Verão; Jungeun e a chefe da máfia

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A visão que eu tinha era de lâmpadas fortes e amareladas, afastadas umas da outras, enroladas pelos fios em hastes de metal num teto distante, enquanto meu abdômen doía e meus músculos traseiros tentavam se recompor da queda que havia tomado.

Estávamos no The Roller's Club, só JinSoul e eu — e um monte de estranhos, é claro —, para prestigiarmos pela primeira vez o mais novo comércio do centro de Loonaville, um salão de patinação que havia inaugurado semana passada, com área de alimentação e uma pista larga e vasta, circular.

Para não mentir, ela é que me havia feito vir, quando eu disse mil vezes que não sabia andar com nenhum tipo de patins, principalmente esses vermelhos de duas fileiras de rodas que ela havia alugado para mim na loja, e que preferia fazer alguma outra coisa mais confortável, como ficar em sua casa e assistir a um filme, quieta em sua cama.

Mas não, é claro que ela não deixaria, não quando esse era o primeiro tempo livre que estávamos podendo dedicar só a nós duas em um mês. E, por isso, eu estava no chão, jogada contra a pista escorregadia de madeira, certa sobre desistir de tentar andar nessa coisa com rodas depois de ter sofrido uma das piores e mais humilhantes quedas da minha vida.

O elefante de plástico, destinado para as crianças que ainda não sabiam patinar, e que me entregaram para praticar, estava jogado pouco atrás de mim, como o símbolo da minha desistência.

Não, não. Patins não era para mim!

— Lippie, vem! Levanta! — JinSoul se aproximou, deslizando graciosamente em seu patins azul brilhante, oferecendo-me as mãos para levantar, mas só pude suspirar dramaticamente e recusar.

— Não, valeu. Acho que 'tô mais segura aqui embaixo.

— Lippie!

— JinSoul, eu sou horrível nisso!

— Eu posso te ajudar! — Insistiu, o beicinho tomando conta de seus lábios enfeitados pelo gloss. — Vem, tenta só mais uma vez.

Sua carinha pedinte me fez grunhir porque eu não poderia resistir ao seu drama manhoso, mas ignorei seus braços estendidos para me arrastar até o corrimão da parede e me pôr para cima.

— As coisas que eu faço por você, — reclamei, agarrando sua cintura para não voltar a me desequilibrar.

— Tudo bem, agora eu preciso que você não faça pressão sobre os seus pés, — suas mãos tocaram as minhas, entrelaçando-as afim de tentar me guiar.

Arregalei os olhos. — Como é que eu vou andar sem fazer pressão nos pés, JinSoul?!

— É só não pressionar muito. Você precisa se deixar levar com leveza, deixar o patins ir com o seu corpo e não o contrário.

Tentei seguir suas instruções, mas não deu certo! Eu dei um passo e as rodinhas quase me fizeram abrir a perna inteira ali, e quando tentei voltar atrás, continuei indo para frente!

— Argh! É difícil!

— Você consegue, Lippie! Você tem que deslizar e não andar.

Frustrada, eu estava frustrada. Via as pessoas ao nosso redor impulsionando os pés como se fossem dar um passo, até mesmo crianças, mas ela estava dizendo o contrário! Por que é que aquilo só estava dando errado para mim?! Tudo bem que o meu equilíbrio é duvidável, que JinSoul e suas tantas aulas de balé quando mais nova lhe davam uma vantagem enorme, mas aquilo já era demais!

Intensifiquei o aperto em seus pulsos e tentei de novo. Deslizei por meio minuto antes da velocidade, que não era muita, diminuir e meus joelhos começarem a tremer. Tentei dar outro passo, mas, adivinhe só, não consegui. Quando tirei o pé direito do chão, o esquerdo escorregou e bateu no patins de JinSoul ao tempo em que, desesperada, puxei suas mãos para mim para tentar me manter de pé.

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