Capítulo 4 - Al fin

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- Vamos à reitoria. – Falou. Concordei e apenas a segui em silêncio. Ela cumprimentou todo mundo que passou pela gente e eu já havia percebido que ela tinha esse imã para atrair pessoas, mesmo com um semblante sério que deixava qualquer um intimidado.

Entramos no elevador e fomos até o terceiro andar ainda em silêncio. O andar estava completamente vazio já que era um horário em que os próximos funcionários chegariam.

Entramos em uma enorme biblioteca e fomos em direção à área que estava os livros de educação, debatemos por uns minutos sobre o meu artigo e eu por fim escolhi três livros. Ela me levou até uma das salas que estava vazia e digitou algo no computador, talvez registrando que havia pegado os livros. O clima na sala estava bastante frio, olhei para o ar condicionado e estava beirando os 17 graus, com certeza alguém havia desregulado. Abracei meu corpo e ela percebeu, soltando um sorriso em seguida.

- Isso é para retribuir o presente. – Ela disse ao rodear a mesa e ficar na minha frente. Senti minhas mãos suarem e ficarem gélidas.

- O que? – Banquei a desentendida, eu queria saber até onde ela iria.

- O buquê, Giulia. A foto que você tirou...

- Como você sabe?

- Ah, então foi você mesmo! – Disse surpresa, com um meio sorriso no rosto, me fazendo acreditar que eu havia entregado o jogo. – Estou brincando, eu vi quando você tirou a foto, eu só não sabia o motivo. Também ouvi suas amigas falando o quanto você ficava sem jeito quando eu estava por perto e o mais óbvio: a sua timidez exacerbada cada vez que eu direcionava o olhar para você, enfim, fui ligando os pontos. – Deu um passo a frente e ficamos a centímetros de distância, senti os dedos dela deslizando entre os fios do meu cabelo me causando uma sensação gostosa.

Nós ficamos nos olhando por alguns segundos, ela ainda com a mão no meu cabelo, e com uma coragem repentina eu me aproximei dela e a beijei. Aquilo era a coisa que eu mais queria fazer desde que a vi. Para a minha surpresa ela não se esquivou e retribuiu o beijo. Agarrei-me mais ao corpo dela, sentindo a sua língua deslizando sobre a minha e uma de suas mãos apertando a minha cintura enquanto a outra ainda estava segurando meu cabelo. Separamos assim que o ar se fez necessário, senti a sua boca passar pelo lóbulo da minha orelha, logo descendo pela lateral do meu pescoço, o que fez meu corpo reagir me fazendo apertar sua cintura. Ela deu um selinho demorado e quando abri os olhos vi um sorriso se formar naqueles lábios ainda avermelhados pelo beijo.

- O jeito que você me deixa sem controle me assusta. – Sussurrou soltando meu cabelo com delicadeza. Fiquei encostada na parede totalmente estática com o que havia acabado de acontecer. Paula recolheu a bolsa dela em cima da mesa e se encaminhou para a porta. – Cuide bem dos livros. – Disse antes de sair da sala, me deixando sozinha naquele ambiente que já não estava tão frio como antes.

Recompus-me e sai da sala antes que algum funcionário chegasse e me encontrasse. Olhei para as câmeras de seguranças no corredor e acabei entrando em uma das salas vazias para me certificar que não havia câmeras, e para o meu alívio não tinha. Comecei a acreditar que a Paula sabia e por isso escolheu aquela parte da universidade para "conversar" comigo.

Eu estava tão anestesiada com o que havia acabado de acontecer que preferi deixar para conversar esse assunto pessoalmente com as meninas, que já estavam lotando meu celular de mensagens.

Naquela noite não consegui dormir e cheguei à universidade na manhã seguinte totalmente acabada. Minhas amigas até imaginaram que havia acontecido algo de ruim na conversa com a Paula, mas tratei de explicar tudo e claro que elas festejaram por terem desconfiado desde o início.

- Eu já sabia. – Pauline imitou uma voz aleatória, o que me fez rir. - O sorrisinho dela quando a Margot falou sobre você se interessar por mulher como ela, óbvio que ela ouviu, ou quando ela deu a entender que estava aberta, caso a pessoa que enviou o buquê e o bilhete fosse uma admirador"a", ou mesmo quando você estava distraída e ela passeava o olhar pelo seu corpo.

Pauline me falando aquilo só me fez voltar às ocasiões que ocorreram aquilo e eu simplesmente deixei passar por achar que era coisa da nossa cabeça.

-

A semana passou sem eu ter notícias da Paula, então eu estava eufórica para vê-la na segunda-feira e descobrir como ela iria reagir.

- Caiu da cama? – Antônio brincou assim que adentrou na sala e me encontrou sozinha. Geralmente eu chegava faltando 2 minutos para o início da aula e isso só na disciplina da Paula.

- Você também. – Retruquei.

- Eu preciso conversar com a Paula antes da aula começar. – Disse. Fiquei me perguntando o que exatamente ele queria falar com ela e se ela tratava todos iguais a mim.

Antônio lembrou que precisávamos tirar fotos porque o meu aniversário estava chegando e ele queria postar fotos atualizadas. Enquanto esperávamos a professora e o restante dos alunos, nós ficamos na sala tentando tirar uma foto decente e falando da Pauline, que era a dona dos pensamentos e coração do Antônio. Ela já havia dito que não queria nada com ele, pois estava ótima solteira. Apoiamos o celular em uma carteira e nos posicionamos em uma pose parecendo um casal, crendo ele que a Pauline viria falar com ele sobre a foto. No fim rimos mais do que tiramos as fotos.

- Que lindo! – Ouvimos a voz da Paula seguida do som da bolsa caindo na mesa. Olhei para ela, mas ela desviou olhar e fixou no celular onde começou a digitar alguma coisa. – Podemos conversar agora Antônio?

Eles saíram da sala e fiquei me perguntando se ela realmente havia me ignorado completamente ou não queria demonstrar nada na frente do Antônio. Um tempo depois a sala foi ficando cheia, os dois voltaram e ela começou a aula. A dúvida que eu tinha se confirmou, ela realmente estava me ignorando totalmente.

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