• 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐕𝐈 •

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O sol irradiava como nunca antes em Osborne, o som dos pássaros retornaram aos cantos aconchegando as ruas que foram cercadas pelos gritos eufóricos de um novo reinado

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O sol irradiava como nunca antes em Osborne, o som dos pássaros retornaram aos cantos aconchegando as ruas que foram cercadas pelos gritos eufóricos de um novo reinado. O barulho das celas destrancadas ressoavam o som da liberdade para aqueles que foram mantidos durantes dias em cárcere e enjaulados atrás daquelas grades, os curandeiros recrutados – fossem bruxos ou apenas pessoas – exerciam o seu ofício com maestria.
 
O herdeiro certificou-se de unir todos aqueles a favor do antigo imperador e que poderiam ousar ir contra o seu império. Aprisionados, seriam levados a julgamento por suas ações e atrocidades, recebendo sua sentença de acordo com seus atos.
 
Erasmo andava por todo o castelo, conversava com os conselheiros a respeito de sua coroação, preparava cerimônias para as vidas perdidas durante todo o legado de Conrado, fornecendo um sepultamento honroso para o seu povo. Tal ato duraria cerca de quinze dias, mesmo que o jovem considerasse pouco perante a tudo que havia acontecido.
 
Ainda precisava pensar sobre o casamento, foi quando Aggie tomou seus pensamentos, não havia visto a garota desde que invadiu o aposento de seu pai e um frio percorreu sua coluna ao pensar que algo ruim poderia ter acontecido com ela. Havia ficado o dia inteiro preso com seus afazeres que não conseguiu ir atrás dela.
 
Saiu da sala de reuniões e apressadamente andou até o quarto de Aggie, duas batidas, era o sinal para que ambos soubessem quando estavam ali. Escutou o som vindo de dentro do recinto e sem esperar abriu a porta ansioso, encontrando-a parada em frente a janela observando o céu. Caminhou até onde ela estava e abraçou a jovem que sorriu com o gesto do rapaz.
 
— Fiquei preocupado, não a vi durante o dia inteiro. — Confidenciou, suspirando pesadamente.
 
— Não queria atrapalhar, acredito que seu dia não esteja sendo um dos melhores. — Aggie virou-se para ele que sorriu ao vislumbrá-la.
 
— Amanhã, você se tornará minha imperatriz senhorita Carrier e quero que fique ciente que nunca me atrapalha, você faz parte disso e irá governar ao meu lado. Eu confio em suas decisões e desejo poder ter conhecimento de suas opiniões. — Afirmou, selando seus lábios rapidamente.
 
Aggie sorriu extasiada, seu coração aqueceu com o pronunciamento, foram poucas vezes que escutou alguém dizer tais palavras para si, apenas ouvia ordens de submissão e como deveria esconder suas opiniões, ver que Erasmo pensava de tal maneira ao estar com ela acalentava sua alma que reconstruiu-se a cada dia que passava ao lado dele e isso inspirava ela a tornar-se alguém, além do que lhe foi dito e permitido dentro da sociedade.
 
Sentia que poderia desbravar o mundo e queria fazer isso ao lado dele.
 
Os dedos do príncipe tocaram os dela e entrelaçando-os Erasmo colocou-se a caminhar pelos amplos corredores levando-a consigo, desciam as escadas e entravam em salas para esconderem-se dos novos conselheiros que o príncipe tinha colocado ao seu lado e de total confiança, mas evitaria qualquer contato naquele momento para estar ao lado de Aggie. Continuaram seu trajeto por uma abertura secreta dentro da imensa biblioteca que o garoto descobriu em sua infância como uma maneira que pudesse fugir durante uma guerra travada com outros reinos.
 
Saíram em meio às árvores e ele a puxou para o estábulo, onde estava Ruffos, o herdeiro pegou as rédeas do animal e ajudou Aggie a subir, montou logo atrás. Firmou suas mãos e começou a cavalgar em meio ao anoitecer, a lua brilhava resplandecendo o céu enegrecido que começava a ser coberto por estrelas iluminando-o em sua vastidão.
 
Após alguns minutos em meio a floresta, eles pararam. Erasmo desceu do cavalo e estendeu a mão para ela que segurou, acompanhando-o, desbravaram a floresta obscura escutando as corujas e o som dos galhos partindo com suas pisadas. As cigarras pareciam cantarolar com a chegada dos forasteiros.
 
Quando algo despertou a atenção da garota.
 
O pequeno memorial criado à sua frente, aproximou-se morosamente apreciando as lápides e agachou para poder ler os nomes que ali foram cravados em letras garrafais com prata. Seus dedos tocaram o material gélido e as lágrimas escorreram por suas bochechas ao ver o nome de sua família escrito com tamanho apreço.
 
Angèle, Bridgit, Merga e Elizabeth, "Amáveis e grandiosas mulheres da família Carrier que lutaram e resistiram com bravura, força e honra por suas crenças e convicções até o último dia de suas vidas. Que descansem em paz."
 
— Obrigada... — Disse baixo, erguendo o rosto para Erasmo que sentava ao seu lado com um sorriso sereno nos lábios.
 
— Fiz somente o que é certo Aggie, sua família tem o direito de ter um sepultamento honroso e digno. Este será um lugar exclusivo para você quando quiser se sentir conectada com a sua linhagem. — Proferiu cortês, apoiando as mãos atrás de suas costas e olhando para o céu — tenho certeza de que onde elas estiverem estão muito orgulhosas da mulher que você se tornou. 
 
— Como pode ter certeza sobre isso? — ela questionou, fitando-o com intensidade.
 
— Eu sinto — declarou, fechou os olhos vislumbrando a sensação de paz que o preenchia — assim como sei que minha mãe está feliz pelo homem que sou. Elas sempre estarão conosco, Aggie, aqui dentro de nossos corações. — Ele segurou a mão dela por cima da grama e sorriu verdadeiramente depois de todos aqueles dias nublados.
 
A brisa suave contornou ambos os corpos em um abraço silencioso e aquele pequeno acontecimento os deu certeza de que elas sempre estariam olhando por eles independente de quantos anos passassem.
 
O dia de amanhã poderia ser incerto, mas os dois carregavam dentro de seu íntimo a busca pela mudança.
 
Seus corações foram julgados, suas mãos acorrentadas e o ódio disseminado em suas direções. A condenação veio por aqueles que não os entendiam, levando muitas vidas ao fim e o fogo poderia ter sido como a própria destruição, mas dá cinzas eles renasceram.
 
A esperança ressurgiu e um novo legado chegaria para todo o reino.
 
Mantinham a certeza de que não importasse o que enfrentariam em seu futuro conservariam a história viva de todas as pessoas que resistiram à caçada às bruxas e mantiveram suas convicções.
 
Osborne durante todas as suas gerações escreveriam e relatariam os fatos que levaram a recriação de seu reinado, aprendendo com os seus erros e orgulhando-se de sua melhoria por um reinado onde o povo seria respeitado e honrado.
 
Juntos, Erasmo e Aggie dariam o primeiro passo para que todos pudessem ter a própria luz em meio a escuridão e reergueriam o seu Império.
 
Onde a liberdade dançaria novamente por entre aqueles que uma vez conheceram o lado mais sombrio de sua vida, o fogo não seria mais a ruína agora seria o calor, a paixão e a esperança. O ardor que iria queimar as veias em busca da felicidade. Trariam para Osborne e todos os vilarejos o desejo de viverem e cultivarem o amor dentro de seus corações dissipando o ódio que uma vez ousou instalar-se em seu âmago, fariam daquele reino o seu lar.
 
Poderia ser o fim de um legado, mas com os primeiros feixes de sol que aqueceram os seus corpos em meio a imensidão daquela vasta floresta sabiam que era apenas o recomeço para um horizonte muito mais grandioso e ansiavam em explorá-lo.

 Poderia ser o fim de um legado, mas com os primeiros feixes de sol que aqueceram os seus corpos em meio a imensidão daquela vasta floresta sabiam que era apenas o recomeço para um horizonte muito mais grandioso e ansiavam em explorá-lo

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Era uma vez, uma bruxa (ANTOLOGIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora