Remorso..

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[ Pov leitor ]

Elas saíram do quarto e comecei a pensar em tudo que conversei com Karen.

Talvez ela tivesse razão.
Talvez a condessa realmente gostasse de mim e estivesse tentando me proteger, mas porquê me esconder a história da cerimônia? PORQUE??

"- AAAARG!!"

Soquei o quarta roupas de raiva.

Droga!!
Porquê as coisas tem que ser assim???
Comecei a chorar ininterruptamente.
Ela está mentindo pra mim!
Se ela pensa que mentindo e omitindo as coisas está me protegendo, está muito enganada!
Está fazendo o oposto!!

Me joguei na poltrona a minha frente exausta, mas não fisicamente.
Karen parece tão bem com Donna.

AINDA TEM ESSA!
Não posso fazer isso com Karen. Seria muito egoísmo força-la a vir comigo, ela está feliz. Não tenho direito de pedir que ela me acompanhe.

Decido então ir sozinha e seria aquele o momento ideal.

Me esgueiro pelos corredores e consigo pegar a chave da porta.
Me certifico de que não há ninguém por perto e passo pelas escadas chegando a primeira porta. Passo por ela sem problemas.

Uffa! A primeira porta já foi.

Destranco a segunda porta e uma brisa leve me atinge.
Tem um bom tempo que não sentia aquela brisa.
O lado de fora cheirava a liberdade.
Olhei para trás vendo o interior do castelo e meu coração doeu. Como se minha alma chorasse como uma criança.

"- Adeus minha Lady, nunca vou esquece-la!"- meus olhos arderam, as lágrimas começaram a brotar junto com a vontade de voltar correndo para os seus braços.
Fechei a porta atrás de mim antes que pudesse cogitar mudar de idéia e munida apenas de uma lamparina, segui em meio ao breu.

Atravessei os portões e corri me guiando apenas pelas estrelas.
Após quase um km percebo que não estou só. E vejo olhos amarelos dentro do breu da floresta.

"- Aaah, de novo não!"- falei olhando para trás.

Corri com toda a energia que eu tinha em mim. A criatura começou a correr atrás de mim freneticamente. Após algum tempo correndo minhas pernas apreciam querer desistir de mim. Meus pulmões queimavam. Avistei uma fresta em um paredão de pedra  e corri naquela direção.

"- Eu consigo entrar, mas com certeza ele não."

Corri até a fresta e quando estava quase entrando ele investe contra mim e acertar meus pés. Com a investida ele perde o equilíbrio e cai a alguns metros de mim. Me levanto meio tonta e continuo correndo até a fresta.

Soltei a lamparina que caiu no chão criando uma barreira de fogo na entrada da fresta.
Entrei na fresta e sentia minha pele sendo esfolada contra as paredes.

MAIS FUNDO! ANDA! VOCÊ CONSEGUE!

Me apertei no fundo daquele buraco e a criatura ficou para o lado de fora. Ela tentava me alcançar a todo custo. O cheiro de pelos queimando tomou conta. Não havia mais espaço para tentar me espremer e a criatura estava cada vez mais perto.
Não parecia ser um Lycano era maior e com toda certeza, mais forte.
Sua aparência estava mais para um lobo, que para um humano.
Ele estava a poucos milímetros de mim. Talvez eu tivesse feito o cálculo errado. Talvez ele coubesse na fresta.

De repente ele foi arrancado violentamente do buraco. Ouvi a criatura em luta contra algo, até que ela começa a grunhir de dor. Um som alto de osso quebrando ecoa de dentro da penumbra e tudo fica em silêncio. As chamas do combustível da lamparina já haviam se apagado restando apenas a luz da lua. Tento enxergar alguma coisa, mas nada.

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