Na solitária escuridão a única luminosidade despontava da mediana fogueira, as chamas engoliam a madeira e o cheiro da erva-doce repassava entre os corpos presentes que dançavam em euforia por entre o fogo ardente, circundando a lenha com sorrisos grandiosos e radiantes.O céu enegrecido mantinha apenas a redonda lua cheia que estava em seu pico, completamente vazio de estrelas naquela fatídica noite. A música ressoava e as vozes cantavam, braços foram erguidos e seus esqueletos balançados no ritmo energizante aquecendo o coração daqueles que comemoravam as festividades.
Vaga-lumes cintilavam por entre as mulheres que gargalhavam e o som das palmas intercalava com o das cigarras em meio aos arbustos, além do relinchar do gracioso cavalo de pelagem escura. A comemoração que declarava o fim da colheita e anunciava o início da hibernação dos animais selvagens. A morte da vegetação se aproximava após o fim do verão e o começo do inverno, sacrificando animais para que conservassem sua carne durante o período difícil que se seguiria.
A morte retumbava por entre as sombras proclamando o falecimento do Deus-Sol, enquanto a grandiosa Deusa-Mãe lamentava por sua partida até que a Roda do Ano trouxesse o renascimento do Deus retornando consigo a regeneração da terra e sua prosperidade.
Naquele momento as figuras femininas refletiam sobre seus velhos costumes repensando nos novos comportamentos que surgirão, a partir da morte e ressurreição, esperando a travessia para o país do Verão onde as almas iriam descansar até poderem enfim renascer mantendo o véu entre os mundos tênues. Buscando a sua própria evolução da alma, relembrando o amor dos entes queridos que tinham partido e homenageando os seus antepassados de sangue, de terra e de espírito.
Aggie remexia seus quadris, pulando com as irmãs mais velhas e rindo divertidamente durante a comemoração de Sabbat de Samhain. Seus cabelos negros chacoalhavam na altura de sua cintura caindo em ondulações por suas costas, seus olhos azuis como safiras cintilavam em harmonia resplandecendo o fogo ardente em suas pupilas. O sorriso lhe rasgava os lábios em contentamento, a mãe e a avó olhavam admiradas paras as garotas com orgulho de suas meninas que a cada ano cresciam com graciosidade.
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Era uma vez, uma bruxa (ANTOLOGIA)
NouvellesQuando crianças ouvimos falar nas velhas bruxas; todas más, feias e solitárias. Como viviam em casas mal arejadas, empoleiradas em vassouras e embrenhadas numa floresta densa, no qual a luz mal chegava a elas. Diziam para termos cuidado, fugirmos de...