E lá estava um detalhe que esquecemos: o status de relacionamento da Paula. Eu não sabia se a ela tinha um relacionamento, ela nunca havia mencionado nas aulas e ela falava bastante sobre a vida, típico de professores. Senti a minha garganta fechar enquanto esperava a resposta da professora.
- Relaxa, olhei as redes sociais dela no início das aulas e vi que ela é solteira. – Pauline sussurrou.
- Stalkear! – Margot cochichou.
- Eu estou solteira. – A mais velha respondeu enquanto averiguava o bilhete que eu e as meninas havíamos escrito, em seguida pegou o print da página e riu. – Um admirador secreto... ou melhor, uma admiradora secreta? Não sabemos.
- Como assim admiradora? – Pauline sussurrou novamente dando ênfase do "A", mas dessa vez com um tom mais baixo, como se tivesse falando consigo mesma. - Ela sabe? – Questionou-se.
- Nossa, o processo vem. – Falei brincando, mas já cogitando isso, caso ela achasse aquilo ruim.
- Vamos dar seguimento a nossa aula de hoje. – A turma protestou, Paula riu e caminhou até a bancada para ligar o projetor que estava desligado. - Giulia! – Chamou o meu nome e parei de respirar por alguns segundos. – Você poderia tentar ligar o projetor que fica exatamente em cima de onde você está sentada? – Perguntou.
- Claro. – Falei. Com as pernas trêmulas subi na carteira e liguei o bendito projetor.
- Obrigada. – Agradeceu, mas ainda continuou com o olhar fixo no meu. Passou inúmeras coisas na minha mente e eu só me perguntava se ela realmente sabia que eu e as meninas estávamos envolvidas nisso e qual seria o próximo passo dela.
A aula transcorreu como de costume, mas sem contato visual como era de costume. Quase não prestei atenção na sala, só queria surtar em particular com a Margot e Pauline.
- Giulia, eu preciso falar com você. – Paula disse assim que liberou a turma. Todos me olharam com curiosidade, eu agradeci por estar sentada, pois provavelmente eu iria desmaiar ali mesmo. Olhei de relance para as meninas que deram um sorriso amarelo.
Esperamos que todos saíssem da sala. Ela estava tranquila, apagou a lousa, desconectou o cabo do notebook e organizou as coisas dela. Perguntei-me se ela estava testando até onde ela aguentava.
- Então, estive me lembrando da nossa última conversa, sobre você estar escrevendo um artigo na área da educação e eu consegui uns livros que vão ser úteis para a sua pesquisa. – Ela disse se aproximando da minha carteira, ao ouvir aquilo respirei aliviada, um peso havia saído dos meus ombros, eu já estava criando mil cenários e em todos eles ela estava me esculachando e perguntando se eu tinha algum problema. – Você está me ouvindo? – Sai dos meus devaneios assim que ela parou na minha frente.
- Claro que sim, professora. – Tentei disfarçar a minha distração de segundos. Ajeitei a minha postura na carteira e falei: - Será de grande ajuda, pois não encontrei tantos por aqui, não para alunos.
- Então, esse é o ponto. Isso vai ter que ficar entre nós duas, pois os livros são de acesso dos professores. – Meus olhos brilharam e ela esboçou um sorriso que terminou de me deixar tímida. - Amanhã eu estarei aqui na universidade ás 14h, você pode me encontrar no café que fica perto da reitoria? – Perguntou-me. Eu não tinha aula na parte da tarde no dia, mas eu não iria perder aquela oportunidade e logo confirmei. – Ótimo, espero por você. – Disse tocando meu braço. Um gesto simples? Sim, mas pelo o que eu tinha percebido naquele curto tempo de convivência era que ela não era lá uma pessoa de toques, demonstração de afeto ou algo do tipo. Sorri mais uma vez e a assisti deixar a sala.
Como de costume eu desci para o hall da universidade, mas as meninas decidiram que iriam ficar nas escadas da entrada da universidade, já que Margot iria esperar o ficante dela e não queria esperar sozinha. Uma colega nossa da sala desceu e nos encontrou, ela acendeu um cigarro e me ofereceu um, eu não fumava, mas eu estava tão elétrica das coisas que vinham acontecendo, a Paula, fim do semestre e outras coisas, que acabei aceitando. A garota logo foi embora e eu fiquei fumando, o que incomodou as meninas que não gostavam.
- Eu não acredito nisso. – Ouvimos a voz com o sotaque carregado da Paula se aproximar de onde estávamos. - Você está tão elegante hoje e o cigarro está arruinando tudo. – Desceu até o degrau abaixo do que eu estava sentada, pegando o cigarro da minha mão. – Isso não combina contigo, meu bem. – Falou descarando o cigarro numa lixeira mais abaixo. Olhei para as meninas que mantinham o olhar no celular tentando disfarçar, mas eu sabia que elas estavam tão incrédulas quanto eu. – Espero você amanhã. – Disse passando a mão na mecha que estava caída sob meu ombro. Deu um sorriso e desceu as escadas.
- "Meu bem?" "Elegante?" que porra foi essa? – Pauline perguntou em um tom baixo enquanto Paula se afastava. - Giulia do céu, eu estou em choque e não posso gritar porque estamos em público, mas saiba que estou tendo um colapso internamente. – Ela falava de forma rápida e agitada, o que fez Margot e eu rir. – Então não foi paranoia minha hoje de manhã, quando você subiu na carteira para ligar o projetor e ela olhou para sua bunda nessa calça aí. – A olhei, incrédula sem acreditar naquilo.
- O que? Por que raios você não contou isso?
- Eu pensei que tinha sido paranoia, ué.
- Que lance é esse de "amanhã"? – Margot questionou e aí eu lembrei que não havia contado ainda.
- Ela vai me ajudar com alguns livros para o artigo, mas ninguém pode ficar sabendo disso.
- Ela quer te encurralar naquela biblioteca até você confessar que está tão louca quanto ela para dar um beijo.
- Depois dessa cena aqui, eu tenho certeza que ela sabe que foi você, e bem, se não surtou por isso até agora, então que ótimo. – Margot disse.
Fiquei pensativa o resto do dia sobre a atitude que ela teve na frente das meninas e também do que a Margot disse. Realmente havia grandes chances de ela saber ou desconfiar que havia sido eu a autora da foto.
-
Cheguei à universidade às 13h e fui em direção à cafeteria da universidade, mas como estava no período da tarde e o clima estava quente optei por um suco de limão enquanto aguardava a professora Paula aparecer. Folheei algumas páginas de um livro que eu estava lendo quando alguém se sentou a minha frente.
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Eres tú
Любовные романыGiulia Morelli sentiu-se atraída por uma mulher desconhecida no estacionamento da universidade, o que ela não imaginava era que a desconhecida seria sua nova professora de Psicolinguística, P. Sadik, que tenta resistir à química que se desenvolve en...