TRINTA E SETE - Despedaça-me

298 45 38
                                    


Kia mal conseguia se manter de pé, estava de joelhos, se apoiando somente em sua katana, tentando fazer sentindo ao que via e ao que acontecia com ele.

Lilith não parecia preocupada, pelo contrário, assistia pacientemente cada segundo, ao mesmo tempo que Kia sentia suas forças rapidamente se esvaindo sobre aquele selo que tinha surgido sob seus pés. Ele não sabia dizer para onde a energia ia, muito menos como se libertar do selo.

Ao lado de Lilith estava a criatura, ele não tinha ideia de uma forma melhor de descrevê-la.

Meio homem. Meio touro. Uma mistura hibrida e albina de uma aberração transformada a partir do desejo e conhecimento de Lilith e todo seu poder de manipulação genética. Algo que até aquele momento nunca visto por nenhum outro ser a não ser ela mesmo. Mostrando que Lilith não era só capaz de transformar seres humanos deliberadamente, mas também de decidir o que seria o resultado final daquela transformação. E nesse caso, até mesmo criar uma nova.

A alusão a Samael era óbvia. Sua forma demoníaca era muito similar, porém, muito mais assustadora. O Minotauro albino era somente uma vaga homenagem.

Mas não só isso, havia algo por debaixo da forma corpulenta e dos longos chifres metálicos. A mente era raiva e caos, mas Kia conseguia reconhecer. Do mais primitivo instinto que tinha sobrado.

– O que você fez com ele?

Perguntou, não importasse o que Bobbi tivesse feito até então sobre o controle de Lilith, ele não merecia aquele destino.

– Simplesmente o que ele me pediu, dezenas de vez. Que o tornasse mais forte. Que o fizesse melhor. Como eu fiz aos outros. Não me lembro de vê-lo reclamar do que aconteceu ao Hector.

– Você não é uma deusa, não tem esse direito. Você é distorcida.

– Não, Kia. Eu sou uma mãe e uma criadora de vida. E como uma mãe, e nesse caso, também, uma esposa. Eu faço o que tem que ser feito em prol daqueles que eu amo. Do meu próprio jeito, é claro.

Respondeu levantando sua mão direita para perto do seu rosto, mostrando o fogo celestial percorrendo sua pele sem causar nenhum ferimento, ela não estava sendo atacada. Ela estava causando aquilo e agora Kia sabia para onde seu poder estava indo.

– Você está observando meus poderes. Por que e como?

– Meus homúnculos são perfeitos, capazes de lidar com forças que você nem entende. Força celestial é somente uma delas. E nesse caso, seus poderes são a chave que eu preciso. O poder derivado dos mesmo que criaram o objeto. Em seu caso, muito mais que isso. Mas você não está pronto para descobrir toda verdade ainda.

– Liberte-o.

Exclamou tentando levantar, conseguindo somente colocar um pé no chão, com o outro joelho ainda servindo de apoio junto a katana. Ele tinha ainda menos força física agora.

– Porque lutar tanto pelos humanos, eles não merecem um mundo tão grande e vasto. E sejamos honestos eu seria uma deusa melhor do que aqueles que vocês criaram. Mas eu não preciso disso. Eu já estou muito perto de ter o que quero. Que os generais lutem pelo domínio desse lugar, esse trabalho é para Samael, não para mim. Eu só quero um lugar aonde eu possa ter os meus filhos. E eu vou dizer para você mais uma vez. Seja meu, ou você será de mais ninguém.

Respondeu se afastando para encostar no gigantesco sarcófago.

Ouro celestial não sofria com o tempo, mudanças de temperatura ou qualquer força natural comum. Era um material quase indestrutível, imbuído com puro poder. Para aqueles que não partilhassem da mesma fonte de energia, tocá-lo era como mergulhar sua mão em ácido.

Véu dos Mundos, vol. II - Chamas InfernaisOnde histórias criam vida. Descubra agora