H(L)ove

Inverno; Jungeun e o pedido

Eu me encontrava entre o desespero de finalizar a tarefa passada pelo professor de Física e manter tanto uma caligrafia boa quanto a memória das fórmulas vívida em minha mente. Essa é a última aula antes do intervalo e o professor, que já não é um dos meus preferidos, definitivamente, não chega nem a ser sequer um a quem eu consigo suportar.

Que sentido tem passar uma lista de exercícios valendo um terço da nota vinte minutos antes da aula terminar? Ele é um louco! Qualquer pessoa tinha apenas de chegar perto de mim para sentir minha irritação, o clima tenso e irado que me rodeava; sei que a força exagerada com que pressionava minha mão ao redor da caneta e o objeto na folha de papel tornava-os notórios.

Bem, associação de resistores também não é o meu assunto mais querido, tão é pouco potência e dissipação de energia.

Morrendo de pressa, entreguei a tarefa segundos antes de o homem de meia idade se levantar, empurrando a barriga rígida para a frente e exibindo sua usual feição carrancuda de poucos amigos. Ele ignorou os pedidos desesperados dos demais alunos para que aceitasse suas tarefas e se retirou da sala no segundo em que ouviu o sinal tocar.

Por uma diferença de segundos, não me juntei a Kang Seulgi, que chorava por ter perdido tantos pontos ao demorar para concluir os cálculos.

Suspirando, entendi a injustiça que era e recolhi a mochila vermelha que ganhei na semana anterior de Chaewon, como um presente para celebrar o início de nossa amizade, apesar de eu não a considerar realmente uma amiga, ainda.

Fazem três semanas desde a maldita festa do pijama e dividir a mesa durante todos os intervalos com JinSoul e suas amigas estava se tornando um hábito suportável e impossível de evitar, visto que elas sempre nos enchiam de tanta comida que, há alguns dias, passamos a guardar certa quantidade e levar para Yeojin, que olhava tão boba para as barras de chocolate e os hambúrgueres quanto eu na primeira vez em que as recebi.

Não tenho notícias de Haseul desde o dia em que lhe entreguei os tais peixes solúveis que roubei do escritório da prefeita Ha, tão pouco a procurei, à pedido de Yerim. Yerim até mesmo teimou para ir ao apartamento da Jo com comigo para levar a encomenda, mas eu me recusei a envolvê-la mais do que o necessário e declinei, terminando por pegá-la me seguindo antes de entrar no apartamento, como a teimosa que ela é, e a forçei a esperar do lado de fora do edifício.

Choerry deixara claro para mim que, o que quer que houvesse para fazer, iríamos fazer juntas e, por mais que o meu medo de ela se machucar me assuste, a ideia de ter uma família próxima assim não é ruim.

— Lippie! — Parei ao ouvir o apelido vergonhoso chamar e respirei fundo para não enfiar o longo cabelo loiro de JinSoul em sua própria boca. — Fui até sua sala, mas você já tinha saído.

Mesmo pertencendo à mesma classe, Jung JinSol e eu não compartilhamos todas as classes, Física é uma delas.

— Acontece, — a loira corou com a minha falta de emoção, mas o que é que eu podia fazer? Acontece! Tenho para mim que não viria a entender aquela garota nem se ela pusesse em minha frente um manual sobre si mesma. — Eu já disse para parar com esse nome idiota.

— É um apelido carinhoso! — Ela teimou. — E é fofo.

— Eu não ligo se é fofo ou não, — revirei os olhos e a observei cruzar os braços, claramente chateada, pressionando os lábios um no outro. — Onde estão as meninas? Achei que elas tivessem aula com você.

— Elas tiveram, estão nos esperando lá fora, — esperei para que ela fizesse mais alguma observação, mas JinSoul nada disse, então ergui as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa. — Primeiro, peça desculpas!