22- Eu não entendo

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      Olívia estava exausta. Adriana a tinha convencido a ir a uma festa, parecida com a que tinha ido com Eliel, na tentativa de se divertirem um pouco. Ela sabia que não iria se divertir, ainda mais em uma festa como aquela, que só tem graça com seu motorista. Não havia como não pensar no rapaz ao ver os canapés iguais aos que ele tinha devorado, e ao perceber o ar de superioridade das pessoas que ele tanto tinha debochado. Tentou se esforçar um pouco, tentou beber alguns drinks, mas tudo aquilo parecia tão patético que só queria ir para casa.

Assim que voltou para o casarão, deparou-se com Jorge, encarando-a, muito sério. Sem entender nada, ela seguiu em direção às escadas, mas parou ao ouvir a voz do marido.

"Olívia, você pode me acompanhar até o escritório, por favor?"

"Hoje não, estou cansada.", subiu uns degraus.

"É algo sério, não vai demorar nada.", ele insistiu.

Ela suspirou, sem ânimo.

"Está bem."

Ao entrar no escritório, o empresário abriu a porta para que a mulher entrasse e, cuidadosamente, certificou-se que não havia ninguém por perto.

"O que foi?", perguntou ela.

Ele se sentou na cadeira giratória e clicou em uma das imagens que havia separado.

"Você pode me explicar o que é isso?", virou a tela do computador.

Os olhos de Olívia se depararam com um vídeo dela com Eliel se beijando na garagem. Como sentia falta daqueles beijos, daqueles abraços... Jorge pôs outro vídeo. Dessa vez, o casal se beijava, apaixonadamente, na estufa. Eliel a puxava mais para perto enquanto ela se deixava envolver por aqueles braços fortes.

O marido esperou por uma resposta. Olívia não disse nada.

"Há quanto tempo isso acontece?", perguntou ele. "Responde!"

"Isso não importa, Jorge. Já acabou."

O lugar foi tomado pelo silêncio.

"Olívia, logo com esse motorista! Essa é sua maneira de me punir?", disparou ele, cerrando os punhos.

"Isso não teve nada a ver com você.", olhou-o de volta, com os olhos vermelhos, tentando controlar a emoção.

Jorge ficou calado por algund instantes, ainda surpreso com sua descoberta. Ela realmente gosta dele.

"Bom, fico aliviado que essa aventura já tenha acabado. A gente tem uma empresa que depende da nossa imagem..."

"Não se preocupe, sua empresa está a salvo. Eu não vou a lugar algum.", ela disse, olhando para cima, para que as lágrimas não escorressem pelo rosto triste. "Agora, se me der licença, vou dormir. Boa noite.", retirou-se, tendo mais duas imagens para dificultar a tentativa de não pensar em Eliel.

***

Eliel assistia a uma partida de futebol na casa de seu Dito, enquanto o padrinho preparava o jantar.

"Eliel, quando 'cê' vai lá na dona Olívia 'pra' resolver sua demissão hein?"

"Eu não sei, padrinho. Não tenho coragem 'pra' ir lá."

"Mas 'cê' precisa ir, precisa pegar seu pagamento, acertar as coisas. 'Num' pode simplesmente sumir assim, do nada."

"E como que eu vou olhar 'pra' ela? Como que eu vou falar com ela? Só de imaginar já fico agoniado", fez uma pausa." 'Tô' tentando esquecer ela, padrinho. Se eu ver Olívia agora vai estragar tudo."

Além de mim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora