𝓛𝓲𝓹𝓼𝓽𝓲𝓬𝓴 - Baji Keisuke

𝓟𝓻𝓸́𝓵𝓸𝓰𝓸

   Arremesso meus cadernos apressadamente dentro de minha mochila. Procurava desesperadamente por uma caneta. Além de já estar atrassada, não tive nem tempo de me arrumar, não que isso fosse um problema para mim. No meio da minha da bagunça, acho um lápis. Bem, vai ter que servir.

   Visto meu moleton, e o coloco meu all star levemente surrado. Jogo a mochila em minhas costas e com todo o meu ódio, sigo rumo a faculdade.

   O segundo ano mal tinha começado e já estava preste a perder a primeira aula do dia. Ótimo.

   Estava cruzando o pátio quando me deparo com uma cena um tanto inusitada. Um garoto, de cabelos pretos presso em um rabo de cavalo e óculos, segurava seus livros e levantava a perna em um movimento calmo, porém rapido, para tentar tirar da barra de sua calça um... Gato?

   —Por favor, vai embora! Não posso chegar atrassado!- O rapaz choraminga— Nunca mais para na rua pra te dar carinho.

   Em direção ao moreno, me aproximo, dando passos barulhentos no chão e o gatinho vai embora.

   —Ah, obrigada...- Ele fala estendo a mão— Meu nome é Keisuke Baji!

   —[Nome] Aitsu, você é calouro, não?- Pergunto apertando sua mão.

   —Como você percebeu?- Baji indaga um tanto surpreso.

   —Você 'tá arrumado no primeiro dia de aula e parece beeeem empolgado, só caloros ficam empolgados com o primeiro dia...- Falo e começo a andar e faço sinal para que ele me siga também.

   —Onde estamos indo?

   —Vamos ver a tabela dos horários- Digo quando chegamos no corredos que ficavam as tabelas e os avisos da faculdade—, qual teu curso?

   —Veterinária.- O moreno responde— E o seu?

   —Biologia. Sua primeira aula é de Anatomia dos Animais com o professor...- Aperto os olhos tentando ler o nome minúsculo escrito no final da linha— Togitsu-sensei, se quiser te levo na sala dele.

   —Seria de muita ajuda... Se você faz Biologia isso significa que a gente não vai se ver mais, [Nome]-san?

   —Acho que a gente não vai se ver muito mesmo, mas a gente tem uma matéria em comum, que é Genética, então se você tiver com dificuldade pode me ligar que te explico...- Concluo pegando meu celular e trocamos os nosso números.

   Conversamos sobre mais coisas banais, no caminho da primeira aula dele, dou algumas dicas para ele.

   —Sabe, o primeiro ano sempre é meio merda, a gente cria expectativa demais de que a faculdade e um lugar mágico e essas coisas, mas é só mais um lugar estressando que a gente tem que ir.

   —Nossa você ama a faculdade, não?- ele pergunta com um sorrissinho irônico nos lábios.

   —Eu só 'tô meio cansada... Ah, lembrei de uma coisa, tenta não ficar de DP!

   —DP? O que quê é isso?- Ele coça a nunca.

   —É, tipo, quando se reprova numa materia e você tem que fazer ela de novo no próximo semestre, é um pé no saco.

   —Entendi, vou me esforçar bastante pra não ficar de DP!!!- Ele diz sorridente.

   Não posso conter meu instinto e dou leves tapinhas na cabeça de Keisuke, ele me lembra uma criança. O mais alto fica levemente corado e desvia o olhar.

   —Pronto, aqui estamos! Sala do Togitsu-sensei...- Aponto para a  porta.

   —Hmm, foi bem rápido...- Após ele terminar de falar, me viro afim de ir embora— Ah, sabe...

   Dou meia volta e espero para escutar o que o garoto tem a dizer. Porém nada sai de sua boca. O encaro já perdendo minha paciência, entretanto seu olhar inquieto me faz pensar se ele só não está com vergonha de falar ou me contar.

   —O que quer que seja... Você pode me falar, você é um calouro, eu vou te ajudar...

   —É que não tem muito a ver com a faculdade...- Faço um sinal com a cabeça de "Continue"- V-você gostaria de sair comigo?

   A frase realmente me surpreende, e faço "o" com a boca. Admito que estou um pouco chocada. E nem sei o que responder.

   —Ahn... Olha Baji-san eu não sou o tipo de pessoa que sai com alguém que acabou de conhecer, então, sinto muito.

   Me viro e vou embora. Eu acabei de fazer a minha primeira rejeição. Sim, era a primeira vez que alguém me chamava para sair. E sim, eu nunca tive um encontro ou, muito menos namorei ninguém.

   Sinto o meu rosto queimar novamente com o pedido, mas agora não tem mais volta.

   E foi assim que o meu segundo ano começou.