Aventuras pequenas

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– Este cálculo... Ora, este cálculo é o mais básico de todos! Não é tão difícil quanto você imagina, Sr. Iero. Só precisa se concentrar mais...

– Fácil pra você!– Resmungou o mais novo.– E além do mais, está tudo muito complicado para mim... Talvez seja esse clima árido desta cidade... Eu não sei, mas eu não consigo me concentrar nestes bando de números e equações!

Gerard suspirou fundo. Por mais que possua toda a paciência do mundo, lecionar para Thomas era mais difícil do que imaginava. O jovem era peralta. Todas as vezes em que tentava ensinar os cálculos, Thomas fazia questão de tentar o distrair levantando alguns assuntos aleatórios. Mas Gerard tinha que admitir, pelo menos o jovem era curiosamente culto. Seus assuntos envolviam artes, ciências, histórias sobre a cidade e algumas curiosidades sobre a sua família e vez ou outra algumas travessuras que tinha um certo orgulho de mostrar. Seu único ponto fraco mesmo era a aritmética. Gerard pousou o grande livro sobre a mesa de uma sala própria que o Sr Iero cedeu para que ensinasse seu filho.

– Você quer... Alguns minutos de intervalo?– Indagou, tentando não olhar diretamente para o jovem, pois para ele, era mais do que hipnotizante, era perigoso. Thomas possuía um certo poder de desarma-lo toda vez que queria algo, e Gerard odiava isso.

– Sério? Até que enfim!– O mais novo se levantou da cadeira o mais rápido que pôde, eufórico. Mas assim que pousou o olhar em Way, se conteve.– Quer dizer... Desculpas, senhor Way. Eu não o queria parecer grosseiro...

– Tudo bem, Thomas. Aliás, eu já estou um pouco cansado também. Amanhã terminaremos o exercício. E depois, já está escurecendo...– O mais alto olhou para a janela. O céu estava com uma tonalidade anil. Gerard agradeceu mentalmente por aquela noite não ser mais de lua cheia.

– Eu tenho uma ideia melhor. Que tal irmos a feira amanhã?

– Feira? – Gerard o olhou confuso. Jamais pensaria uma pessoa como Thomas indo em um lugar caótico como  o centro da cidade.– Eu não entendi...

– F-e-i-r-a! Feira! Lugar onde se vende diversas coisas que geralmente você não encontraria em lugares onde pessoas da minha família não frequentaria. Amanhã a tia Constance vai a feira comprar algumas verduras para o jantar, e como o papai irá para a cidade vizinha tratar de seus negócios, não teremos a vigilância do velho. Podemos escapar com ela, para fazermos o que quisermos.– Respondeu Thomas, com um certo tom de malícia. Gerard engoliu em seco.

– Mas e quanto ao seus tios? Eles ainda estão aqui.

– Eles? – Thomas deu uma risada.– Garanto que a única coisa que eles sentirão falta é dessa mordomia toda quando forem embora daqui.

– Bem... Eu não sei...

– Gerard, por favor... Eu prometo estudar o dobro da matéria quando voltarmos...– Gerard tentava olhar para todos os lados que não fossem aqueles olhos pidão. Thomas as vezes era pior do que uma criança quando fazia chantagem emocional utilizando uma expressão triste. Mas não resistiu.

– Está bem... Amanhã você tira o dia de folga. – Thomas deu um largo sorriso. Porém Gerard advertiu.– Mas quando chegarmos, você terá de estudar todo o conteúdo que lhe ensinei nesta semana. Sem truques! Senão...

– Senão o quê?– O jovem se aproximou perto demais, com as mãos apoiadas na mesa, próximo ao rosto de Gerard, que teve a impressão de ter prendido a respiração, e seu coração teve uma repentina palpitação.

– S-enão... Eu conto pro seu pai...– Respondeu Gerard, porém sua voz saiu um pouco falha, e se insultou mentalmente por isso. Thomas o encarou por mais alguns segundos. Depois começou a gargalhar, deixando seu professor confuso.

Wolf Blood (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora