Alguém bateu na porta e a Paula se levantou para atender. Também levantei e caminhei até a janela, para ficar longe da vista de quem quer que estivesse na porta.
- Vamos, Paula! – A voz dengosa delatou quem era. Louise, claro. Em um ato rápido a mulher adentrou o apartamento se agarrando ao corpo da minha professora, nitidamente beijando o pescoço dela. – Meu Deus, você está aqui, convença a Paula a ir à orla conosco. - "Conosco?" A palavra repetia na minha cabeça, quem mais iria? Paula claramente desconcertada se afastou da Louise, com as mãos alinhando os fios de cabelo voltou a se sentar na cama.
- Ela que decide. – Falei olhando para a mulher mais velha que alternava o olhar entre eu e a Louise.
- Poxa, seria tão bom relembrar os velhos tempos.
- Louise? – Uma voz feminina chamou a mulher - Com licença, Paula. – A mulher disse adentrando ao quarto que continuava com a porta aberta. – Você não vai? Vai ser algo rápido, além de ainda estar cedo.
Após muita insistência de ambas as mulheres, Paula concordou em ir, mas quis que eu a acompanhasse. Apesar de eu não conhecer as amigas dela, fiquei confortável enquanto sentia o cheiro do mar e o vento fresco de fim de tarde. Começamos a beber alguns goles de cerveja e como eu nunca consigo dosar a quantidade, já começava a dar sinais de embriaguez, mas até aquele momento nada que me fizesse passar um vexame.
- Vamos comprar mais, Giulia. – Louise chamou-me, eu queria recusar, mas acabei aceitando para não demonstrar tamanha aversão que eu começava a sentir pela mulher. - Você sabe falar se a Paula está namorando? – Ela perguntou quando estávamos um pouco afastadas. Olhei em direção ao mar tentando pensar no que responderia, não estávamos namorando oficialmente, mas se eu falasse que a professora estava solteira, Louise poderia aproveitar.
- Não sei, a Paula é bem reservada, acho que você deve saber disso.
- Ah, sim. Pensei que ela tivesse mudado esse jeito dela.
Chegamos ao quiosque e Louise pediu mais doze cervejas, ofereceu-me uma cerveja, e o restante colocou na caixa.
- Não conta para ninguém, mas eu fui e sou apaixonada pela Paula. Ela fugiu de mim na época, mas agora não há nada que impeça. - Dei um gole considerado da cerveja, imaginando a cena na minha cabeça.
- Vocês tiveram algo? – Perguntei.
- Não, como falei, na época em que tentei algo ela acabou se mudando.
Agradeci aos céus por chegar à mesa novamente e me livrar da Louise.
- Giulia, vamos voltar ao hotel, amanhã temos mais um dia de evento. – Minha professora cochichou calmamente. Acatei e joguei a última latinha no lixo.
Despedimo-nos das amigas dela e nos direcionamos ao hotel.
- O que vocês conversaram? Você e a Louise.
- Nada importante. – Respondi olhando em direção ao mar.
Senti a mão dela buscando a minha e entrelaçar nossos dedos, olhei para nossas mãos e logo em seguida para ela, eu estava surpresa e ao mesmo tempo com medo de alguém nos ver, mas ela notou minha apreensão e apertou minha mão. Acabamos indo para um local mais afastado da orla para assistirmos o por do sol.
- Vamos embora, acho que a bebida começou fazer efeito em você. – Ela disse me cutucando. Com ajuda dela consegui me levantar da pedra e fomos finalmente para o hotel.
Assim que pisei o pé no meu quarto corri em direção ao banheiro para vomitar. Senti a Paula adentrar no ambiente e segurar meus cabelos. Eu estava morrendo de vergonha de estar naquele estado, mas era o preço que se paga por exagerar na bebida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eres tú
RomanceGiulia Morelli sentiu-se atraída por uma mulher desconhecida no estacionamento da universidade, o que ela não imaginava era que a desconhecida seria sua nova professora de Psicolinguística, P. Sadik, que tenta resistir à química que se desenvolve en...