Vida perfeita

48 1 1
                                    

Quinta-feira, são seis e meia da manhã. Que tédio. Os acontecimentos de ontem me fizeram dormir um pouco tarde, mais tudo já passou. Caroline me pegou de surpresa, algo parecido a ontem não vai se repetir. Essas baboseiras de sensibilidade, sentimentos e blá blá blá não me interessam. O que me interessa é ela, eu a desejo, a desejo ajoelhada em meus pés me pedindo permissão para me tocar.

Droga. Imaginar isso me deixou excitada. 

- Manu, filha, já acordou? - Mamãe diz batendo na porta do quarto, que está trancada, óbvio. 

- Sim, mamãe. - A respondo colocando meus dedos dentro da minha intimidade sedenta por Nakamura, abafo um gemido ao senti-los entrando. - Estou bem acordada. - Digo sorrindo maliciosamente.

- Você vai querer ir comigo ou com seu pai para a escola? - Outra pergunta? Já estou sem respostas prontas de tão bom que está meus dedos entrando e saindo.

Que coisa, tenho que responder, mais minha voz sumiu.

- Filha, está tudo bem? - Que saco mãe, por que você tinha que ser tão perfeita e preocupada?

- Eu não quero ir hoje para a escola. - Respondo na expectativa dela não notar a alteração na minha voz devido minha excitação.

- Devo pedir para a garota do clube de natação ir embora então? Ela disse que veio te ver, que você caiu ontem e se machucou. - Paro imediatamente de me tocar, minha excitação quase se rompe. Que garota? Apenas Sara vem me aqui em casa para fazermos "trabalhos".

- Ela disse o nome para você, mamãe? Não me lembro de ter caído ontem. - Pergunto me levantando da cama e vestindo minha camiseta XG que faço de pijama.

- Não, mais ela se parece com... - Mamãe para de falar assim que abro a porta, dou risada da sua expressão de susto. - Manuela, não gosto quando faz isso.

- Mais foi só um sustinho. - Digo e rimos enquanto eu a abraço. - Bom dia mamãe, vamos descer para ver quem é essa garota.

Acompanho mamãe pelo corredor, ela está cantarolando sua música preferida como todas as outras manhãs. Ela é um exemplo de otimismo e persistência, não é atoa que é a maior empresária da cidade com mais de doze sedes espalhadas nas maiores cidades do país. Além de ser uma mãe maravilhosa.

- Bom dia minhas joias rara. - Papai exclama atrás da gente. Paramos para receber seu abraço e beijos matinais. - Querida, você sabe onde deixei a pasta verde da reunião de hoje? - A expressão dele ao fazer a pergunta é incrível, mesmo preocupado continua sorrindo.

- Vamos, eu mostro onde deixou ontem a noite. - Mamãe responde voltando com papai ao final do corredor, onde fica seu escritório, bom, o escritório do andar de cima.

Observo-os caminharem abraçados, são um casal incrível. Papai tem uma rede de produtos sustentáveis que é conhecida internacionalmente, tanto ele quanto mamãe são pessoas boas que se preocupam com todos da humanidade e o planeta. Parecemos uma família perfeita, seríamos se eu não fosse esse monstro que eles não conhecem.

Assim que eles entram no escritório eu retorno meu caminho, estou quase chegando na escada. Os degraus de madeira estão gelados, meus pés descalços irradiam um longo arrepio pelo restante do meu corpo.

- Que frio. - Exclamo baixinho.

Desço cada degrau vagarosamente, quem será que ousou vir até a minha casa e alegar algo absurdo para minha mãe? Estou machucada sim, mais não foi porque cai.

- Olá Manuela, bom dia. - Mal termino de sair do último degrau e sou saudada por uma voz familiar.

Viro para a esquerda, para a direção que a voz veio e fico sem palavras. O que ela está fazendo aqui? Depois de tanto tempo, quanta coragem.

- Minha irmã disse que aconteceu um pequeno incidente com você ontem e eu vim ver como você estava e cuidar de você. - Esse sorriso maldito. - Eu sabia que você não iria hoje para a escola. Então... Vim te visitar, sentiu saudade? - A risada sarcástica ao terminar sua fala me deixa tensa.

- O que você quer? - Pergunto encarando os lindos olhos azuis do perigo que é essa mulher.

- Quanta arrogância da sua parte, me salde de forma descente, sua cadela imunda. - A postura de Natacha muda instantaneamente, o sorriso maldoso dela se torna fortemente expressivo.

- Bom dia, Natacha. - Digo curvando meu tronco, da forma como ela me adestrou.

- Boa menina. - Ela diz passando a mão em meu cabelo. - Sua puta indecente. - Meu sangue ferve para voar no pescoço dela, essa maldita. 

- Você está uma delícia só com essa camiseta, me deixou excitada. - Levanto meu corpo para poder encara-la. - Seus pais ainda saem no mesmo horário? - Como ela consegue ser tão sínica e sarcástica? Não contenho minha expressão de desgosto. - O que? Não gostou de me ver? Essa sua carinha de nojo faz meu sangue ferver, Manuela. Eu vou acabar com você por ter tocado na minha irmã, sua cadela. - Natacha caminha vagarosamente na minha direção, eu nunca desejei tanto que minha mãe aparecesse.

- Filha, tudo bem? - Que alívio, mamãe apareceu. - Você conhece essa garota? - Assim que mamãe pergunta a risada "modesta" de Natacha soa ao meu lado.

- Quanta gentileza da sua parte, senhora Torres, mais sou uma mulher adulta para ter o título de "garota". - Ela faz uma pausa e me encara por uns segundos. - Fiquei surpresa por não se lembrar de mim, já vim na sua casa varias vezes, não era sempre que a senhora estava, mais mantinha muito contato com Manuela. - Um curto silêncio toma o diálogo das duas.  

- Me desculpe, seu rosto não me é estranho, mais não lembro seu nome. - Pelas expressões de mamãe ela não lembra mesmo, naquela época ela mal parava em casa por conta do trabalho.

- Então permita-me apresentar-se, novamente. - Natacha se curva em sinal de respeito. - Eu sou Natacha Nakamura, ajudava sua filha nas matérias de cálculo, física e química. - Ela ajeita a postura. - Mais isso era a quatro anos atrás, hoje estou para concluir minha faculdade e vim rever Manuela antes de voltar para o exterior. - Quanta firmeza, segurança e poder Natacha tem ao  falar. Foi por esse motivo que me apaixonei por ela quatro anos atrás, até ela me ensinar o porquê não se apaixonar por ninguém.

- Mais é claro! Como não me lembrei, a filha dos Nakamura,  você está tão diferente. - Mamãe começa a descer as escadas assim que papai aparece. - Bom, temos que ir, cuide-se filha. - Ela me abraça e abraça Natacha. 

- Tchau meninas, até a noite filha. - Papai diz já fechando a porta. 

Natacha e eu estamos a sós, não tenho um bom pressentimento.

- Pelo jeito você continua com a sua vida perfeita, Manuela. - Sinto a mão fria dela segurar meu pescoço, essa manhã não vai ser nada tranquila. - Agora temos que conversar. 

Corpo quenteOnde histórias criam vida. Descubra agora