Os sons angustiantes preenchiam a audição da garota que se espremia entre os becos, apertando a capa que escondia o alimento furtado. Ansiava chegar à floresta onde manteve Ruffos preso a um tronco rodeado por suas maçãs até que pudesse retornar, não arriscaria ser vista com o cavalo durante o dia e ousar perdê-lo por um erro seu.
Principalmente quando estava nítido a pobreza por cada trajeto que percorria e refletido nos olhos daqueles por quem ela passava o almejo de comida, não poupariam a vida do animal.
Aggie tinha escutado a respeito de uma enfermidade que aproximava-se sorrateiramente dizimando famílias, além da guerra que mantinha-se firme entre os cavaleiros reais perante as invasões dos vilarejos e a aniquilação de todo indivíduo que cruzasse o caminho deles. A peste, foi assim que ficou conhecida entre os sussurros pesarosos daqueles que nada poderiam fazer a não ser esperar a doença acometê-los, levando-os de encontro com a morte que abraçariam seus corpos findando o sofrimento que percorriam seus corações completamente acorrentados.
Boatos diziam ter sido a maldição das bruxas, após o degolamento de centenas de mulheres, entre elas crianças e adolescentes. A garota levou o pé para frente em busca de correr para o meio da mata, porém freou seu movimento ao ver as pessoas acorrentadas serem puxadas pelos homens de armadura. No rosto daqueles desconhecidos, ela nada pode ver além dos olhos que tornavam-se miúdos diante da máscara metálica em formato de burro, porém em suas pupilas ficou evidente que seguiam a trilha para o fim de suas vidas.
Havia descoberto que em Osborne eles realizavam julgamentos para aqueles que fossem acusados de bruxaria, participando do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, onde seria colocado em palavras as acusações alegadas entretanto aquilo não significava que os denunciados iriam receber uma sentença justa. Afinal o que pode ser considerado íntegro em meio aquele banho de sangue.
A jovem Carrier, escutou cochichos a respeito de um livro, o manual de tortura para os condenados por bruxaria e só ao imaginar tais atrocidades sentia o ar faltar em seus pulmões.
Virou-se para continuar seu trajeto, mas parou subitamente ao colidir o corpo contra outra pessoa, ecoando o som do metal que revestia a armadura. O pânico evidenciou-se no tremor de suas mãos que foram colocadas dentro do tecido sebento.
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Era uma vez, uma bruxa (ANTOLOGIA)
Storie breviQuando crianças ouvimos falar nas velhas bruxas; todas más, feias e solitárias. Como viviam em casas mal arejadas, empoleiradas em vassouras e embrenhadas numa floresta densa, no qual a luz mal chegava a elas. Diziam para termos cuidado, fugirmos de...