Esperança

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Eu queria poder mudar.

Eu queria poder mudar.

Tudo que eu fui até hoje nunca foi suficiente, nunca bonita o bastante, interessante o bastante, sempre precisando de alguém para me ajudar depois que tudo foi pro inferno.

Sempre subestimada, as pessoas me vêem e supõem que eu sou fraca.

Eu queria poder mudar.

Eu não serei fraca.

_ Vem aqui... Atira na sua puta também - fala o homem barbudo, me segurando contra o peito, pelo jeito que os corpos caíram, Daryl deve tá por trás de nós, ele não vai atirar comigo assim.

Essa é a única certeza que eu já tive em muito tempo. Ele não vai fazer nada para me machucar. E eu não posso deixar que ele seja ferido. Ele não..

Eles nem se preocuparam em me revistar, em tirar minha faca de mim.

Eu não serei fraca

Daryl aparece na nossa frente com a besta em punho, olhando pro homem me segurando.

_ Sabia que não ia deixar esse rabo pra trás - bufa o cara atrás de mim, minha respiração tá tão pesada que minha cabeça dói.

_ Solta ela. - fala Daryl, com uma voz tão grave que eu quase não reconheço.

_ Acho que não, minha única garantia que eu posso sair daqui vivo, é essa ninfeta que você mantém - fala homem passando a mão pelo meus corpo, como para enfatizar.

Ele não percebe, que eu consegui pegar minha faca, tá tão envolvido nessa guerra de olhares com o Daryl.

Eu nem sei como fiz isso, só que foi automático. Num momento eu estava presa nos braços desse monstro, e no outro eu enfiei a faca na barriga dele, ele me solta me empurrando pro chão.

Sinto minhas mãos rasgando com contato com as pedras, nem escuto mais nada, tudo virou um borrão.

Minha cabeça tá doendo tanto, minhas mãos tão queimando, eu nem registro quando Daryl praticamente se joga no chão ao meu lado, vejo ele mexendo os lábios , não tô escutando, tô entorpecida.

_ Beth! Beth! - ele me chama com a voz rouca, quando volto a mim.

A única coisa que consigo fazer é jogar os braços envolta do pescoço dele, com tanta força que quase nós derruba no chão de novo.

Ele me abraça com força, tá tremendo tanto quanto eu.

_ Beth!

_ E-eu... Coloca isso - fala ele tirando o colete e colocando envolta do meu corpo, não tinha nem percebido que ainda estava praticamente nua.

_ Daryl.. - minha voz está tão quebrada quando eu me sinto

Ele me abraça de novo, não sei quando as lágrimas começaram mais parece que não vai passar nunca

_ Beth! temos que ir - fala ele enquanto alisa minhas costas.

___________

Os dias passam em borrões depois disso, quando percebo já se passaram uma semana depois do incidente com os homens que quase roubaram Beth de mim, uma semana. E ela não fala, só acena com a cabeça e faz tudo mecanicamente, Deus como queria que a irmã dela tivesse aqui, que alguém tivesse aqui.

Paramos numa clareira no interior do estado, tão longe da prisão que quase estamos saindo da Geórgia, o acampamento está silêncioso só os sons dos galhos rachando sob o fogo, com o clima começando a esfriar, e sendo mais seguro na floresta, só ficamos na mata agora.

Como deveria serOnde histórias criam vida. Descubra agora