🍷CAPÍTULO 4🍷

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Com a plena certeza de que finalmente encontrou sua possível metade uma última vez, como se não houvesse amanhã, Jungkook seguiu retornando todos os dias ao fim do pôr do sol no mesmo café para que pudesse finalmente reencontra-la e colocar em prática seu breve plano para ligar-se novamente a garota, mesmo que, com um só olhar, suas almas se ligassem novamente pelo fio vermelho do destino. Hina continuava surgindo em sua cabeça a cada vez que Jungkook piscava seus pequenos olhos trazendo à tona todas as lembranças que acumulou em todos os anos que a jovem esteve ao seu lado.

Era doloroso saber que precisava conquistá-la todas as vezes que sua duplicata renascia, mas ao mesmo tempo o mesmo se sentia bem sabendo que passaria mais e mais vezes testando seus limites e o de seu amor. Enfim a felicidade se fez presente novamente. Jungkook que se encontrava sentado em uma mesa pequena de madeira no canto do café pouco iluminado ouviu finalmente o soar dos sinos que indicavam a entrada de uma nova pessoa dentro do recinto e, finalmente, ali estava, uma garota de cabelos negros, olhos puxados como uma jabuticaba e lábios carnudos que traziam um sentimento de afogamento em êxtase sempre que eram tocados ou vistos por todos aqueles que se sentiam atraídos por ela. A garota se dirigiu a uma mesa próxima a Jungkook e pediu "o café de sempre" aonde pôr fim ao ouvir os talheres e copo baterem sobre a mesa sentiu finalmente a face de Hina que estava escondida sob uma máscara, observando também que infelizmente, uma monocromática e infeliz lágrima caia de seus olhos assim que a garçonete se dirigiu novamente ao balcão para atender os outros clientes.

Era assombroso vê-la de tal maneira e mesmo assim Jungkook se sentiu na obrigação de conversar com ela, por mais que não soubesse nada sobre sua nova personalidade ou até mesmo a maneira que a garota trataria um desconhecido desleixado em busca de informações sobre sua vida. Jungkook se levantou depressa e seguiu com pequenos passos até chegar à mesa redonda que Hina se encontrava observando e passando o dedo sobre a beira de seu copo antes de dar um gole.

— Eu não pude deixar de notar que há algo te afligindo nesse momento... Gostaria de desabafar comigo?

— Não é da sua conta — Respondeu a garota sem rodeios e com a voz áspera sem sequer olhar para a pessoa que lhe perguntava sobre seu estado emocional naquele breve momento; mas ainda assim, insistente como era, Jungkook continuou até que a moça a sua frente pelo menos olhasse em seus olhos.

— Eu sei que não é, porém como uma pessoa de bom coração como eu — Ditou em tom de deboche eminente — Não consigo olhar para o seu rosto e ver sequer uma lágrima cair... Ah, perdão pelo meu desaforo, me chamo Jungkook — O rapaz conseguiu aquilo que queria: finalmente Hina levantou o olhar e seguiu a íris negra do garoto a sua frente fazendo ondas fortes de arrepio atingirem os dois que, neste momento, encontravam-se navegando pouco a pouco em olhares.

Aos poucos Hina foi tomando consciência novamente e alterou rapidamente seu olhar para algo matador ao garoto a sua frente, o observando de uma forma que o mesmo nunca havia visto em outras vidas, compreendendo que este seria o início de uma nova história interessante.

— Faça um favor a si mesmo e pare de tentar dar em cima de mim porque minha paciência no dia de hoje se encontra no limite — Tomou um gole de seu café novamente — Se quer saber como eu estou e está tão interessado em mim como seu olhar demonstra procure alguém que se pareça comigo lá na esquina para encher o saco — Jungkook soltou uma breve risada lembrando-se da ironia imperceptível que todas as suas faces tinham e assim sentia saudade das pequenas raivas em todas as palavras irônicas que saiam dos lábios da garota.

— Irônico, mas não deixa de ser — Ditou o garoto ainda sorrindo de suas palavras — Obviamente, irei obedecer vossa senhoria e me direcionar a esquina para procurar alguém que pareça consigo, mas creio que não possa encontrar mais de uma nesta vida — Disse o garoto fazendo reverência e sorrindo, se dirigindo até o balcão e pagando pelo seu café. Em seguida, saiu pela porta deixando Hina com um sentimento de confusão e interesse.

Apesar de estar perdida em seus pensamentos, era evidente como aquele cara de jaqueta de couro e boné preto atraíam os olhos da garota, mesmo passando por passos lentos possivelmente querendo chamar a atenção dela que o seguia com um olhar maquiado com seu pó mortífero. Por um breve momento, ele a fez bem, trouxe a Hina um breve sentimento de algo que lhe parecia engraçado, um pequeno deboche saudável. Era aquilo que Hina procurava há anos; que sua dor fosse substituída por qualquer sentimento que não a fizesse lembrar de tais conjunturas.

Confusão e desolação eram as únicas coisas presentes na mente de Hina, além do sentimento ignóbil ao lembrar do caráter vil que seu ex-namorado guardava dentro de si fazendo a garota entrar em um colapso a qualquer momento. O recente término com seu namorado mexeu com sua cabeça de forma estranhamente positiva, Hina o amava, mas era somente em palavras e pequenas ações; seu coração nunca se sentiu realmente completo ao lado de Leon e, mesmo tentando se perder no limbo da paixão com o mesmo, ela sentia que aquela nunca seria a maneira ou a pessoa que lhe faria feliz até seu último suspiro. Mesmo sem qualquer necessidade, o garoto a tratava como um brinquedo quebrado ou um coração despedaçado que precisava ser consertado, mas, mesmo após a perda de seus pais, a garota nunca demonstrou a sua dor, pois sabia que no fim as pessoas jamais entenderiam a maneira que o vazio poderia matar alguém somente estando presente em sua vida. Tudo que Hina desejava era poder estar ao lado da pessoa que lhe faria bem sem se lembrar do passado ou sobre todas as coisas que faltavam em seu coração. Ingênua, talvez? Desejar a felicidade em meio a tanta perdição em sua vida seria egoísmo, quem sabe?

Ao finalizar finalmente seu café, a garota seguiu viagem após pagar o pequeno valor que lhe foi cobrado pelo consumo e por sua mente esperta, deixando as moedas em cima do balcão sem ao menos olhar para frente pois já sabia exatamente o valor do custo e quem estava lhe atendendo no momento. Apesar de querer sentir novamente o desvio de seu coração, Hina se dispôs a pegar o caminho contrário que Jungkook havia tomado, pelo medo de encontrá-lo novamente e se perder em palavras ou olhares que por certo, neste momento, evitava a qualquer custo. Palavras e mais palavras, olhares e condolências, avidez e desgosto. Tudo fazia a garota seguir pelo caminho mais longo até sua casa, porém, sozinha, conseguiria pensar em tudo aquilo que lhe causou os sentimentos de aflição e agonia apenas por estar vivendo ao lado de alguém.

Última Chance • JJK Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora