Era uma manhã de sol de domingo, os pássaros cantavam não muito longe dali, alguns beija-flores bebiam da água com açúcar que Eliel havia deixado em um recipiente pendurado na janela. Já ele estava pensativo. Onde tudo isso vai dar? Perguntava-se, mas não tinha sequer ideia da resposta.
No dia anterior havia ido embora da residência de Olívia sem que ninguém notasse. Ele não fazia parte daquele mundo dos ricos. Ninguém o reconheceria como namorado de Olívia, a quem queria enganar? A fumaça saindo da xícara de café em sua mão, o olhar vazio, inúmeros pensamentos desagradáveis... Seu celular tocou. Era sua "namorada".
"Oi?", pôs o aparelho no ouvido.
"Oi, Eliel! Você foi embora sem dizer nada, está tudo bem?", disse ela, pressentindo que algo poderia estar errado.
" 'Tá' tudo bem sim, não avisei que ia embora porque vi que estava ocupada."
"Desculpa, eu não esperava pela festa. Estou livre hoje, se quiser me ver."
"Hoje eu não vou poder, estou um pouco ocupado.", mentiu.
"Ah... Tudo bem então, até amanhã."
"Até.", o motorista desligou.
Olívia ouviu o "piiiiiii" contínuo do outro lado da linha. Ele está chateado.
Os dois passaram o dia pensativos, inquietos. Olívia mal podia esperar para que a segunda-feira chegasse e ela pudesse conversar com o rapaz. Quando o dia seguinte chegou, a primeira coisa que fez foi mandar uma mensagem a Eliel, dizendo que estava esperando-o na estufa.
Enquanto o motorista não chegava, ela observava as flores que brotavam ali. As amarílis que o rapaz lhe havia dado se multiplicaram muito, assim como o sentimento da mulher por ele havia aumentado. Eliel tinha ganhado um grande espaço no coração ferido de Olívia, e as feridas estavam começando a secar, pouco a pouco.
"Cheguei.", disse o rapaz, enquanto a mulher estava distraída.
"Oi, querido.", foi até ele e o beijou, porém sentiu que o motorista não retribuía como geralmente fazia.
"O que houve?"
"Nada, só estou com uns pensamentos, nada demais.", sentia-se ridículo por estar mal pelo ocorrido no dia do aniversário de Olívia. Algo tão bobo!
"Que pensamentos? Me fala.", insistiu ela
"Nada, é bobeira, coisa da minha cabeça."
"Pois eu quero saber, me conte."
"É que...", estava envergonhado. "Na hora em que fizeram a festa surpresa 'pra' você, eu... Eu tive um choque de realidade, foi isso."
"Não entendo.", ela o fitava, prestando a atenção no que ele dizia.
"Eu achei que estava fazendo parte da sua vida, de verdade, mas ali eu vi que não estava.", parecia-lhe ainda mais patético ao dizer isso em voz alta.
"Claro que você faz parte da minha vida, Eliel!"
"Em partes, desde que seja em segredo.", rebateu o rapaz. "Em nenhum momento, depois que gritaram surpresa, eu pude participar da festa, pude te abraçar de novo e cantar parabéns. Tive que voltar ao lugar que me cabe, ao de funcionário.", fez uma breve pausa. "Eu não estou pedindo nada, entende? Eu só fiquei um pouco coisado, é algo meu, particular. Por isso não queria te contar."
Olívia o encarou em silêncio por alguns segundos. Ele ficou esperando-a dizer algo. Ela nada disse.
"É isso.", falou o motorista.
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Além de mim (COMPLETA)
RomansaEliel é um jovem motorista mulherengo e atrapalhado. Olívia é uma mulher rica marcada por traumas e que vive um casamento conturbado. Qual a chance de os dois se envolverem em uma romance proibido? Uma história divertida e que nos faz refletir sobr...