Treino

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— Filha, pode pegar a hortelã no jardim? — Shimo estava fervendo a água para fazer um chá aos clientes.

— Sim, mãe — Yuri deixou a bandeja na mesa indo para o jardim, colher um pouco de hortelã.

Já tinham passado dois meses desde a morte do Makoto, Yuri e Kana ficaram dias de cama até que tentaram sair. A irmã mais velha voltou a trabalhar servindo as mesas, se mantinha calada, aos poucos se abrindo para conversas. Sempre que entrava alguém do esquadrão de caçadores, ela saia do local e deixava o atendimento para as duas mais novas.

Às vezes Deijī atendia, mas também se mantinha distante deles, apesar de sua mãe não falar mais sobre, elas entenderam o que era queria dizer "Eles podem morrer a qualquer momento". Não importava se era amigo ou amante, a dor seria a mesma. A mesa dos caçadores sobrava para Yuri atender e anotar os pedidos, a mais nova estava colhendo as folhas para servir aquela mesa.

— "Lindas, devem ficar com um sabor ótimo" —  pensou terminando de colher indo para o local — Mãe, estão com um cheiro maravilhoso — disse entregando as folhas, vendo a mais velha colocar na água.

— Certamente. Você colheu bem, está melhorando a cada dia — se virou para ela — e também melhorou nos primeiros socorros — deu um sorriso gentil fazendo um carinho — sinto muito por você está atendendo sozinha, suas irmãs querem distância deles.

— Eu quero ajudar, entendo o por que de não quererem — viu a mulher colocando chá nos copos e arrumando uns doces — e também, eu nem estou cansada.

— Não? Mas estamos desde às 7 da manhã trabalhando, devia estar exausta. — colocou a mão no rosto surpresa.

— Makoto me ensinou sua técnica de respiração de concentração total antes de morrer. Consigo ficar o dia todo assim — Disse meio avoada pegando a bandeja, não viu a expressão de sua mãe, pois tinha se virado indo ao grupo.

— Não acredito…— ela observou com atenção a postura da menina, a sua respiração beirando a perfeição que era a de Makoto — então aqueles treinos eram…

A menina andou até a mesa vendo o grupo conversando, ela parou colocando os copos na mesa, servindo um a um, ao terminar, se curvou dando-lhes um pequeno sorriso.

— Sinto muito pela demora, espero que gostem do chá e dos dangos — Saiu para colocar a bandeja no lugar e se sentou um pouco, uma das meninas viu e começou a falar com os colegas.

— Ela está servindo sozinha, pensei que fossem três.. — disse baixo bebendo o chá.

— E são, mas por algum motivo, as outras não gostam muito da gente. Vim aqui ontem, e no momento que me viram, saíram — o rapaz disse meio triste — Só a baixinha me atendeu e cuidou do meu ferimento.

— Ela é enfermeira também? — inclinou a cabeça.

— Não sei, mas ela foi um anjo ao limpar meu corte e me levar à sala de tratamento, soube que sua mãe é uma ex pilar — disse emocionado.

Todos olharam para dentro da cozinha, vendo a mais velha com o rosto pacífico que parecia preocupada com algo.

— Por isso que não tem nenhum ataque de oni por aqui, sem humanos mortos ou desaparecidos há um bom tempo.

Eles passaram um tempo ainda lá, quando a menina tirou um cochilo na outra mesa, Shimo saiu da cozinha indo até lá para acordá-la, ao perceber que ela estava mantendo a técnica ainda, deu um longo suspiro mexendo um pouco nela.

— Eu fiz uma missão conjunta com um novato, a respiração dele era incrível e ele é muito forte — o rapaz mais velho bateu na mesa empolgado — era filho do hashira das chamas — Shimo então lembrou de quem era, deu um sorriso calmo, se virando para o grupo.

Kimetsu No Yaiba: Flor de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora