— Eu vou ser mãe!
A voz de JinSoul me assustou e eu virei-me para trás de olhos arregalados. Minha mente pensou em mil coisas diferentes e estava pronta para entrar em surto, mas assimilei o sentido de sua frase assim que notei a pequena cabeça do animal saindo da proteção da manta azul claro que a loira segurava com tanto cuidado.
Estávamos no Aquário de Loonaville há quase uma hora e faziam vinte minutos que ela tinha ido buscar nossas roupas de mergulho, visto que hoje era o dia de limpar o aquário dos tubarões, e eu começara a pensar que lhe tinh acontecido algo quando sua voz vibrou com o eco do vestiário.
— O que é isso? — Perguntei.
Ela, com um enorme sorriso e a empolgação de uma criança, aproximou-se de mim, desenrolando o filhote para exibir seu pelo escuro e os olhos amarelos.
— Eu o achei lá fora, nos fundos. Não é uma graça?!
Era uma graça, sim; um bichinho fofo. Mas eu nunca fui uma grande fã de gatos, embora a visão de minha namorada segurando um me fosse agradável.
— E você vai ficar com ele?
— É claro que sim, Lippie, o que mais eu faria?
Em resposta, aproximei-me do animal para acariciá-lo, mas a coisinha mordeu meus dedos e arranhou tão forte a minha mão que a pele avermelhou-se de imediato.
— Argh! Que droga, JinSoul, seu maldito gato me odeia!
— Não o chame assim, ele é uma fofura, — ela repreendeu, fazendo beicinho e acarinhando seu pescoço.
— Ele é mortal, isso sim.
— Você é que não sabe lidar com nada que é delicado. Não culpe o pobre bicho.
A frase cortou-me imediatamente porque eu não estava à sua espera. Ela soou maldosa, e o fato me fez parar o que estava fazendo para olhá-la à espera de sua desculpa. Jung JinSol não costumava dizer coisas maldosas, principalmente para mim, nem mesmo quando eu merecia. Mas a desculpa não veio.
— O que quer dizer com isso? — Perguntei, em desafio. Talvez não o devesse ter feito.
É como dizem: quando um não quer, dois não brigam. Entretanto, a minha natureza reativa não poderia ficar calada frente à provocações gratuitas, e Jinsoul já tinha passado o dia inteiro soltando pequenas provocações não para Chaewon ou Yerim, mas somente para mim, quando ontem mesmo tínhamos tido uma tarde incrível juntas.
Eu estava disposta a deixar passar, mas já tinha tido o suficiente do que quer que fosse aquilo.
— Acho que você sabe exatamente o que eu quis dizer, — foi a sua postura superior que acordou tudo de ruim em mim, o jeito como ela se posicionou como melhor do que eu naquela conversa. — Foi você mesma que me disse que tende a quebrar tudo o que toca, não foi? Não me admira que um simples gatinho dócil não tenha-
O barulho estridente da porta do meu cacife fechando-se interrompeu sua fala e seus olhos finalmente deixaram o maldito pelo do gato para me olhar, eu já em estado completamente fulminante porque, céus, de onde é que estava vindo tanta droga? Ela não poderia estar sã.
— Eu não sei que merda é que deu na sua cabeça hoje, Jung JinSol, mas espero que você resolva o que quer que esteja acontecendo nesse seu interior vazio antes de falar comigo de novo.
Deixei-a sozinha dentro do vestiário, tão confusa com a situação quanto Yeojin estudando História, e direcionei-me para o aquário número sete porque, chateada ou não, ainda tinha coisas para fazer, e distrair a minha cabeça ajudaria; não ajudou, porém, principalmente porque JinSoul não apareceu e eu tive de fazer tudo sozinha, minha cabeça volta e meia trazendo o assunto de volta ao meu subconsciente.
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H(L)ove
FanfictionPara Jungeun, morar em Loonaville, uma cidade da Califórnia tão pequena e insignificante que mal era representada nos mapas, já era ruim o suficiente, ainda mais por ser órfã e ter que lidar com o sistema público de tão perto. Porém, após um acident...