Noite sangrenta e gelada de inverno

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Era uma noite fria de inverno, uma forte nevasca com um forte vento soprava no lado de fora de uma pequena casa.

Lá havia uma família fazendo sua refeição antes de se deitar, mas antes de decidirem fazer isso…
Sua parede foi destruída por um oni.

Gritos ecoaram. Um alto som de corpos sendo desmembrados e devorados foram ouvidos; o cheiro forte de sangue estava no local, um pequeno choro ressoou. Uma criança tinha se escondido quando sua casa fora invadida, ela viu seus pais e irmão sendo mortos na sua frente.
Lágrimas pesadas caíram de seu rosto.
Sem pensar muito, a menina correu para fora de sua casa para pedir ajuda na vila que ficava a 200 metros de lá. Seus pés ardiam ao pisar na neve, e o frio queimava seus pulmões . O oni a perseguiu gritando "Marechi, eu preciso devorar a marechi".
A menina gritou por ajuda, quando um ataque foi feito, as garras do oni foram lançadas para pegá-la, ela fechou os olhos esperando o pior, mas antes de atingi-la, ela foi pega.

Respiração de gelo: Primeira forma: Kōri no ōra (aura de gelo)

Uma voz feminina falou, e logo em seguida, um barulho de corte. A criança estava sendo segurada no colo, quando ela foi chamada a atenção.

— O perigo já foi, minha pequena. O oni morreu, já pode abrir os olhos... — uma voz reconfortante ecoou no silêncio do campo. A menina então os abriu, dando de cara com uma linda mulher de cabelos brancos; sua pele era pálida e os olhos azuis escuros. Ela trajava uma roupa de caçadora e um haori azul gelo com estampa de neve — você está bem? Onde está sua família?

Quando ela falou isso, lágrimas voltaram ao seu rosto, um choro forte veio.

— Eles foram mortos… eu me escondi quando o oni invadiu a minha casa… — Disse quase como um sussurro, sua voz cansada pela corrida no tempo tão frio.

A caçadora ficou com o coração doendo ao escutar aquilo, e tirou seu haori para embalar a criança.

— Não chore mais, eu estou aqui...qual seu nome? — olhou para ela vendo um machucado em sua cabeça.

— E-Eu me chamo Yuri Erisha.

— Que nome lindo, uma flor de inverno. Eu me chamo Shimo Hanafuyu, eu sou a hashira do gelo. — Sorriu começando a andar para longe do local, triste por não ter chegado mais cedo. Talvez a família não tivesse sido morta.

Um tempo se passou, e Yuri acabou por adormecer no colo de Shimo que a levava para o local dos caçadores. Corria o mais rápido e matava os onis que apareciam em seu caminho, não entendia o por que tinha tantos atrás dela, mesmo sendo de noite, aquilo era incomum.

Ao chegar em sua propriedade, ela rapidamente chamou um médico para ver a criança, felizmente, ela só tinha aquele arranhão.
Shimo então caminhou para fora, deixando a menina aos cuidados médicos, e foi à cidade mais próxima comprar um quimono e um haori novo para a jovem.

No caminho, encontrou o pilar das chamas Rengoku Shinjurō treinando seu filho Kyoujurou. Ela passou por eles os dando "bom dia" enquanto acariciava os cabelos do menor.

— Acabou de chegar e já vai para outra missão? Você não devia descansar um pouco, Hanafuyu-San? — O mais velho falou sem tirar os olhos do menino.

— Isso não é de sua conta, mas não estou indo em uma missão. Estou indo comprar um kimono novo para a menina que eu resgatei — disse parando o carinho — Ela ficou órfã, e eu pretendo criá-la como minha filha...se ela me aceitar, é claro.

— Já é a terceira garota que você vai adotar, sua propriedade já está lotada de crianças — Deu um riso a olhando — você vive dizendo que a vida de uma caçadora é difícil demais para ter uma família, mas olha aí, vive acolhendo as crianças.

— Sim, é difícil. Eu posso morrer a qualquer momento, mas você queria que eu as deixasse sozinhas no mundo? — o olhou de volta com um olhar frio, mas com um sorriso caloroso — aqui elas terão um lar, mesmo que eu morra.

— Se você pensa assim… — ele deu uma pausa em sua fala — bom que daqui alguns anos, umas delas possa vir a ser noiva do Kyoujurou — ele disse num tom brincalhão, vendo a reação de espanto do filho e da mulher.

— P-Pai! — O garoto corou, e rapidamente colocou as mãos no rosto.

— Nem por cima do meu cadáver! Nenhuma filha minha vai se casar com um caçador, não quero sofrimento para elas! — gritou um pouco irritada e bufou — nem sei o por que parei para falar com você, você é irritante! — virou as costas indo para a cidade. — até logo Kyoujurou.

— Ô, mulher de pavio curto… — Shinjurō fez uma careta, voltando a treinar seu filho.

Shimo chegou a cidade, vendo algumas roupas e enfeites de cabelo. Ela comprou dois enfeites de lírio branco com pérolas, e um lindo kimono da cor azul turquesa com estampas das mesmas flores e flocos de neve. aquela cor lembrava os olhos da menina.
Logo a mulher passou num carrinho e comprou doces para levar para as outras filhas.

Ao voltar para sua propriedade, viu a Yuri perto do pequeno lago. Ela a chamou e a menina se assustou, a de cabelos brancos pegou na sua mão e a levou para dentro.

— Você não deve ficar lá fora, está muito frio — Deu uma olhada em seus pés, para ver as queimaduras de gelo.

— Hanafuyu-Sama, eu estou acostumada, fazia muito frio onde eu morava, era normal — a de cabelos pretos deu um sorriso tímido.

— Mas não pode, isso vai machucar você — Ela repousou a mão nos cabelos da mais nova, que corou — Fui à cidade e comprei algo para você, espero que goste...— mostrou o que tinha comprado a ela, o sorriso inocente veio, mas ainda podia sentir uma forte tristeza na garota.

— Muito obrigada! — ela me agradeceu — mas eu não mereço isso...eu realmente preciso voltar e ver minha família e enterrá-los…

— Você merece. E sobre isso, mandei uma equipe até a sua casa, e pedi para cuidar e enterrá-los — o semblante pesou um pouco — Yuri-Chan, queria falar algo...eu quero cuidar de você
Não precisa me chamar de "mãe", eu sei que ainda dói, mas queria dar um lar a você — Ela disse tão rápido que assustou.

A menina entrou em choque. Ontem de manhã ela estava feliz com sua família, ria com sua mãe, de tarde estava animada com seu irmão para ir no festival, e a noite, um pouco antes do ataque, ela tinha servido a janta ao seu pai que acabava de entrar em casa. Hoje, ela sem família, sem um lar, se via num lugar estranho, com uma bela moça que queria cuidar dela. Ela suspirou.

— Tudo bem — sussurrou, a olhando com lágrimas — obrigada por me salvar. — ela então abraçou a hashira.

— Não foi nada. Vamos...eu tenho que arrumar você e tirar essa roupa de hospital — a levou para o banheiro para se trocar.

— Hanafuyu-Sama, o que é um "marechi"? — Yuri perguntou a hashira que logo se calou ao ouvir.

— Falaremos disso mais tarde. E também, não precisa ser tão formal comigo…

Kimetsu No Yaiba: Flor de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora