Insônia

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"– Mãe?

Gerard adentrou a casa, depois de um dia cansativo de trabalho. Pôs seu casaco de frio no cabide, junto com sua cartola.

– A senhora não vai acreditar na novidade!– Gerard atravessou a grande sala, indo em direção a cozinha, estava eufórico demais para contar o seu dia, que foi marcado por ter feito um grande negócio com um comendador, que lhe pagaria o bastante somente para lecionar seus funcionários.– Mãe? Onde você está?

Foi até a cozinha, onde estava tudo escuro, o que era estranho. Sua alegria de antes aos poucos foi perdendo força, a medida que chamava por sua mãe, e ela não lhe respondia. Donna geralmente não saia de casa a não ser por urgência, ainda mais a noite. Gerard começou a vasculhar cada cômodo de sua casa de dois andares. De repente, ouviu um barulho no quarto de sua mãe. Seu coração começou a palpitar, e sua respiração ficou um pouco mais pesada. Ela só podia estar lá, então com passos lentos, se aproximou da porta. O barulho parecia de algo sendo arrastado do lugar. Engoliu em seco, e girou a maçaneta fria do quarto.

Se o resto da casa estava no breu, este cômodo pelo menos era iluminado parcialmente pela luz da lua, advinda da janela.

– Mãe? Você está aqui?– Sua voz estava estranhamente frágil. Mas porque teria medo? Do que temia?

Só havia um lugar do quarto grande onde não era iluminado, que era um canto perto do armário grande. Gerard fixou seu olhar ali, parecia temer o que haveria de sair da escuridão. Foi quando ouviu um rosnado. Sim, era algo como um cão de caça raivoso, só que mais ameaçador. Seu coração estava para quase a sair pela boca, e sentiu um cheiro putrefato, que por pouco não o fez vomitar. Foi quando viu dois pares de olhos flamejantes o encarando no breu. Gerard só queria correr, mas seu corpo não respondia, era como se aqueles olhos acompanhados de um rosnar selvagem o obrigasse a ficar ali, o encarando eternamente. Seja lá o que diabos fosse, saiu da escuridão, e Gerard pôde perceber que aquilo era longe de ser um cão, era uma criatura bestial escura de olhos vermelhos, e este rosnava em sua direção. Gerard só queria sumir, evaporar, ou fazer qualquer coisa que o tirasse daquele lugar. Mas não teve muita ação quando a criatura literalmente pulou de onde estava até em sua direção, abrindo uma bocarra de dentes que pareciam facas afiadas. Ali podia ter certeza que era seu fim..."

– Ahhhh!!!

O professor acordou de sobressalto, sua respiração estava tão rápida que dava a impressão de que havia corrido milhas de distância. Estava literalmente pingando de suor devido a noite abafada, e piscou várias vezes pra ter certeza de que estava acordado. Contou até dez e respirou fundo até que seu coração se acalmasse. Tudo bem, era só um pesadelo, dizia. O problema era que isso estava ficando cada vez mais frequente, e isso lhe tira as as noites de um sono justo, visto que esses eram os únicos dias em que pelo menos descansava antes de reiniciar todo o ciclo licantropo. Sentou na cama macia do médio quarto de hóspedes, olhando para o escuro. Como não haveria de dormir novamente, resolveu aproveitar para tomar um pouco de ar lá fora.

                           ***

Depois de atravessar o longo corredor frio do segundo andar da mansão, Gerard desceu as escadas com cuidado. Verificando se não havia nenhum guarda do lado de fora, foi até a cozinha, o único lugar onde tinha  uma chave na fechadura. Fez o menor barulho possível, porém seus ouvidos eram aguçados, e ficava alerta a cada vez que ouvia um rangido.

Conseguido finalmente sair da cozinha, o professor foi até o jardim, onde a estátua do anjo parecia ainda mais sombria a noite com suas asas abertas, de uma forma esplêndida, porém amedrontador. Gerard pôs se a passear pelo jardim, afim de tentar apaziguar as emoções internas.

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⏰ Última atualização: Sep 22, 2021 ⏰

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Wolf Blood (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora