4- Proposta ousada

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       A porta do quarto se fechou. As bocas se beijavam freneticamente, os dois cambaleavam agarrados até a cama. Era por volta das oito da noite. Eliel despia Cássia, uma moça que ele havia conhecido em uma festa e que lhe havia prometido um encontro. Aproveitou que sua patroa o havia liberado mais cedo e decidiu marcar com a jovem na casa dela.

Cássia tirou a camisa do rapaz e apalpou seus músculos, enquanto ele retribuía os toques, já sobre ela. No bolso de sua calça jeans, o celular começou a tocar, inquieto. Quem será? Eliel o ignorou, na esperança de que parasse de tocar. E parou. Porém, poucos minutos depois, tocou de novo. Um tanto estressado, estava prestes a desligar o aparelho, mas foi incentivado pela moça a simplesmente ignorá-lo de novo. O telefone parou de tocar novamente. Ao tirá-lo do bolso para colocá-lo na mesinha ao lado da cama, pressionou o botão de acender a tela e se deparou com duas chamadas perdidas de Olívia.

Seus olhos se arregalaram. O que será que aconteceu? Enquanto a jovem perguntava-lhe quem era, Eliel pressionava o botão "ligar de volta" de seu celular.

"Dona Olívia?"

"Oi Eliel, desculpe incomodar, você está ocupado, não está?", perguntou a patroa.

" 'Tô' não, dona, pode falar.", fez sinal para Cássia fazer silêncio assim que ela insistiu em perguntar quem era.

" Eu sei que te liberei cedo hoje, mas...", tinha algo diferente em sua voz. "Você poderia vir aqui? Fique tranquilo que te pagarei bem pelas horas extras, não se preocupe."

"Claro, dona Olívia, posso ir sim, já 'tô' indo para aí."

"Não precisa vir de uniforme. Me desculpe por ligar assim. Até mais."

Ao desligar o telefone, Eliel se apressou e pôs a camiseta, sob os protestos da moça.

"Desculpe viu, é do trabalho, não tem como negar.", deu um beijo nela e saiu apressado.

Enquanto dirigia pelas ruas de Nova Évora, perguntava-se por que Olívia o havia chamado. Deve ser algo sério.

Assim que chegou no enorme portão de grade, o segurança o abriu e o carro entrou na área que pertencia à família. Seu celular tocou mais uma vez. Ele apertou o botão verde e atendeu.

"Estou na estufa.", disse a patroa.

Ao se aproximar da estufa, encontrou a mulher sentada em um banquinho na entrada do lugar preferido dela. Olívia estava apoiando a cabeça nas mãos, fitando o chão. Assim que notou a presença de Eliel, secou algumas lágrimas disfarçadamente, levantou-se e foi em sua direção.

"Me desculpe por te chamar assim, eu..."

O rapaz notou que, em volta dos olhos, a maquiagem dela estava um pouco borrada. E ela parecia bem abalada.

"Que isso, dona, imagina. Eu não 'tava' fazendo nada, foi até bom a senhora me chamar.", tentou tranquilizá-la.

"Eu gostaria que você me levasse para algum lugar bem longe daqui.", pediu, quase inaudível.

" 'Pra' onde, dona?"

"Para qualquer lugar, desde que seja longe.", respondeu, em tom de súplica.

Eliel não sabia o que dizer. Tentava pensar em algum lugar, mas nenhum à altura da patroa lhe vinha à mente. Enquanto isso, Olívia esperava de braços cruzados, apertando-os contra o próprio corpo. Sentia-se envergonhada e vulnerável.

"Qualquer lugar, Eliel.", reforçou.

Uma ideia surgiu.

"A senhora gostaria de ir 'pra' festa da minha tia? Hoje é aniversário dela e vai ter um baita churrasco lá na quadra da rua.", sugeriu.

Além de mim (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora