Tempestade e algumas turbulências

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Lauren estava de olhos fechados e o corpo parecia entorpecido pelo êxtase da dança. Subitamente, Camila ficou tensa e se afastou um pouco. Um policial estava parado ao seu lado.
— Com licença, Srta. Cabello, Recebi informações do aeroporto que acho que deveria saber.

— O que foi?

Lauren ainda estava no mundo do sonho e relutava em voltar para a realidade, mas as palavras do policial despertaram sua atenção:

— As previsões são de que o tempo vai mudar, senhorita.

— Continue.

— Uma tempestade está se aproximando do sul e muito depressa. Estamos perdendo teto e a turbulência está moderada, com tendência a piorar.

Lauren ficou alarmada.

— Não poderemos voltar para Boa Providência, Camila?

— Só se sairmos já.

— É seguro? — Lauren não conseguiu disfarçar o medo.

— Contanto que tenhamos teto suficiente para ficar abaixo das nuvens, não teremos problemas. Passaremos por alguma turbulência, mas será seguro.

— E não podemos esperar a tempestade passar?

— Depende. Pode ser uma tempestade passageira, mas também podemos ficar presos aqui por alguns dias. Você gostaria disso? Por mim, tudo bem, mas...

Lauren sorriu, sentindo a pele queimar onde estava a mão de Camila.

Como sempre, Camila tinha toda razão.

A tempestade poderia durar muito tempo, coincidindo com o início da estação das chuvas, e não queria estar longe de Boa Providência. Assim, tomou a decisão mais sensata.

— Acho melhor voltarmos agora.

— Boa menina.

Levaram apenas alguns minutos para se despedir de seus anfitriões e foram para o aeroporto. Um mecânico já tinha examinado o avião e o tanque estava cheio. Subiram a bordo e Camila pegou duas jaquetas salva-vidas.

— É melhor usar isto.

— Camila, a situação é tão ruim assim?

— Não, é apenas por precaução. Como sair de casa com um guarda-chuva para o caso de chover.

Lauren esforçou-se para aparentar calma, mas foi inútil. Estava nervosa e seguiu as instruções dela para vestir a jaqueta e o cinto de segurança.

O céu estava encoberto. Mesmo assim, o avião decolou e logo puderam ver as luzes de Halekai cintilando embaixo. O resto era só escuridão.

Quanto mais o avião ganhava altitude, mais aumentava a turbulência.

Lauren se agarrou com toda força ao assento.

— Você está bem? — Camila desviou o olhar do painel do avião por um instante.

— Acho que sim.

— Não precisa se preocupar. Estamos balançando um pouco porque estamos perto das nuvens, mas não é nada alarmante.

— Apenas um pouco desagradável. — Lauren deu um sorriso forçado.

As mãos de Camila seguravam o leme com firmeza e, nesse instante, o avião sofreu um baque mais violento.

— Oh, Camila!
— Está tudo bem, Lauren. Juro. Faça de conta que estamos num carro com amortecedores gastos e ainda por cima numa estrada pedregosa.

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