O castelo...

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Ficamos todos em alerta.

" Como não ouvimos os gritos?? Ou não deu tempo de gritar ..." - um nó se formou em minha garganta.

Os grunhidos não pararam. Ouvíamos a movimentação da vegetação ao redor. Não eram apenas um. Estávamos todos apavorados. Até que a fogueira se apagou.

O breu tomou conta. Não conseguimos ver nada ao nosso redor. Apenas luz da lanterna acesa caída à uns 5 metros de nós.
Corri para tentar alcança a lanterna, mas algo avançou em minha direção. Não podia me juntar novamente ao grupo, pois a criatura me encurralou. Corri na direção contrária sem saber ao certo se estava conseguindo despistá-lo.

Corri em Zig Zag e ele investia na minha direção com tudo até que me encontrei frente a frente a um precipício. Em um dos seus ataques ele conseguiu me acertar, suas garras me seguraram e com o movimento, acabei rodando e caindo, rolando por um barranco.
Tudo rodava, levei a mão a nuca, sangue. Havia batido a cabeça. Tentei me levantar e mais sangue.. muito mais sangue.
A criatura havia me rasgado as costelas do lado direito. Olhei para trás e vi os olhos amarelos saindo das sombras. Era uma mistura de lobo com homem, nunca tinha visto aquilo antes, Me virei e vi uma ponte velha que balançava com o vento.
Eu não tinha escolha, de qualquer forma iria morrer. Se não fosse nas mãos da criatura, seria pela queda do precipício.
Não fazia idéia de quanto tempo nem a distância que corri, mas meu corpo parecia que iria falhar a qualquer momento.
Estou exausta!! Devo ter corrido uns 3 km dessa coisa e ela não aparentava nem um pouco cansada.
Se eu não tentar chegar agora até a ponte, eu vou morrer!

Respirei fundo, juntei o resto de forças que tinha e sai correndo em direção a ponte.
Não tive coragem de olhar para trás, mas ouvia a criatura grunhindo e respirando pesado atrás de mim.
Consegui chegar a ponte. Foquei na outra ponta e continuei a correr. A criatura saltou, o baque fez a ponte sacudir forte, no processo uma das cordas arrebentou.
Estava quase lá. Olhei para trás e vi a ponte descendo um dos lados como um grande aspiral. A criatura estava pendurada tentando subir novamente.
Com a agitação o outro lado também cedeu, no mesmo instante voltei a correr.
Ouvia a madeira estalando atrás de mim. Senti por um momento que iria morrer e numa última tentativa de adiar minha morte, joguei meu corpo em direção a ponta.
Me choquei com violência no chão. Novamente tudo roda. Me arrasto até a beira do precipício para verificar se ele havia caído de fato e me deparo com aquela coisa escalando as madeiras podres tentando subir a ponte que estava pendurada apenas por uma corda.

" Não pode ser!!"

Precisava pensar rápido. Lembrei-me da faca  que carregava comigo na cintura.
Saquei a faca e comecei a cortar a corda.

" ANDA!! VAMOS, CORTA LOGO! "

Via os olhos amarelos cada vez mais próximos. Faltava tão pouco. " NÃO POSSO MORRER AQUI!".

Ela esticou a mão para tentar me alcançar. Ergui a faca e a cravei na corda que cedeu instantâneamente levando a ponte e a criatura para o fundo do precipício.

Enchi os pulmões de ar e senti minha consciência ir embora junto com a minha expiração.

Depois de alguns minutos recobrei a consciência, fui me levantando devagar. A pontada aguda na costela, levo a mão e sinto o ferimento, ainda estou sangrando, bastante..
Levanto a cabeça e no meio do borrão que eu via devido a pancada na cabeça, enxerguei algo parecido com um castelo.
Começo a caminhar e ouço novamente os grunhidos.

" NÃOO NÃO NÃAAO! "

Juntei tudo o que sobrava de forças e voltei a correr.
Já não estava aguentando mais, me faltava sangue e me sobrava exaustão.
Estou quase lá.

"NÃO POSSO MORRER AQUI!!" - repito para mim mesma.

Comecei a sentir que ia apagar novamente, mas avistei o portão, parecia estar com uma fresta aberta. Senti que entrar seria o último movimento que eu conseguiria fazer antes de perder novamente a consciência. Então num movimento rápido me joguei novamente, mas dessa vez pra dentro dos portões.

Fechei os olhos e sinto que apaguei por alguns minutos. Novamente volto a mim mas permaneço de olhos fechados. Estava muito fraca.

"- O que são aquelas coisas???"- perguntei para mim mesma enquanto segurava meu ferimento.

"- Lycans. Tsc tsc tsc.. vai desejar ter continuado na floresta forasteira..."- ria sarcásticamente.

"Espera.... Essa voz... " - fui apagando aos poucos, enquanto era inundada por aquele sentimento estranho. Aquele.. que eu sentia quando via aquela porta daquele quarto no sonho.. o sonho...

"Não pode ser ..."

Forasteira..Onde histórias criam vida. Descubra agora