Fora da Lei

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Raissa 💖

Pé na areia, caipirinha, água de coco, cervejinha. Do jeito que eu gosto! Mais tarde fomos pra um quiosque na orla e ficamos só de papo, ainda bebendo e comendo, pedimos umas porçõeszinhas de várias coisas diferentes pra não enjoar.

Chegou um grupo de quatro meninos e três vieram falar com a Rafaela que estava sentada do meu lado. Deles só um falou comigo e com a Nayala, os outros dois só foram sentando e eu senti o desconforto da minha comadre na hora.

Odeio isso cara, odeio. Principalmente se você tá chegando em um lugar que tenha mais pessoas, fala com todo mundo caralho. Acho uma tremenda falta de educação a pessoa chegar e falar só com quem conhece, sendo que tem mais uma galera em volta pra ser cumprimentada com pelo menos um oi.

Eles ficaram ali puxando assunto com a Rafa, como se não existisse mais ninguém perto, já fiz minha carinha de nojo também, se perceberem, ótimo! Eu ein, povo não se toca nas coisas. Dois foram fazer pedido, eu aproveitei a distração do outro que estava mais afastado e encostei pra cochichar.

Raissa: Quem são esses? Que chega na mesa dos outros e não fala com ninguém? - Falei baixinho no ouvido da Rafaela.

Rafaela: Vejo eles juntos em uns rolê aí, percebi também que só o Fernando falou com vocês.- Neguei com a cabeça e ela riu.- relaxa, eles vão sair, assim eu espero né.- Suspendi a sobrancelha e afastei dela vendo o restante voltar.

Ainda bem que foram embora, e mais uma vez falaram só com ela dando tchau e seguiram em direção ao mar.

Nayala: É impressionante ein.- Olhei pra ela que fez cara de nojo.- galera sai de casa e deixa a educação lá, ou as vezes nem tem né? Deus me livre ser assim, consigo não! Gente metida é uó.

Raissa: Tu viu? Se tivessem só passado por aqui e falado com ela, tudo bem, mas os caras sentaram na mesa com a gente aqui e nem na nossa cara olhou, isso me dá uma raiva que vocês nem tão ligada.- Falei comendo um pedaço de frango.

Rafaela: Achei estranho eles falando comigo, nunca nem olham direito, os quatros são irmãos acreditam? Uma escadinha mesmo, o outro é o mais metido, tanto que nem aqui veio. Mas que são um filézin são em! - Tive que concordar.

Nayala: Já tava aqui toda me tremendo imaginado no que ia dar se esses garotos não saíssem daqui.- Riu baixo.

Raissa: Sei bem.- Falei lembrando do Wendel.

Rafaela: Ué por que?

Nayala: Meu marido gata, ia surtar, tô até vendo a merda.

Rafaela: Aí gente nada demais, esses bofe que surta atoa, nunca vi igual.

Nayala: Nada demais? É que tu não conhece minha peça. Se eu tô em casa e ele na praia e chega foto dele rodeado de mulher eu vou pensar o que? Então não julgo. Vou querer nem explicações, com ele é o mesmo. Evito demais discussão com o Wendel, nem com conversa as coisas entram na cabeça dele Rafa.

Raissa: Graças a Deus tô livre disso.- Balancei as mãos no alto.

Nayala: Livre de que Raissa? - Cortou minha onda.- 2N é teu ex mas continua agindo como se fosse atual. Bandido é assim, ele continua te palmeando, sabe o que tu faz mesmo separado.- Falou uma verdade e eu lembrei dele falando que sabia mesmo.- da mesma forma que pode chegar pro meu marido que tinha homem aqui, chega pro teu macho amiga. É como se a gente fosse fichada, tu ainda tem sorte de tá na pista, porque na favela ninguém te olha com intenção sabendo de quem tu já foi mulher.

Raissa: Calma lá, meu macho não, não é mais.- Corrigi ela, mas o resto era tudo real mesmo, tanto que nem contestei.

Rafaela: Pior que é verdade! Se toca viu Raissa. Vai dar por aí, mas que seja escondido, na cara de todo mundo não.- Eu dei risada.- bofe vai te estrangular.

Raissa: Ele não é maluco de me machucar.- Falei séria.- Matheus nunca agiu como esses comigo, nunca mesmo, sempre me vi numa relação saudável antes de todos esses acontecimentos, se agora, depois de tudo ele inventar eu não tenho medo não. Eu sei até onde vai a maldade dele com os outros, mas comigo nada nunca foi usado, falo em todos os sentidos. Quer saber? Deixa saber, só não quero ninguém me encostando contra minha vontade ou me oprimindo.

Rafaela: É Rai, ele não fazer maldade com você é bom....na verdade ótimo, mas e com os outros? Tu não imagina qual seria a reação se ele descobre que tu ficou com alguém não? Ele mata o cara pô, tu dúvida? Imagina ter culpa pela morte de alguém, Deus é mais.

Nayala: Falo nada porque não convivi com ele, mas o meu mataria, eu não tenho nenhuma dúvida quanto a isso.- Falou olhando pro lado.

Raissa: Aí cara, não sei. Pra mim, pela pessoa boa que ele foi pra mim nos últimos anos, isso nunca passaria pela minha cabeça. Mas eu nem sei se posso afirmar que conheço aquele parasita tanto assim! Porque eu dizia isso, e hoje em dia com tudo que veio a tona....cês sabem né? - Ela confirmaram juntas.

Nayala: Parasita Raissa? - Perguntou rindo.

Raissa: Quando não quero citar o nome eu falo assim.- Eu rir.- agora esquece esse homem, xô! - Fiz gesto de sai com a mão e elas riram.- e você Rafaela, tá se envolvendo com quem? Conte mais.

Rafaela: Ah pô, opção nunca faltou né, mas tô bem de boa nos últimos tempos, aquele doidinho lá ainda tenta conversar comigo acredita Raissa? Mas num quero não, deixei claro.

Raissa: Deixa ela vim que dessa vez minha madrinha corta a dele rapidinho!

Rafaela: Corta mesmo, ela disse que passa na rua, ele ainda chama ela de sogrinha e ela fala "sogrinha uma porra, me erra" mas ele não leva a sério não, mais brinca com ela que tudo. Se não fosse tão controlador quem sabe....

Estava anoitecendo quando pedimos a conta, nós três pagamos, a Rafaela disse que ia pra casa de uma conhecida dela que mora por aqui, mas que não ia demorar. Já avisei pra ela não esquecer de avisar pra minha madrinha, se não ela fica puta, é aquele tipo de mãe que deixa sair, mas tem muito cuidado, a todo momento quer saber se ainda está no mesmo lugar.

Me ofereci pra levar minha comadre em casa e a gente partiu pro Salgueiro, chegando eu pedi pra usar o banheiro rapidinho e quando sai indo pro carro na rua, eu vi ele. De tanto falar parece que atraiu, tinha olhado rápido mas quando olhei direito eu entendi.

Matheus estava com uma criança perto, ele pegou o menino e colocou no tanque da moto. Foi aí que ele me viu, eu sabia muito bem quem era, só assim, juntos, que eu pude ver o quanto os dois são parecidos. Não consegui tirar o olhar, nos encaramos muito, eu sentia uma coisa estranha dentro de mim, mas mesmo assim não parei de olhar.

Não foi uma coisa instantânea, que eu olhei e desviei, foi muito diferente, parece que eu fiquei vidrada naquele acontecimento. Foi como reacender tudo, quando percebi que a gente já se encarava demais, com um nó na garganta eu abrir a porta do meu carro entrando e dei a partida. Soltei o ar pela boca e fui até em casa com isso na cabeça, lembrando e relembrando daquela cena que mexeu tanto comigo.

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