i don't do talking

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Quando algo acontece e assusta a gente, principalmente quando é recorrente, nós acionamos alguns sistemas de defesas que podem beirar o exagero.

Defendemos com unhas e dentes os nossos bens, nosso corpo e nossa mente fragilizados pelos episódios passados. Criamos desconfianças mais severas. Evitamos repetir os mesmos erros, por mais que eles não tenham sido nossos.

É uma forma de a gente tentar garantir que não vai acontecer de novo.

Quando temos nosso coração quebrado, costumamos agir da mesma maneira. Seguramos o peito com as duas mãos, com medo de que alguém nos roube outra vez. Andamos desconfiados e defensivos. Nos jogamos em relacionamentos casuais que não significam nada para nós, mas ainda temos medo de que isso mude. Tudo é motivo para sobressalto. Se enxergamos pessoas parecidas com aquelas que nos machucaram, tentamos fugir desesperadamente, mesmo elas sendo inofensiva. E não é culpa dessas pessoas que fujamos.

É só a nossa maneira de proteger nossa alma machucada e cansada de sofrer com os traumas passados.

Para Roseanne, era assim. Seu peito, ainda bate, machucado. Ele dói porque existe uma tailandesa de cabelos pretos e curtos que ela ama, mas que não a ama de volta. Ainda é difícil de respirar, e ela tenta encontra-la em outros corpos, em outras pessoas. Mesmo nunca dando certo.

— Esta ficando bom. Você é ótima nisso Chae.

Roseanne sorri com o comentário de Félix, suas mãos se posicionando sobre as suas na argila molhada. Eles moldavam a argila sobre a mesa giratória, e em duas semanas, aquele era o décimo terceiro vaso que eles estavam fazendo. Para Félix, o primeiro já estava ótimo para eles começarem a pintar e entregar o trabalho, mas Roseanne parecia buscar a perfeição, principalmente porque ela não tinha muita experiência com artesanato.

— Obrigado, você é um ótimo professor. — ela disse sorrindo enquanto usava as duas mãos para moldar as laterais do vaso.

Félix da uma risadinha enquanto retira as mãos da argila e deixa Roseanne trabalhar sozinha. Ele se levanta do banquinho que estava sentado e vai lavar as mãos no banheiro do ateliê de Chaeyoung.

O garoto se olha no espelho e não consegue tirar o sorriso do rosto. Ele parece tão bobo; o rosto cheio de rastros de argila, a camisa amarela que Chaeyoung havia o emprestado para não sujar a sua, ela era tão justa e fora do seu tamanho que apertava seus braços e abdômen. Os cabelos bagunçados e o suor escorrendo por sua testa. Aquelas duas semanas que ele estava passando com Chayeoung por conta do trabalho o estava fazendo sair saltitando por aí.

— Acho que está bom! — Chaeyoung grita para que ele a escute do banheiro. — Vamos deixar para secar.

Félix sai do banheiro e olha para todo o ateliê de Chaeyoung com as mãos na cintura, respirando orgulhoso. Quase todo o chão estava coberto de jornal, com os vasos que eles tinham feito, secando. Sua mesa giratória havia ganhado um lugar especial no meio do ateliê, junto com as telas, tintas e desenhos de Chaeyoung espalhados. Ele olha para a loira com as mãos sujas de argila, ela olha para ele e sorri gentil. Félix pensa que nunca esteve tão feliz.

— Ficou ótimo. — ele fala cheio de orgulho enquanto leva uma toalha meio úmida para Chaeyoung, ela tira o excesso de argila das mãos na toalha. — Você esta linda.

Chaeyoung morde os lábios enquanto olha para as mãos na toalha. Ela não consegue levantar a cabeça e olhar para Félix, não quando nos últimos dias as únicas coisas que eles estão fazendo é vasos de argila e se beijando por aí.

Ela não sabe exatamente o que está fazendo, talvez esteja no meio de um conflito interno sobre seus sentimentos e atitudes, mas no momento, Chaeyoung só quer se distrair, e bem, Félix está ali, todo bonito e tímido como um garotinho, louco para beija-la e arrancar sua camisa como um leão. Isso é tudo que ela precisa para parar de pensar em coisas que nunca acontecerão.

Obsessive Compulsive Disorder ;; Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora