A Câmara Secreta

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Foi o pior dia da vida de Sherlock desde que entrara na escola.

Alguns alunos insistiam em dizer que ele sacrificou o próprio amigo numa crise de tédio, mas a grande maioria desistiu de acusá-lo de ser o sucessor de Slyterin. Alguns até se compadeceram de seu estado. Dois colegas da Corvinal, Percy Phelps e Soo Lin Yao, se ofereceram para fazer grupo com ele e Lestrade na aula de herbologia, mas nada disso importava. Era a imagem do rosto rígido e assustado do jovem Watson que lhe causava náuseas. Mesmo que ele estivesse petrificado, e não morto, Sherlock simplesmente não conseguia aceitar o incidente.

— Boas notícias, alunos. – Dizia a professora Sprout animada – As mandrágoras fizeram uma festa na estufa três. Assim que elas começarem a querer se mudar para o vaso uma das outras, estarão adultas e o antídoto poderá ser feito. Todos voltarão ao normal.

Os alunos em geral comemoraram. Falavam de Sarah, falavam de Janine, falavam de John, da Dama Cinzenta... Falavam até da Madame Nor-r-a.

— Preciso contar pra Molly. – Lestrade sorriu radiante para o seu grupo – Ela nem ficou para o resto das aulas depois que soube o que aconteceu com John.

Sherlock desviou rapidamente o olhar para o lufano.

— Ela deve ter ficado com medo. – Soo Lin Yao, uma menina asiática com longos cabelos negros e rosto de boneca, comentava – Afinal, é filha de trouxas, né?

— É, e ta sendo difícil acalmá-la. Desde que aquela mensagem apareceu na parede, ela anda muito tensa.

— Greg? – Sherlock se meteu na conversa.

— Hn?

— Por acaso o salão comunal da Lufa Lufa fica perto da cozinha?

— Como você sabe?

A mente de Sherlock eclodiu numa nova epifania em milésimos de segundos. "Se eu dissesse pra vocês quem está por trás da Câmara Secreta, vocês jamais acreditariam." A frase de Jim Moriarty funcionava como um gatilho. Dobby é o elfo de Moriarty e sabia sobre o monstro que atacava bruxos nascidos trouxas. Moriarty estava com Molly no final do primeiro ano, então...

— Hei, Sherlock! – Lestrade o chamou para a realidade – Ta viajando de novo?

— Ele deve estar pensando na Hooper. – Percy Phelps, um garoto muito alto, muito magro e muito acanhado, brincou.

– Então por que não chega nela? Ela vive olhando pra você, aposto que foi ela que mandou aquela canção no dia dos namorados.

O comentário de Lestrade fez as peças do quebra cabeças se encaixarem mais ainda. Moriarty mandou uma música trouxa para Sherlock no dia dos namorados. Molly é filha de trouxas e tinha sentimentos pelo corvino. Não foi um mera brincadeira do sonserino, foi uma pista. Pista de algo estava acontecendo com Molly.

Hagrid dissera que viu Molly espreitando as abóboras da horta. E se ela na verdade estava caçando os galos?

Molly era alguém que John não se importaria em seguir na espreita. E se foi ela que invocou o basilisco quando percebeu que estava sendo seguida? Mas ela é nascida trouxa e obviamente não tem qualquer ligação com Slyterin. Jamais teria como achar a Câmara Secreta, quanto mais abri-la.

A não ser que estivesse sendo controlada.

— Ar...!! — Sherlock abriu a boca e colocou as mãos na cabeça, engolindo muito ar. Foi tão repentino que seu grupo podia jurar que ele estava passando mal.

— Sherlock? – Lestrade o sacudiu pelo ombro esquerdo.

— Eu estava certo! Havia controle mental! Eu só errei a pessoa!

Potterlock - A Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora