Tormento

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Oii
É engraçado que dizem que quando a gente faz uma fic pela primeira vez, e depois vai pegando tanto gosto que você tem vontade de criar mais. Então, aqui está mais uma fic de temática criaturas sobrenaturais Frerard. Essa foi inspirada em um livro que li no ensino médio e é brasileiro, e pensando nisso, fiz uma adaptação Frerard
E vai se passar em duas épocas, uma em 1880 e outra em 2020
E claro, um Gerard do Return e um Frank de Black Parade e Frank de Parachutes
E sem mais delongas
Uma boa leitura o/
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1880, em algum lugar de Massachusetts...

O clima na floresta estava amena. A leve brisa que denunciava a chegada do outono pairava sobre aquele lugar. Sempre que podia, ia até o lago apreciar a paisagem e se possivel, se refrescar. Havia descoberto esse lago há uma semana, desde que resolvera se aventurar pela floresta. O lugar era extremamente calmo, e a moça que molhava seus pés na margem, levantando o singelo vestido em tons amarelados, sentia a água um pouco fria naquele dia. Celine gostava de como o movimentar das pernas na água faziam pequenas ondas ao redor. Era uma das pouquíssimas pessoas que se aventuravam na floresta, mesmo sobre o alerta de que alguns animais ferozes podem rondar por ali.

Estava tão entretida na sua pequena brincadeira que simplesmente não viu a hora passar, quando se deu conta, o céu já estava ganhando tons mais escuros, e a lua cheia estava evidente. Já era hora de ir para casa. Celine se levantou da pedra em que estava sentada na margem do lago e ajeitou seu vestido. Já estava calçando a sua botina, quando ouviu um ruído vindo na direção da floresta. Alerta, Celine rapidamente calçou suas botas e caminhou em um trecho que, por mais alguns metros, ficava sua residência. 

Depois de quase quinze minutos de caminhada, a garota conseguiu enxergar uma pequena lamparina acesa detrás de sua casa, já se sentia aliviada. Antes de continuar, ouviu passos que chegavam cada vez mais perto. A garota estremeceu. Apertou os passos. Agora um grunhido pôde ser ouvido junto. A garota começou a correr, seu coração estava perigosamente acelerado, e um pavor começava a tomar conta de seu corpo. Mal teve tempo de olhar para trás.

Já estava dentro do terreno onde separava seu quintal do resto da floresta, quando tropeçou em alguma pedra. Desesperada, gritou por ajuda. Celine tentou se levantar, mas seu pé esquerdo estava muito dolorido. Só teve tempo de se virar para ver o que a perseguia. E o que estava atrás de si fez gelar todos os ossos de seu corpo frágil.

Uma silhueta de uma criatura que parecia ser um lobo, com as patas traseiras um pouco mais longas que as da frente, sua pelagem escura parecia cintilante sob a luz da lua pálida no céu, seus dentes proeminentes e salivados, denunciavam que estava prestes a degolar a sua presa. Seus olhos mantinha uma cor amarelada, o que dava um tom mais sombrio aquela criatura maldita. Só teve tempo de gritar o mais alto possível. A besta estava a poucos metros. Não havia nada o que podia ser feito. Iria morrer pela sua ingenuidade de sair pela floresta sozinha.

Antes que sua visão ficasse cada vez mais escura, Celine só conseguiu ouvir um forte estrondo. Das poucas coisas que conseguia discernir, viu seu pai saindo da porta dos fundos com algum objeto que parecia ser uma carabina, que usava para caças. A besta sai rapidamente para a escuridão da floresta, mas Celine pode ver uma mancha do que parece ser sangue manchando as pontas do seu vestido amarelado. Seria o seu? Seria da criatura? O que importava para Celine, é que agora só queria acordar deste pesadelo mórbido, antes de apagar completamente e ser levada para dentro de sua casa.

                                 ***

A luz do sol estava queimando o seu rosto.

Demorou alguns segundos para abrir os olhos. Quando abriu, a claridade estava-o quase cegando. Pôs uma de suas mãos na frente do sol para tentar tapar a luz que incomodava. Passado mais alguns segundos até que sua visão se acostumasse com o dia. Passou a olhar ao redor para ver onde estava. Haviam árvores de grandes portes, cujas folhas mesclavam entre o verde e o laranja, indicando a presença do outono. Mais uma vez passara a noite em uma floresta.

Gerard já perdera a conta de quantas vezes havia acordado na floresta. E sempre não se lembrava o que fazia ele acordar lá. Respirou fundo e tentou se levantar, mas uma dor aguda o fez parar imediatamente, olhou para o local da ferida. No seu lado esquerdo da costela havia uma ferida provocada pela bala. Colocou os dedos como em formato de pinça e adentrou a ferida, estremecendo de dor. Gritou quando conseguiu pegar a bala com os dedos e retirou bruscamente. A ferida sangrou. Levou uma das mãos até o lado para tentar estancar o sangramento e com a outra segurava o pequeno objeto que acaba retirando de si. Era uma bala simples. Deu sorte de não ter sido uma de prata, senão, o ferimento seria pior. Reuniu todas as forças possíveis para se levantar. Com um pouco de dificuldade conseguiu ficar de pé. E só agora havia percebido que estava totalmente nu. Era sempre assim. Caminhou pela floresta, havia uma trilha mais adiante que Gerard conhecia e seguiu até chegar em um vilarejo. 

                                ***

Constance havia terminado de lavar um cesto de roupas em um rio. Agora só faltava ir até a capela verificar se ainda havia sobrado alguns pães que o padre prometera deixar assim que o culto acabasse. A capela ficava no centro da cidade e a senhora de meia idade atravessou a grande praça para ir pra lá. Ao adentrar o lugar, que ficou iluminando pela luz que vinha da porta, quase teve um infarto. 

Um homem, praticamente nu estava deitado sobre as escadas perto do altar. Assim que viu a senhora, se encolheu mais ainda.

– Senhora... Eu. Posso explicar...– Gerard estava tão vermelho quanto a mulher, que o olhava com indignação.

– Olha aqui seu moço, você deveria ter vergonha! Isto aqui é a casa de Deus você não tem respeito não?– A mulher, revoltada iria se aproximar de Gerard para dar uma bronca, mas ao olhar para baixo, notou uma poça de sangue. – Está ferido... Moço você está ferido! O que houve?

– É uma longa história...– Gerard estava de lado, tentando esconder a ferida quando a senhora se aproximou com um pano para limpar o sangue no chão.– Não! Não toque nesse sangue! 

– Porque não? Se o padre ver isto aqui vai desconfiar de alguma coisa... Por acaso você não é algum bandido que saiu da prisão, não é?– Constance indagou. Apesar dos olhos cansados e meio sujo, Gerard não parecia ser algum bandido ou criminoso, a julgar pelo modo de falar. – Mostre me a ferida...

– Senhora, eu não quero incomoda-la, e-eu estou nu...

– Ora, pare com isso! Eu tenho três filhos homens e um marido e eu sei muito bem o que você esconde entre as pernas, então não tenha vergonha. Eu só quero ajudar.– Vendo que não havia outra saída, Gerard cedeu e mostrou o ferimento.– Nossa... Como conseguiu se ferir desse jeito?

– É... Eu... Fui assaltado... é isso, eu fui assaltado. E levaram as minhas roupas.

– Pobre homem...– A senhora lamentou– Olha, eu vou te levar para casa. Você tem que cuidar disso...

– Senhora, não será necessário... Eu já estou melhor...

– Desse jeito? Não faça desfeita, vamos, eu te ajudo.– Constance deixou a cesta no chão e ajudou Gerard a se levantar. Com um pouco de dificuldade, conseguiu ficar de pé, apesar de estar um pouco tonto.– Olha, eu não posso deixar você ir desse jeito na rua, então...– pegou um vestido de tons rosados, meio desbotadas pelo tempo e entregou a Gerard. Pegou também um pano e ajudou a enfaixar todo o tronco do homem, afim de tentar estancar o ferimento e logo em seguida, pôs o vestido, e para finalizar, cobriu o rosto com um xale de tons claros. Não era uma roupa decente para ele, mas era melhor do sair pelado. Antes de sair da capela, Constance foi até a porta para ver se não havia ninguém, e sinalizou para que Gerard o seguisse, e saíram juntos da pequena igreja.

Wolf Blood (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora