Capítulo seis

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-E aí? Qual vai ser? -Perguntei já impaciente.

-Eu preciso de uma bebida pra pensar... -Mier murmurou frustrada.

-Nanno...? -Perguntei esperançosa.

-Você sabe que fazer isso seria burrice, né?

-Sei... -Respondi sorridente. -E desde quando isso te importa?

-Fiquei sem argumento... -Nanno respondeu risonha. -Tá bom, se você quer, então a gente vai.

-MIER! -Berrei pra menina que já estava descendo as escadas. -NÓS VAMOS.

-EU NÃO CONCORDEI COM ISSO. -Ela berrou de volta.

-NÃO IMPORTA, DUAS CONTRA UMA É MAIORIA.

-NANNO, SUA GADA DESGRAÇADA, VOCÊ ME PAGA! -Ela dramatizou.

-A gente precisa de roupas especiais. -Murmurei séria, ignorando Mier que bateu a porta emburrada. -E eu já sei o que fazer...

-Ninguém vai dar bola pro meu drama? -Perguntou Mier com um bico maior que a boca e tentou, ainda mais, aumentar ele quando eu neguei distraída, vendo Nanno concordar pela minha visão periférica. -Babacas... Se der merda eu saio correndo e deixo vocês pra trás, hein?

-Quem vê pensa... -Eu murmurei concentrada no closet, sentindo a presença de uma Nanno curiosa nas minhas costas. -Achei!

-O que? -Mier perguntou, já esquecendo da própria birra. -Me mostra, anda... An? Vai fazer o que com isso, Samantha?

-Já falei pra não me chamar assim! -Retruquei nervosa. -Vamos fazer máscaras com essas toucas, olha.

Peguei uma tesoura e recortei olhos e bocas em cada touca. Quando terminei, levantei o olhar e vi ambas as garotas sem saber se riam ou se me xingavam... Eu não ligo, estava lindo.

-Toma, Nanno... -Dei a preta pra menina. -Esse aqui é da Mier e esse é meu.

-Amarelo? -Ela perguntou confusa.

-Não é a sua cor favorita? -Ela sorriu contente e vestiu a touca, parecendo, realmente, aqueles bandidos de filme barato. -Ficou feia pra caralho...

-Invejosa... -Mier deu a dedo. -Pfff, olha só pra Nanno.

-Está linda. -Encarei Nanno que estava só o pó, mas por ela eu mentiria. Coloquei minha touca e encarei Mier que começou a gargalhar. -Qual o seu problema, hein?

-Olha pra mim. -Nanno colocou o indicador e o dedão no meu queixo, puxando meu rosto pra de frente com o seu. -Hm... Está linda, só esconda seu cabelo, ninguém precisa vê-lo.

-Essa parte é fácil. -Me desvincilhei do toque dela, já nervosa, voltando pras minhas roupas e tirei três moletons pretos. -Aqui, um pra cada.

-Seu closet dá meu quarto inteiro. -Mier murmurou pensativa. -Por que o da Nanno é mais bonito que o meu? Ei! Esse aqui é o que você usa pra dormir, Samantha Anong?

-Que diferença faz? -Revirei os olhos. -Não é como se você fosse desfilar com isso, Mier.

-Mas... Mas... -Se emburrou de novo e colocou o moletom por cima da própria roupa. -É gigante.

-Bom que se algo acontecer, ele te esconde.

-Muito sábio, senhorita Nanno. -Sorri.

-Agradecida.

-Sapatonas... -Mier sussurrou. -Eu sinto de longe o cheiro do couro.

-Mal amada. -Dei o dedo pra menina que só me ignorou. -Seremos as melhores espiãs!

Sua última vítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora