Carta...

1K 124 2
                                    

[ Pov Lady Dimitrescu ]

Na manhã seguinte me levantei e fui me vestir para começar minha rotina. Havia muita coisa a ser feita ainda hoje, muitos problemas para resolver referentes a adega e a ela...

Coloquei meu chapéu e dei falta das minhas luvas.
Lembrei que havia deixado elas no laboratório quando fui buscar os materiais para a coleta do sangue da S/N.

"- Minha cabeça anda tão bagunçada que as esqueci por lá."

Tinham outras luvas em meu quarto, mas aquelas já estavam alaciadas e muito mais confortáveis.
Me dirigi até o laboratório, estavam em cima da mesa junto ao microscópio. Estendo a mão para pegá-las quando resolvo dar mais uma olhada na amostra infectada e noto que algo aconteceu durante a noite.

As células da forasteira haviam mutado.
Mas em que tipo de mutação aquilo resultaria????
Era o tipo de resposta que eu só teria se S/N fosse infectada com o mofo e era algo que eu queria evitar, mas com certeza Mãe Miranda não teria esse tipo de preocupação..

"- Preciso descobrir se ela tem alguma doença ou algo do tipo!"- segui à passos largos para o quarto dela.

" Preciso mostrar que estou indo até ela em paz pra que ela me ajude a ajudá-la."- pensei. "- Provavelmente acordará com fome."

Encontrei uma serva pelo caminho e mandei que me trouxesse uma bandeja com um café da manhã caprichado.
Ela precisava comer, perdeu muito sangue nesses dois dias uma das vezes, por minha causa..
Uma ponta de remorso apareceu.
A serva me trouxe a bandeja e segui até o quarto onde ela estava.

Chegando ao quarto entrei sem bater, ela dormia profundamente, parecia finalmente desligada de tudo que aconteceu com ela até agora. Coloquei a bandeja em cima da penteadeira e a olhei.
Não havia parado para reparar em como ela era linda. Parecia um anjo. Um lindo anjo enviado para tirar a minha paz. Ou trazê-la de volta..
Aqueles sentimentos começaram a se arrastar dentro de mim novamente. Sem perceber fui me aproximando sem fazer barulho e retirei uma mecha de cabelo que estava em seu rosto acariciando-o levemente.
O calor de sua pele era confortante.
Ela foi acordando devagar.
Me sentei na poltrona perto da cama dela sem fazer barulho enquanto olhava ela se espreguiçar despreocupadamente.
Ela abriu os olhos e deu um salto quando me viu.

"- Bom dia minha querida."- ela me olhou com os olhos arregalados, dava pra ver o medo no fundo deles. Novamente o remorso apontou. "- Vá com calma, não queremos que esses pontos se abram novamente. Está com fome?"- mostrei a bandeja. "- Deve estar se sentindo exausta e meio tonta pela perda de sangue, coma algo, vai ajudar."- ela olhou a bandeja, mas não se pronunciou.

"- Vim para conversarmos."

"- Sobre o quê?"

"- Sobre você, gostaria de saber mais sobre minha nova dama de companhia. Se lembra de possuir alguma doença, crônica, sanguínea, autoimune?.."- fui direto ao ponto, não podia perder tempo.

"- Não que eu saiba, Alci.. minha Lady. Se tenho nunca se manifestou."- falou baixando os olhos.

Isso não me ajudaria.

"- Mas minha avó tinha uma doença crônica, nunca descobrimos ao certo o que era, mas soube que ela possuía essa doença."- completou.

" O mofo pode ter reagido a essa doença. Como reagiu a minha."- pensei.

"- Consegue me descrever algum sintoma?"

"- Não tive muito contato com ela então não me recordo bem, me desculpe minha Lady."

"- Compreendo. Bem, coma algo, ajuda bastante a se recuperar."- falei me levantando.

"- Sim senhora. Estou realmente faminta! Não sabia que perder sangue dava fome."- falou baixando a cabeça e corando.

Forasteira..Onde histórias criam vida. Descubra agora