𝓕𝓲𝓿𝓮

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   Observava, sentada no banco do pátio Baji e seus amigos atravessando o corredor do outro lado. Depois do ocorrido, ele vem me ignorando. Não o culpo, nem todo mundo sabe lidar com rejeições, nem mesmo eu sei.

   Estava sem nada para fazer, não teria aula naquele horário, porém ainda não podia ir embora pois teria uma palestra daqui a pouco.

   Me deitei no banco de madeira, tapando com meus braços o Sol que batia em meu rosto. Só quero dormir um pouco mais.

   —Ei, 'cê 'tá bem?- Escuto uma voz grossa.

   —Eai, Draken?- Digo tirando o braço de meu rosto e olhando com os olhos entreabertos para ele— 'Tô bem...

   —'Tá ocupada?- Ele pergunta, alisando minha perna com a mão.

   Dou um sorriso ladino.

   —Tenho uns trinta minutos...

   Andávamos com certa pressa para o prédio abandonado que ficava no final da faculdade. Os professores sempre diziam que ele estava em manutenção e que iria voltar a funcionar novamente, mas acabou que virou um deposito de tralhas e coisas velhas.

   Entramos na sala mais limpa que achamos no primeiro andar, algumas carteiras estava no fundo da sala e uma lousa quebrada se encontrava no chão.

   O loiro puxa uma mesa, se sentando na mesma.

   —Vem aqui...- O mesmo dá tapinhas em seu colo.

   Sem reclamar me sento. Passo meus dedos por  seus cabelos, indo em direção a sua trança, solto-a lenta e cuidadosamente.

   —Você fica bem mais bonito assim, sabe...- Dedilho meu indicador em seus lábios.

   —Ah, é?- Ele pega minha mão bruscamente e a lambe.

   Draken se inclina para beijar-me, mas, recuo devegar.

   —Por quê a pressa? Ainda temos tempo, posso te provocar um pouco...- Propus.

   —Me provocar? Certo, me mostre o que sabe fazer...

   Levanto sua camisa, admirando seus musculos e uma pequena cicatriz em sua barriga. A vontade de perguntar sobre a história da cicatriz era grande, porém não ousaria quebrar o clima.

   Dou um leve chupão seguido de uma mordida em seu peitoral. Olho para cima e vejo os olhos de Draken brilhando, esperando por mais.

   Passo minhas unhas em suas costas, o arranhando suavemente.

   —Hm...- Um suspiro baixo sai de seus lábios.

   —Toda essa pose de marrento é só uma faxada? Quem imaginaria que um cara como você é tão—

   Ele me interrompe. Me beijando ferozmente. Minhas pernas envoltam sua cintura e me prendo nele. Vez ou outra, ele dava mordidinhas em meu lábio inferior, me atiçando.

   Ele segura minha cintura com certa força. Começo a rebolar devagar. As coisas estavam esquentando, bem, perder uma aula ou outra de vez em quando não seria problema.

   —Draken, você 'tá aí?- Escutamos uma voz vinda do fim do corredor.

   Porra.

   —Puta merda, Draken, o quê a gente faz?- Pergunto desesperada, se fosse descoberta morreria de vergonha.

   —Merda...- Rapidamente ele tira sua camisa de botão preta e a coloca me cobrindo até a cabeça.

   —Ah, Draken finalmente te encontrei...- A voz familiar e a porta se abrindo ecoam pelo cômodo.

   —Que porra aconteceu? 'Tô ocupado, não 'tá vendo?- O loiro responde ríspido.

   —Emergência na Toman, vamo' embora logo! Ah! Moça, é melhor tomar cuidado, ein? Você não é a primeira que ele trás aqui...

   Chifuyu. Ele não pode me ver de jeito nenhum.

   —Vai indo logo! Já, já 'tô lá!- Draken fala e escuto os passos do garoto saindo— Espera uns cinco minutos pra sair, okay?

   —Okay...- Respondo, o mais alto me dá um selinho e saí.

   Fico na sala por mais um tempo, e depois saio. Termino minhas aulas e finalmente estou livre para ir para casa.

   Só percebo que ainda estava com a camisa de Draken quando já estou em outro quarteirão. Bem, vou devolver outro dia.

   Ao virar a esquina daquela rua que já estava acostumada a passar, me deparo com uma cena nada corriqueira.

   Um rapaz jogado no chão, enquanto... Baji o nocauteava com vários socos. Não parecia uma simples briga, parecia que tinha um motivo para tudo aquilo que estava acontecendo. Tinha que para-lo de alguma forma.

   —Baji, solta ele, porra!- Grito dando um chute em suas costas, o que o joga um pouco longe.

   —Que porra! [Nome]?! O quê 'cê 'tá fazendo aqui?- Ele questiona, mas não dou muita atenção à ele.

   —Ou, você! Vai logo antes que aquele cara volte a te bater!- Digo ao rapaz que acabara de ser espacando, e o mesmo, sai correndo com certa dificuldade.

   Finalmente volto minha atenção a Baji, que ainda me olhava atentamente no chão. O agarro pelo colarinho de sua camiseta, fitando o sangue em seu rosto e os cabelos que grudavam em sua testa suada.

   —Escuta aqui! Se eu te ver batendo em alguém daquele jeito, te quebro no cacete, entendeu?- Grito, meus olhos estavam vermelhos de raiva.

   —Você nem sabe que tipo de coisas aquele cara fez, ele mereceu apanhar daquele jeito!- Baji reclama.

   —Eu sei que você é uma boa pessoa, calouro! Deve, sim, ter tido um bom motivo para bater nele, mas eu me preocupo com você...- Solta sua gola— Pode me prometer que não vai mais fazer isso?

   —...- Longos segundos de silêncio, até que ele responda— Não posso prometer algo que não vou cumprir.

   —Ah- Suspiro—, tudo bem, isso é o certo a se fazer. Vem! Vou te levar pra casa pra você limpar esse sangue.

   Estendo minha mão, e ele a segura. Com certa força eu diria. Porém o calor de sua mão era muito reconfortante.

   Acho que nunca havia sentido um calor terno como aquele.

𝓛𝓲𝓹𝓼𝓽𝓲𝓬𝓴 - Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora