você me diz é pra sair? Assim você me magoa.

-Não me leve a mal, eu te adoro mas estou mortAAA- meu primo havia arrancado meu cobertor e jogado no chão- sério qual seu problema?

-O meu nenhum, já o seu é falta de luz do dia- caminhou até as cortinas e as abriu- o dia está lindo lá fora vamos aproveitar.

-Eu te odeio.

-Eu sei, inclusive vai me odiar mais se eu comer todas as panquecas que sua...- ele pega o porta retrato e fica em silêncio assim que encara a fotografia- eu não acredito que você guarda fotos desse babaca Maria Luiza.

-Eu não guardo- me levantei e puxei de suas mãos a foto- eu deixei aqui antes de ir embora não sabia que continuava aqui- fui até meu guarda roupa e guardei em uma caixa com coisas antigas- e se eu guardasse não seria da sua conta.

-Ele é um babaca e se você guardasse fotos dele eu juro que acabava com o estoque de panquecas bem na sua frente.

-Nossa, como você é um cara malvado- coloque a mão em meu peito fingindo estar sentida- vamos logo eu to morta de fome.

Descemos em direção a cozinha onde meus pais tomavam café e conversavam sobre algumas notícias do jornal.

- Bom dia querida- diz meu pai sem tirar o olho da folha em sua frente- o que vocês vão fazer hoje ?

- Eu pensei em ficar em casa fazendo nada mesmo- me sentei ao seu lado- não pensei em nada interessante.

- Sério? Vamos pelo menos almoçar em algum lugar diferente ou dar uma volta- meu primo tentava me convencer.

- Eu acho uma ótima ideia filha, vai ser bom se distrair um pouco- pronunciou minha mãe se levantando- preciso ir para o trabalho, até mais meus amores.

- Eu vou com você querida, tchau crianças - levantou com pressa enquanto tomava o último gole de café.

[...]

- Então primo - chamo sua atenção- faz tempo né?

- O que ? - tomou um pouco do suco- que a gente não se fala ?

Concordei com a cabeça esperando que ele me contasse mais sobre a sua vida, já que passei a última meia hora contando cada detalhe sobre a minha.

- Meu deus - disse um pouco mais alto- desembucha logo sobre o que você fez nesses anos e por favor para de ser tão lerdo.

- Nossa quanto estresse, eu só disse porque achei que você não ia querer saber.

- É claro que eu quero seu besta- joguei um guardanapo nele enquanto ríamos.

- Ok, mas não é tão interessante assim como um ex namorado superstar.

Miguel

Apressei meus passos até a sala do diretor da empresa, já estava atrasado para chegar ao aeroporto e só sabe Deus se vou conseguir pegar o avião mas no meio dessa confusão toda de festa de reencontro ou seja lá o que Eduardo me disse, eu talvez tenha esquecido de avisar meu chefe que iria passar um tempo no Brasil.

- Bom dia - digo entrando na sua sala- oi pai.

- Miguel você sabe que horas são? você deveria ter chegado aqui três horas atrás- o engravatado levanta de sua cadeira- tive que mandar alguém no seu lugar na reunião de hoje, espero que isso não se repita meu filho.

- Engraçado você falar isso, eu espero que a pessoa que foi no meu lugar possa ficar nele por um mês.

- O que você quer dizer com isso Miguel?

- Ok, eu vou ser direto e rápido que já estou atrasado, duas semanas atrás um professor meu do Brasil me mandou um e-mail sobre um reencontro de ex alunos e eu fiquei tão animado que topei, comecei a arrumar minhas malas, comprei passagem e já liguei para o tio Marcos e por ele tudo bem eu ficar lá...

- Pelo amor de deus né Miguel, você tinha que ter lembrado e me avisado foi um sufoco hoje mais cedo sem você.

- Eu sei pai, me desculpe eu prometo que depois que eu voltar de viagem isso não vai mais acontecer- ele veio até mim com uma pasta em mãos.

- Ótimo, mas agora vamos indo que temos outra reunião em 10 minutos- checou o relógio no pulso- e que roupa é essa ?

- Então...- olhei meu moletom cinza.

- Meu voo sai daqui uma hora e eu só vim aqui te avisar mesmo- pude ver a raiva que meu pai ficou- perdão pai eu juro que dou um jeito, sei lá faço as reuniões por vídeo não sei mas eu preciso ir- dei um abraço rápido e sai correndo- diz pra mamãe que eu mandei um beijo.

*HIATUS * Inimigos Declarados 2 - Um RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora