Capítulo quatro

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Chinatown, 19:37- Bangkok

Ele se aproximava perigosamente e Nanno não parecia se importar, já que não movia um músculo sequer, eu comecei a ficar nervosa e por impulso levantei, ficando lado a lado da garota, mesmo que nervosa, eu não deixaria a garota sozinha, não ficaria pra trás. A coragem era uma das coisas as quais eu nunca pude ter ou experimentar, eu sempre recuava e deixava o monótono comandar, o certo, essa era minha coragem, de ser igual e sem graça. Mas isso acabou no momento em que aquela garota ao meu lado, e eu não tenho palavras suficientes pra descrever tamanha gratidão. Nanno, em um dia, me libertou de algo que eu nunca, em anos e anos, consegui sair por conta própria, ela era corajosa, o total oposto de mim e eu me sentia tentada, tentada a me levantar e agir, a ser corajosa também. E foi o que eu fiz. O problema é que quando eu tomei minha postura ele caiu.

-Ai! -O senhor quase que gritou com a mão no peito.

-Levante-se, estamos esperando. -Nanno exclamou num ar divertido. -Ande!

-Eu... -Ele tentou falar, mas sufocou. Uma espuma branca saiu pela boca do velho enquanto ele agonizava jogado ao chão. -M-e me ajude...

-Ajudar? -O tom de voz dela mudou. -Por que é que eu deveria te ajudar?

-Nanno... -Ela me ignorou. -Vamos embora...

A garota se aproximou e se ajoelhou, de frente pro velho, que continuava na mesma psição. Ela passou a ponta dos dedos na bochecha dele, de uma jeito meio esquisito, e riu ainda mais esquisitamente.

-Sabe...

-Ei! -Aquele garoto esquisito do bar exclamou ofegante, ao chegar correndo no beco.

-Ah... Pedro, não? -Eu murmurei envergonhada e ele me encarou, sorrindo gentilmente.

-Vocês estão bem? -Ele perguntou, preocupado.

-Aham. -Nanno perguntou distraida, cutucando o nariz do velho, que já nem se debatia mais. -Envenenou ele, foi?

-Eu...

-Espertinho. -Ela disse risonha, se levantando e limpando a mão suja na blusa da escola.

-Vão embora, por favor.

-Por que matou ele? -Ela perguntou, o encarando.

-Eu não ma-matei.

-Ninguém espuma pela boca, assim, do nada. -Ela disse sugestiva.

-Eu tava cansado dele! -Exclamou nervoso. -Só vão embora, por favor, eu vou dar um jeito...

-Mas agora que ficou divertido. -Ela fez uma carinha de falsa tristeza e começou a gargalhar, uma gargalhada esquisita e perturbada.

-Nanno, chega! -Eu repreendi, assustada. Agarrei sua mão e a puxei pra longe dali, percebi que ela pareceu meio relutante quando parou de rir e eu não hesitei em puxá-la ainda mais forte. -Anda logo, nós vamos sair daqui, nós não temos nada haver com isso.

-Você é a maior estraga prazeres, sabia? Uma sem graça... -Murmurou emburrada.

-Precisa de algo? -Perguntei pro garoto que nos olhava apreensivo.

Sua última vítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora