Capítulo três

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Colégio Pantawittaya, 16:18h- Bangkok.

-Nanno. -Murmurei enquanto caminhávamos.

-Hm.

-Onde a gente vai guardar nossas novas chaves?

-Dá.

-Que?

-Me dá, eu guardo pra você.

Dei ambas as chaves pra ela e ela guardou no bolso da camisa, estranhei o lugar tão inapropriado. Mas não questionei, continuamos andando até o prédio das nossas aulas.

-Opa, pera aí. -Ela me pegou pelos ombros e me encostou na parede, impedindo que eu continuasse. -Por que é que a gente tá aqui?

-Estamos indo pra... Aula?

-Idiota. A gente tem passe livre. Por que a gente não sai? E aproveita.

-Mas...

-Que idiotice a minha.

Ela murmurou e me puxou novamente pra fora, por sorte todos estavam em horário de aula e não tínhamos sido vistas. Voltamos pro portão e saimos, dando de cara novamente com a rua. Ela me encarou, esperando respostas.

-O que foi...?

-Não vai chamar um uber, assim talvez? -Me envergonhei e ela riu abertamente, batendo o indicador no meu nariz. -Fofa.

Peguei o celular, eu tinha o deixado dentro do sutiã e mal pensei em usá-lo por nenhum momento, quanta burrice, talvez não tivesse rede lá dentro. Abri o aplicativo e chamei um carro, tinha um a cinco minutos de distância e avisei Nanno, o silêncio era confortável, se minha mãe soubesse que eu estava andando com uma estranha em horário de aula... Ela me mataria.

-Para onde vamos? -Perguntei, observando o carro com as mesmas característica do uber se aproximar.

-Você vai descobrir. -Ela entrou no carro e disse o endereço de uma das ruas do centro da cidade. -Entra logo.

O caminho continuou silencioso e bastante confortável, a não ser pelo motorista que se sentiu um pouquinho desconfortável com a presença da Nanno e ligou o rádio tentando aliviar o clima, como eu sei? Ela sentou no meio e encarava fixamente o retrovisor, toda vez que ele olhava pra trás se assustava um pouco e eu confesso que ela dava mesmo um pouquinho de medo quando estava séria daquele jeito. Chegamos ao centro da cidade e eu vi aquela larga rua lotada. Chinatown é um dos locais mais visitados da cidade. É uma região bem grande onde é possível achar de tudo para comprar. A principal rua do bairro é a Yaowarat Road, que é lotada de lojas com letreiros coloridos e luminosos, barraquinhas de rua, e muita, mais muita gente circulando por lá.

-Uau...

-Fica ainda mais bonito à noite, quer ver?

-Óbvio!

Ela sorriu e pagou o motorista encolhido, ela realmente botou medo no cara. Saí do carro e ela logo em seguida, o cara não esperou sequer um segundo pra dar partida e sair derrapando.

-O que é que você fez pra ele estar assim, hein? -Eu ri e ela deu de ombros, se espreguiçando.

-Só encarei, as reações dele eram engraçadas.

-Só? Parecia que você tava vendo a alma dele.

-Talvez eu estivesse mesmo... E se eu ver a sua? O que você vai fazer?

-Me conta então qual o meu desejo mais profundo.

-Ah, mas essa aí é fácil. -Ela disse séria, dando espaço para um senhor passar e sorrindo simpática, achei fofo. -Eu.

Sua última vítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora