A Mensagem na Parede

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A data mais comemorada no mundo bruxo havia chegado. O Halloween trazia mesas fartas, decoração em cores quentes e as abóboras gigantes de Hagrid espalhadas pelo ambiente, fazendo várias caretas. Sacolas de doces eram carregadas pelos alunos, que estavam animados demais com toda a festividade.

Era só pensar em tudo isso pra John se arrepender pela enésima vez de ter aceitado ir ao aniversário de morte de Nick-Quase-Sem-Cabeça. A celebração nas masmorras era totalmente contrária ao ar animado e festivo do salão principal. Ali só tinha uma música fúnebre e desafinada, uma mesa cheia de comida podre e uma decoração mais lamentável que um soneto cantado pelo Filch. Fora os numerosos seres esbranquiçados e transparentes que faziam o ambiente ficar cada vez mais frio.

Mas Sherlock parecia maravilhado:

— É a primeira vez que vejo o aniversário de morte de alguém...

— Sherlock, eu preciso comer alguma coisa ou vou morrer e me juntar a esses fantasmas.

— Shhh! — Fechou os olhos e colocou as mãos nas têmporas — Preciso colocar essa experiência no meu palácio mental.

— Oh, Deus...

John se encostou na mesa e se limitou a observar e lamentar a própria situação. De todos os alunos de Hogwarts, por que ele foi se interessar justamente pelo mais estranho?

Haviam caras conhecidas ali. Frei Gorducho, o fantasma da Lufa Lufa, a Dama Cinzenta, o fantasma da Corvinal, e um ser que já fora um homem nobre, mas que agora pairava pela escola com cara de poucos amigos e coberto de um líquido prateado. Barão Sangrento, o fantasma da Sonserina.

Das caras novas, a que mais chamou a atenção de John era a de uma garota encolhida numa mesa distante. Não era atraente. Nem um pouco. Tinha cabelos pretos, presos em maria-chiquinha, óculos fundo de garrafa e uma cara de quem lamenta por saber que jamais seria escolhida para ser a rainha do baile.

— AHÁ! ESTÁ OLHANDO A MURTA! – A voz estrondosa e agoniante de Pirraça, o poltergeist, fez John dar um pulo para trás e Sherlock sair de seu palácio mental.

A tal Murta gritou feito um agouro ao ouvir o próprio nome:

— POR QUE ESTÁ OLHANDO PRA MIM? VOCÊ ME ACHA FEIA? ACHA?

— Heim? Não! — John logo se desculpou ao ver a fantasma deslizar em sua direção — Não, não acho não!

— ACHA SIM! — Pirraça começou a gargalhar alto — MURTA FEIA! ESPINHENTA!

— PÁRA! — Murta começou a choramingar e saiu de lá rapidamente, esfregando os olhos e com Pirraça em seu encalço.

Os demais fantasmas não pareciam se incomodar com o alvoroço que Pirraça e Murta estavam fazendo. Talvez porque se sentiam bem em ambientes atormentados ou então simplesmente estavam acostumados com o drama de Murta e o aborrecimento gerado por Pirraça.

O estômago de John roncou e o rapaz abraçou a própria barriga:

— Eu espero que ainda tenha sobrado um pouco do jantar...

— Jovem Watson! Jovem Holmes! — A voz pomposa de Nick-Quase-Sem-Cabeça surpreendeu os meninos.

Nick estava acompanhado de um fantasma sem cabeça e com vestes de cavalaria.

— Ah, aqui estão! Os garotos que solucionaram o roubo da pedra filosofal e impediram aquele-que-não-se-deve-nomear de levá-la. Meninos, este é Sir Patrício Delaney-Podmore.

— Ola, vivos! Enfim um monte de ossos que vale a pena dar alguma atenção nessa escola. Claro, tirando o próprio Dumbledore. — Ponderou o fantasma arrogantemente.

Potterlock - A Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora