my bluebird

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Lisa fingia não notar e Chaeyoung tentava não demonstrar.

E elas ficaram assim pelo resto da semana, fingindo que absolutamente nada aconteceu.

Lalisa a olhava sem ela perceber nas aulas de filosofia. Ela não conseguia parar de fazer aquilo. Chaeyoung era tudo que alguém com dois olhos precisa para se distrair. Era ridículo e ao mesmo tempo a dava altas doses de adrenalina. Houve até um dia que ela esqueceu de limpar a sua carteira como sempre fazia antes das aulas.

E isso não acontecia usualmente.

Chaeyoung também a olhava, principalmente quando Lisa estava sozinha no campus lendo alguma coisa.

Ela esperava Lisa ir até ela para conversarem outra vez. Mas Lisa nunca ia. Chaeyoung esperava ela olhar em sua direção. Tudo em vão. Esperava um momento em que elas se esbarrassem por aí e Lisa sorrisse para ela da mesma forma que ela sorriu na noite em que jantaram juntas.

Mas isso não acontecia. E isso tirava a paz de Chaeyoung.

Aparentemente, a vida não foi feita para os ansiosos. Ela requer um nível de autocontrole que Chaeyoung ainda está aprendendo a ter. Ela é impulsiva e faz a primeira coisa que passa na sua cabeça. Ela é intensa demais. E Roseanne ainda esta tentando decidir se isso é algo ruim ou bom.

— Esta dispersa.

Chaeyoung levanta as sobrancelhas quando ouve a voz fraca de seu pai. Ela olha para ele e sorri.

— Desculpe. — ela se ajeita na poltrona, se esticando para pegar a mão gélida do homem mais velho. — Eu só estava pensando.

O homem de cabelos grisalhos assentiu fracamente.

O senhor Park estava doente a um ano. Ele tinha um problema no coração, e estava na fila para transplante de um, mas já fazia um ano e sua situação ficou tão crítica que ele teve que ir para o hospital e deixar sua família por um tempo.

Chaeyoung, que estava na Inglaterra quando soube, ficou arrasada. Ela queria voltar para Nova York e ajudar seus pais, mas eles não queriam que ela largasse a faculdade de artes de Oxford. Porém, quando o senhor Park piorou, Chaeyoung e sua família não viram saída, ela teve que voltar para casa e ajudar sua mãe.

Não era fácil ver seu pai tão debilitado. Ele era seu melhor amigo e acima de tudo, era seu pai. Chaeyoung não conseguia se ver em um mundo sem ele. E Alice, sua irmãzinha mais nova de 12 anos, sentia muita falta do pai, ela não era mais aquela garotinha alegre de sempre desde que seu pai foi para o hospital.

A família de Chaeyoung ainda estava tentando se acostumar com a falta do senhor Park, mas não era fácil.

— E no que está pensando, querida? — a voz fraca do homem ecoa no quarto, Chaeyoung sente o dedo de seu pai acariciar a palma de sua mão, a deixando confortável para dizer o que andou fazendo esses dias.

— Sabe... — ela pensa por um segundo antes de falar. — Sabe aquela pessoa que o senhor disse que um dia eu encontraria?

Ela vê seu pai assentindo e morde o próprio lábio ansiosa.

— Vai me dizer que se apaixonou? — ele diz risonho, se esforçando para não transparecer seu cansaço.

É típico de Chaeyoung sentir vergonha de algo assim. Ela nunca imaginou que aquilo iria acontecer e ela gosta de ter a respostas para todas perguntas. Mas aquela, Roseanne simplesmente não sabia. Seu pai quase da risada.

— Não é bem isso. — ela disse lenta e tímida, desviando seus olhos para sua mão. — Eu mal a conheço, pai... mas eu sinto que meu coração será, irrevogavelmente dela.

Obsessive Compulsive Disorder ;; Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora