Nakamura

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Que tédio. Por quê temos que vir a escola mesmo? Isso é muito chato, cansativo e todo mundo aqui parece "normal" de mais para o meu gosto. Ainda restam duas longas e torturantes aulas, socorro.

Se tem algo de bom aqui? Sim, tem sim. Mais não é algo e sim alguém: Caroline Nakamura. Presidente do grêmio estudantil, recordista no atletismo escolar, melhor aluna da escola toda. Nossa escola possuí em média 4.500 alunos, Nakamura é simplesmente fantástica.

Caroline, ao contrário dos demais alunos, vem todos os dias de uniforme. Bendito seja quem desenhou e deu vida a essa obra de arte. Todas as garotas ficam exuberantes com ele, mais senhorita Nakamura é um verdadeiro pecado capital usando uniforme. Camisa social branca, gravata vermelha, saia azul marinho com duas listras, finas, ao final dela e um sapato social. Estaria tudo bem se fosse apenas isso, mais Caroline usa meias altas, elas cobrem quase toda sua perna, porém um pequeno pedaço de suas cochas é exibido, exibindo filetes de sua pele branca, como um algodão. As cores vermelho, branco e azul combinam perfeitamente com a tonalidade de sua pele e aquela meia preta... Aquela meia faz o centro das minhas pernas pulsar me deixando completamente molhada.

Também faço parte do grêmio estudantil, isso me permiti vê-la todos os dias da semana. Como uma aluna exemplar ela participa do máximo de atividades possíveis e, claro, eu não perderia uma oportunidade tão valiosa como essa. Sou responsável pelos esportes e bem estar dos alunos, além de ser a segunda melhor nota da escola. Se isso é bom? Não, não vejo graça nisso. Se pretendo obter o primeiro lugar? Não, Caroline se sente satisfeita com esse título e uma vez satisfeita ela tem energia de sobra para correr no lindo uniforme colado de educação física, nadar com seu maiô vermelho sangue e ler por horas na sala do grêmio. Ambas atividades estou presente admirando essa garota que mora em meus pensamentos desde a primeira vez que trocamos olhares.

- Vai fazer o que depois da aula? - Sara pergunta em tom de sussurro enquanto pressiona meu pescoço. Sua mão fria faz um longo arrepio correr pelo meu corpo. Fico em silêncio. - Quer com mais força, Manuela? - Ela mal termina a frase e pressiona com ainda mais força minha nuca. Sinto meu corpo me trair ao notar que isso me deixou molhada, busco ar para respondê-la.

- Tenho que supervisionar os alunos na piscina, por que? - A questiono rotacionando meu corpo para poder olhar em seus lindos olhos negros. Sara sempre sentou atrás de mim.

- Sei muito bem o que vai supervisionar. - Ela afirma soltando minha nuca e cruzando os braços. Lentamente ela vai se distanciando até repousar as costas no encosto da cadeira.

Nós nos encaramos em profundo silêncio.

- Algum problema, senhoritas? - A professora questiona fazendo o silêncio se romper.

- Não senhora, apenas perguntei as horas para Sara. - Retomo minha postura e sorrio com leveza.

Sem dizer nada ela retorna escrever no enorme quadro negro. Geometria é um saco.

***

O sinal soando mostrando o término das aulas de hoje soa como música de salvação. Arrumo meu material e caminho até o lado de fora da sala, sempre aguardo Sara.

- Vamos? - Sara pergunta agarrando minha mão e me puxando contra a multidão de alunos que bloqueiam a passagem. - Qual a graça em ficar parado no meio do corredor? Isso é ridículo. - Ela exclama brava.

- Tinha graça quando éramos nós, não tinha? - Pergunto com a voz um pouco elevada por conta do barulho alto. Sara olha para trás e me lança um sorriso mostrando concordar comigo.

Aos poucos vamos nos afastando de todo aquele burburinho de hormônios a flor da pele. Adolescentes entrando na puberdade possuem tanta energia, não me lembro de ser tão eufórica assim. Na verdade, eu nunca fiquei eufórica para nada, as coisas são tão sem graça. Achar um pouco de diversão as vezes é bem difícil, ou eu quem sou difícil?

- Manuela, você pode me dar as chaves do ginásio? - A voz doce de Caroline rompe meus pensamentos como uma faca afiada corta carne. Paro bruscamente interrompendo o caminhar de Sara.

- Você sabe que eu devo abrir o ginásio, não você, senhorita certinha. - Encaro os lindos olhos azuis que acoplam seu lindo rosto. Nakamura franze o cenho arqueando as sobrancelhas.

- Você provavelmente vai estar ocupada nos próximos 40 minutos com isso. - Caroline olha com desgosto para Sara.

- Acha que tenho medo de arrebentar sua cara? Japonesa do Paraguai! - Sara retruca indo em direção a Nakamura, seguro ela para que não avance na linda japonesa dos olhos azuis.

- Não vale a pena Sara, você pode socar coisas mais interessantes. - Sara da risada ao ver a expressão que Nakamura faz ao ouvir o que falei. - O ginásio abre uma hora depois do horário de aula e você sabe disso, não sabe, Nakamura? - Caroline resmunga e sai caminhando com todo poder que seu lindo corpo exibe.

Ao ver que Caroline some na multidão eu solto Sara, ela me olha furiosa.

- Como você pode achar ela atraente? Ela te trata mal e usa você e sua boa vontade para ter o que ela quer. - Ela diz voltando a caminhar, acompanho ela.

- Você está errada, ela não me usa para ter o que deseja. - Sorrio. - Ela faz exatamente o que quero que ela faça! - Exclamo com energia. Sara vira para poder me olhar nos olhos.

- O que você está aprontando, Manuela? - Sara se aproxima o suficiente para poder escutar minha respiração.

- Ela ainda vai usar uma linda coleira e me chamar de mestra. - Sussurro e vejo um sorriso perverso sendo exposto nos lindos lábios de Sara.

- Até que isso aconteça, você quem usa uma coleira. - Ela retira a guia de sua bolsa, abaixa a gola da minha blusa exibindo meu pescoço. - Você ainda está com ela? - Sara passa a mão sobre minha coleira.

- Eu gosto dela. - Respondo sorrindo. - Você não vai me prender? - Questiono segurando suas mãos balançando a corrente. Sara me prende e caminhamos até o banheiro.

Corpo quenteOnde histórias criam vida. Descubra agora