Além de mim (COMPLETA)

21- Vamos ser honestos

       Olívia tomava café com a família. Laura falava animadamente sobre os preparativos para o casamento, o lugar em que moraria, quais seriam os próximos passos daqui para a frente. Lucas, por sua vez, parecia indiferente à animação da irmã.

"Vi a matéria que saiu sobre vocês dois. Ficou bem legal.", disse o rapaz.

"É verdade, vocês ficaram muito lindos na foto do beijo.", Laura completou.

"Ficamos mesmo.", comentou Jorge.

"É? Eu nem vi a matéria.", Olívia permanecia com a cabeça longe, pensando em Eliel. Espero que ele nunca veja isso.

Enquanto pensava no futuro de seu relacionamento com o motorista, sentiu seu celular apitar. Viu que havia uma mensagem do rapaz. Abriu-a.

Eliel 😊: Precisamos conversar. Estou esperando na estufa.

"Quem é, mãe?", perguntou a filha.

"A Adriana, mas não é nada sério. Bom, já acabei de comer e tenho que ir ver minhas plantas, até mais tarde.", levantou-se e deixou a casa.

Assim que viu o motorista na estufa, abriu um sorriso e entrou.

"Bom dia, querido.", foi até ele para beijá-lo, mas ele se afastou. "O que houve?"

Eliel respirou fundo. Estava com o coração despedaçado.

"Eu sempre achei que o problema era o medo. Apesar de todo mundo me alertando, tentando abrir meus olhos, eu achei que era apenas questão de tempo até você se sentir segura e..."

"Do que você está falando, Eliel?", Olívia tentava entender, já começando a sentir a cicatriz coçar.

"Eu, tonto, achei que um dia você iria me assumir 'pra' todo mundo. Olha que besta eu sou.", disse mais para si mesmo que para ela.. "Mas depois de ver isso, eu perdi toda a certeza que eu tinha.", mostrou o celular com a foto de Jorge beijando-a.

O medo de Olivia estava se tornando realidade. E ela não estava preparada para lidar com isso ainda.

"Eliel, essa foto... Eu não o beijei, eu juro. Ele me beijou sem eu permitir, você precisa acreditar em mim!", tentava explicar sabendo que era inexplicável.

"E as fotos de um dando a mão para o outro, os olhares, o sorriso? Ele te forçou também? E tudo o que você disse na matéria? Foi forçado também?"

"São os negócios, eu precisava participar dessa entrevista para aumentar a popularidade da empresa. Eu juro que fora disso ele sequer encostou em mim!", os olhos da mulher suplicavam para que ele a entendesse.

Eliel a encarou por alguns instantes.

"Posso te fazer uma pergunta, Olívia? Seja sincera."

"Claro, pode me perguntar o que quiser."

"Você em algum momento cogitou a possibilidade de me assumir 'pra' todo mundo? Você teria coragem?", ele perguntou com um medo tremendo de ouvir a resposta que sabia que ouviria.

No fim das contas, ela abaixou os olhos, cheios d'água.

"Que bom que tudo se esclareceu agora.", Eliel sentiu as pernas ficarem bambas. Virou-se para sair mas não queria realmente ir embora. A partir do momento em que cruzasse a porta da estufa, o que seria dele?

"Eu te amo, Eliel.", ela balbuciou sem levantar o rosto.

Ele então voltou e parou frente a mulher.

"Eu não posso mais. Não posso te ver fingindo estar com outro homem, abraçando ele, mostrando ele em público. E, na verdade, eu que sou o errado, eu que sou o outro, eu que estou sobrando."