🍷CAPÍTULO 1🍷

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Por mais que a neve se fizesse presente na pele sobre-humana do vampiro, ele não poderia sentir frio e muito menos arrepios. Ele era o sinônimo de frieza, frigidez e algidez; obtendo em conjunto uma mistura perfeita de perdição e indiferença. E mesmo estando ali, desesperado, segurando a cabeça ferida de sua apaixonante humana, não conseguia e nem podia sequer pensar em salvá-la com seu sangue mágico, pois sabia que esta seria mais uma tentativa falha de viver a eternidade ao seu lado.

Mas por quê? Por qual motivo ele se recusava a depositar duas gotas de seu doce sangue sobre a boca de sua amada? Por que, mesmo sendo capaz de livrá-la de toda dor e sofrimento de ambos os lados, principalmente da mulher em seus braços, ele se recusava a fazer este simples ato? O motivo era claro: havia presenciado em seus 137 anos, sua paixão morrer em inúmeras tragédias, para que em outro futuro, pudesse encontrá-la novamente. Aguentar anos de espera, vagando sozinho sob ameaças do Conselho, nunca obtendo sucesso em salvar sua vida e caso ele a transformasse em vampira, ela deixaria de existir pela eternidade.

Amelie derramava lágrimas de agonia, angústia, aperto e exasperação; podia confirmar que era uma duplicata de seu amor e, mesmo sabendo que era uma maldição, não havia uma graça derramada sobre ele.

- Eu não consigo dizer adeus... - lamentava Jungkook, angustiado, a observando perecer aos poucos em seus braços.

A ligação entre ele e todas as duplicatas de sua amada crescia a cada nova aparição delas em sua vida e essa não seria uma exceção. Ela era forte, cativante, atraente e sedutora e, por mais que estivesse extasiada com um conjunto de sensações físicas dolorosas intermitentes que não a deixavam sequer ditar uma pequena palavra, Amelie elevou sua mão, afagando o rosto de seu amado. Ali ela podia senti-lo por uma última vez, podia tentar confortar sua dor com um simples toque mais uma vez.

Jungkook, por outro lado, arrebatado pela dor que sentia ao ver sua paixão cada vez mais próxima da luz, agarrou-a fortemente em seus braços, sentindo seu último suspiro soar sobre a curvatura de seu pescoço. Uma onda forte de tormenta foi presenciada, sendo possível sentir a felicidade das bruxas que cravaram essa maldição sobre suas almas. Morosamente, se levantou, com o corpo de Amelie aninhado em seus braços, tendo a esperança de que pudesse mostrá-la seu último pôr do sol, para que descansasse se lembrando do quão especial havia sido o momento em que ambos se conheceram; no qual ela sempre sugeriu ser o mais feliz de sua vida.

A escuridão permeou e o tempo parou, Jungkook já se encontrava sobre a grande sacada de sua casa, dado pela capacidade sobrenatural, utilizando da grande velocidade que possuía em atribuição a seus poderes. Era o maldito destino que o fazia perdê-la a cada 17 anos durante uma vida inteira. Ele desejava que tudo aquilo acabasse para poder amá-la sem restrições, por toda a eternidade. Desejava poder ultrapassar o dia 17 de junho sem medo, sem a maligna ansiedade de que qualquer tragédia pudesse acontecer a qualquer momento.

Amelie estava de olhos fechados e mesmo assim ele conseguia ouvir seus batimentos cardíacos cessando, a dor agridoce testando em sua língua na medida em que, lentamente, ela o deixava. Algum dia, ela voltaria e, até lá, Jungkook teria que caminhar sozinho por este mundo triste e solitário de incontáveis fragilidades moldadas. Teria que ver o sol se pôr incontáveis vezes, sentindo a saudade lhe atingir, as lembranças o rodearem, e a razão para ele seguir nesse ritmo torturante sempre à beira de sua mente: Amelie.

- Meu amor, jamais se esqueça de que meu coração sempre será seu, minha vida amaldiçoada e meu destino perdido estão entregues a você. Gostaria que se lembrasse das tristezas e felicidades que vivemos nesta sua vida, e que possa escutar as batidas do meu amor para que possamos nos encontrar novamente já que, como alguém morto, meu coração já não bate em vida, mas sempre irá disparar de amor por você. Não hesite, apenas venha me encontrar. Deixe que minha voz a guie por esta estrada escura, e que os breves fios de lembrança sejam vagalumes que iluminam sua caminhada, para finalmente ser o meu amor em chamas na sua nova vida. - Ditou, com um sentimento terrível de dor e um pequeno sorriso nos lábios frios. Por mais que ele tentasse evitar, era impossível não se segurar contra a turbulência.

Sem medo, Jungkook depositou um último beijo na alma perdida, libertando-a da cadeia de sofrimento para que ela pudesse finalmente partir. Um último beijo de despedida que, com o toque suave e amoroso, dizia que ele estava à sua espera, assim como esteve em todas as suas vidas, e na próxima ele também aguardava para tê-la em seus braços mais uma vez; a aguardava para lhe dar o amor que crescia mais a cada dia.

Estava escuro, era hora de dizer adeus e agora ele precisaria esperar algumas estações para que pudesse encontrá-la novamente, para que pudesse ativar esse sentimento outra vez. Por mais que essa maldição tenha sido depositada por bruxas estupidamente invejosas, ambos eram almas sombrias destinadas a ficarem juntas. Suas lágrimas eram a mais nova chave para destrancar um novo destino, era preciso derramar lágrimas sobre o coração de Amelie; necessariamente e impiedosamente lágrimas de dor, as quais tornariam, por fim, o corpo da garota em pó a se espalhar ao vento em um sopro, até que encontrasse seu novo destino, voando juntamente ao vento que antes, acariciava a pele gélida de Jungkook.

Jungkook pôde sentir sobre os seus braços um vazio incontável, e aos poucos, quando abriu os olhos, percebia que Amelie havia partido; ela, agora, estava sendo guiada pelas borboletas que brincavam com o pó de obtenção ao cheiro de baunilha. E observando aquela cena, pôde perceber que sua próxima vida seria diferente, conseguiria um apoio nela onde, silenciosamente, abriria seu coração de verdade enquanto recordaria e reviveria tudo aquilo que estavam destinados.

Além de sonhos e imaginação, obtinham o calor e a sensação radiante de paixão com amor, no qual o dia 17 de junho sempre os impedia de viver. Jungkook sempre foi um vampiro controlado e mesmo tendo observado de 17 em 17 anos o corpo de sua amada se transformar em pó, sua humanidade não era abalada. Pelo contrário, no fundo ele sabia que era necessário estar em sã consciência para que sua paixão pudesse encontrá-lo novamente para amá-lo como o destino ordenava. O bom senso era sempre por meio do uso da razão, e as duplicatas que sempre eram doces esperavam isso dele. Não tiveram a chance de dizer adeus e, por si próprio, decidiu seguir seu caminho até que se cruzassem novamente.

Última Chance • JJK Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora