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Victor on

Não dormi direto, eu fiquei vigiando  minha irmã, sei lá o que pode acontecer. Mas é tão estranho estar deitado em um colchão macio, de banho tomado , roupas limpas e barriga cheia .

Troquei algumas palavras com o Arthur ontem, ele disse que o emprego é praticamente meu .

Eu espero que sim, não posso ficar aqui sem ajudar. Me sentiria mal .

Esperei ansioso para Babi chegar do colégio .

Almoçamos no restaurante da tia Rita e Babi me levou até o lava carros do tal Lobão .

Tinha uns outros três caras da minha idade lá, segui a Babi até ela parar na frete de um cara alto, com uma barba preta, cabelo raspado e corpo todo tatuado.

Porra ele da muito medo .

Ele abriu um sorrisão pra pirralha, mas logo fechou a cara quando viu os outros caras olhando.

L: não tô pagando ninguém pra ficar me olhado não .
B: padrinho esse é o Victor- apontou pra mim-  quer trabalhar pra você
L: o garoto que agora mora com vocês ?- ele me olhou estranho e ela assentiu ele  vem até mim- você sabe que os carros são de traficante né ?- assenti - todo o cuidado possível, não  mexe no que não te pertence- assenti - 1 semana de experiência- assenti
L: caralho Babi, você não disse que ele era mudo - a meio metro rio de mim
V: não sou mudou senhor- ela se aproximou
B: ele falaria mais se você não parecesse um cachorro pronto pra atacar
L: me respeita seu projeto de gente. E você começa amanhã.

Estamos voltando pro restaurante quando uma garota morena me para .

X: oi- ela abre um sorriso- soube que você é novo aqui sou a Fernanda geral me chama de Nanda - estica a mão pra mim .
V: sou o Victor - aperto a mão dela
F: não te vi aí babizinha - Babi mostrou o dedo e desceu o morro, acelerei os passos e fui atrás dela.

Ela vira pra mim respirando fundo .

B: não quero parecer chata, quero que você se sinta em casa e faça amigos pra levar pra lá .-ela respira fundo - mas quando for comer ela, por favor lá em casa não - faz cara de nojo e entra no restaurante .

Comer ? Pera sexo ? Meu Deus eu não vou fazer isso .

Nunca nem beijei alguém .

Fui morar na rua quando tinha treze anos , nem todas as garotas sonham em beijar um morador de rua.

3 semanas depois.

Tia Rita é incrível, trata minha irmã e eu super bem .
Minha irmã está feliz começou a ir para escola com a Babi, ficam grudadas o tempo todo .
Arthur de perto é meio mongol mas é legal .
Babi é.. sei lá cada dia da semana ela encarna uma nova personalidade, mas é tolerável .

E garças a Deus, consegui passar pelo período de experiência com o Lobão .

Chego um casa

Casa. É estranho falar isso .

A única pessoa presente é a meio metro .

B: oi - ela murmura
V: oi - ela tá jogada no sofá procurando um filme
B: tem bolo no microondas- vou até ele e pego um pedaço
V: cadê a Carol ?
B: tá no restaurante com meu irmão .- sentei no sofá o mais distante possível dela.- eu não mordo - ela sorri, ela tinha uma marquinha branca na boca, no lábio superior
V: é uma marca de nascença?- ela me olhou confusa- na sua boca
B: ah, sim. Meu pai também tem .
V: ouvi você comentar com a minha irmã que quer ser médica que nem ele .
B: é o meu maior sonho, e depois de formada quero trabalhar aqui
V: aqui ? Com tanto hospital no asfalto - ela sorri
B: muitos médicos cuidando da burguesia, mas nenhum quer vir cuidar dos favelados .- ela deu um sorriso triste - e você algum plano pro futuro ?
V: gostaria de ser dono daqui
B: você quer comprar a casa da minha mãe ?-ela fez careta
V: não, quero dizer ser que nem o Lobão
B; por que ?
V: ele tem o que quero, dinheiro e respeito .
B: não apoio sua ideia de futuro mas se é que você quer boa sorte

Acabei assistindo um filme com ela

V: isso foi horrível
B: é foi - estávamos bem mais perto por conta do balde de pipoca que dividimos
V: fico feliz por sua escolha ter sido péssima - ela gargalhou e tacou almofada em mim .

Estávamos perto demais um frio percorreu a minha espinha, eu podia sentir sua respiração no meu rosto, encarei seus lábios .

Eu não posso fazer isso, provavelmente ela vai rir de mim por não saber beijar e a tia Rita vai me expulsar por seu um tarado .

Engoli em seco quando fui olhar pros seus olhos mas percebi que ela encava minha boca .

Pouquíssimos centímetros separavam a gente .

Eu ia beijar ela, parecia que tinha um imã ali me atraindo, me inclinei e então a porta de entrada foi aberta me fazendo levantar rápido do sofá .

R: oi crianças - será que ela viu? Medo me corroeu .

De volta ao Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora