Capítulo cinco

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Mansão Anong, 23:37- Bangkok

Abri a porta e demos de cara com a moça que trabalha aqui em casa. Não gosto de dizer empregada ou qualquer outra palavra que derive disso, porque sentia que era falta de respeito e empatia com a mulher que praticamente cuidava de mim, mais que os meus pais.

-Caramba, Lurdes! A senhora me assustou, tá fazendo o que aqui? -Perguntei com a mão no peito, realmente ofegante com o susto.

-Sua mãe me pediu para lhe fazer companhia, querida. -Ela disse suavemente. -Mas parece que você já tem muita companhia boa, não?

-Está tudo bem, a senhora pode ir embora pra sua casa e descansar, minhas amigas estarão comigo, certo?

-A senhorita é muito bondosa. -A mulher pegou o casaco recostado numa cadeira ao lado da porta, me beijou a testa e a atravessou, me lançando um olhar antes de sair. -Tenham uma boa noite, qualquer coisa chame Tenório.

-Beijo, tia Lu. -Mier exclamou, acenando frenéticamente.

-Beijos, Mier. -A mulher riu gostosamente. -E você...?

-Nanno, é um prazer.

-Nunca te vi aqui. -Ela murmurou pensativa mas deu de ombros. -Prazer.

-Pode ir, tá ficando tarde. Peça um uber, aqui. -Entreguei a ela o troco da pizza e ela entortou o nariz, prestes a recusar, mas forçei o dinheiro ainda mais, não lhe dando outra escolha. -Tchauzinho.

A mulher acenou pra nós três antes de se virar e, finalmente, ir embora. Mier moldou em seu inocente rostinho uma carinha suspeita e perversa, entendi suas intenções.

-Anda logo, vocês vão me contar o que rolou AGORA MESMO. -Ela exclamou, em êxtase. -Vai, caralho.

-Puta mas que menina chata. -Nanno murmurou em estresse. -Me puxa com carinho, Mier!

-Molenga. -Murmurou de volta, emburrada.

Mier nos arrastou pelo braço pela escada toda, até chegar em meu quarto.

-Uau, que maratona, hein? -Nanno disse debochada. -Com uma casa dessas, não precisa nem de academia.

-Mas... Aqui tem academia... -Mier murmurou risonha.

-Uau, que novidade.

-Conta logoooooo. -A garota disse manhosa.

-O que você quer saber, hein? -Eu perguntei, já cansada de como ela me enchia. A observei pensar em silêncio.

-Não é óbvio? -Ela perguntou indignada. -Como foi caralhos que vocês conseguiram sair daquela sala.

-Foi bem simples, na verdade, eu só precisei pegar a chave da professora enquanto ela estava distraída e devolver depo... -Nanno disse simples mas parou assustada, assombrada, pra falar a verdade. -Sam...

-O-O que foi...? -Eu me desesperei junto, foi impossível não fazer já que a garota parecia sempre tão segura. -Fala, Nanno!

-Ihhh. -Mier pareceu se divertir com a cena. -Não acredito que vocês fizeram merda! Caralho, a burrice.

-MIER. -Eu gritei em desespero. -Fala, Nanno.

Sua última vítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora