TRINTA E SEIS - Encurrala-me

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– O que fazemos agora?

Sanders perguntou com suor descendo pela lateral do rosto, com os olhos vermelhos e o coração ainda quase saltando pela boca, olhando para Skye atrás de alguma direção.

– Nós esvaziamos a casa como eles pediram, checamos se a Reagan está bem e esperamos. Está quase amanhecendo de qualquer maneira, o pessoal já deve estar indo embora. Uma parte já tinha começado a ir antes do Ambrose me trazer.

Skye respondeu se apoiando numa bancada móvel de metal, onde ele guardava as ferramentas que usava para consertar o jipe sempre que precisava. Lembrando dos dias calmos que ficou com seu pai logo que sua mãe tinha os abandonado. Ele não falava com ela a muito tempo. Talvez uns três ou quatro meses. A cada vez ela demorava mais para entrar em contato e menos eles falavam por telefone. Honestamente Skye se importava cada vez menos também, talvez fosse melhor assim.

– Como você está tão calmo, eles estão indo enfrentar aquela coisa, que se passou pela nossa professora de biologia e um exército de adolescentes controlados por ela, e Bobbi, talvez...

Completou ainda sem entender o papel de Bobbi nisso tudo, depois de Hector informá-los com mais pedaços de informações que ele tinha conseguido lembrar com ajuda da telepatia de Ambrose. Eles queriam ir com o máximo de informação a seu favor.

Skye não respondeu, só continuou parado olhando para as ferramentas processando tudo que tinha acontecido com eles em todo esse período.

– SKYE!

Sanders exclamou nervoso.

– Eu não estou Sanders – respondeu irritado – Mas o que podemos fazer? Eu tenho uma faca e uma balestra enfeitiçada, mas não chego perto da agilidade deles. E você, nem isso. E nem sabemos se você aguentaria segurar uma arma imbuída com fogo celestial. Então a única coisa que podemos fazer e mandar todas essas pessoas para casa, arrumar a mansão. E esperar que nossos amigos voltem todos vivos, porque nós seriamos somente uma distração. Essa é a realidade quando você está no meio de um mundo cheio de magia enquanto você não tem nenhum pouco correndo pelo seu corpo.

Respondeu olhando fixamente para ele. Sanders queria ajudar, Skye sabia disso, porque já tinha estado naquela posição, mas hoje ele tinha entendido que não adiantava gritar e espernear contra a maré, pois atualmente eles não eram capazes de fazer mais nada.

– Tá bom. Vou subir na frente.

Completou percebendo que para Skyler deveria ser ainda pior, pois ele estava a nessa a mais tempo que ele.

–––

Kia tinha se acostumado a observar os dois céus sobre Paradise Hollow. Um opaco que ele conhecia a vida toda, e um outro translucido, cheio de constelações diferentes e orientações de astros celestes totalmente novos. E em cada uma das cidades a visão era outra.

Em East Paradise, era como olhar para uma aurora boreal sem fim, tanto de dia quanto a noite, cheia de cores intensas e vivas de todo espectro do arco-íris. O cosmo era algo longínquo, vasto e cheio de poder. Havia chuvas de meteoros e uma estranha velocidade em como tudo ocorria. Mas em Devil's Backbone era algo completamente oposto. O céu noturno trocava o azul escuro e enegrecido, por um vermelho mórbido, com raros tons de azul e roxo. Com o céu diurno manchado de preto com um sol de luz extremamente branca. Que ia de encontro as logicas explicáveis por causa da dispersão dos raios solares ao adentrarem a atmosfera do reino terrestre.

O contraste que ele encontrava entre o céu noturno e o amanhecer era como prelúdio clássico de uma batalha a frente.

O terreno era gigantesco. O armazém abandonado e destruído ocupava um quarteirão inteiro. Pelo que Pandora tinha descoberto usando um feitiço de localização, não havia ninguém por perto por quilômetros, e pelo que Zedd sabia isso devia a instabilidade do terreno. Eles estavam sozinhos como naquela vez no campo de lacrosse. A diferença é que dessa vez eles não tinham uma tempestade para camuflar a luta que iriam travar.

Véu dos Mundos, vol. II - Chamas InfernaisOnde histórias criam vida. Descubra agora