— Eu nem acredito que você entrou no time — Heath disse de repente, enquanto trocava de camisa, a educação física começaria em alguns minutos.
— Ele foi bom, fazer o que — respondeu Gabriel, um dos garotos do time de Baseball, também um veterano. — Quando você treinou? Até onde eu lembro, você não jogava tão bem.
— Onde mais ele poderia ter treinado? — Retrucou Heath. — No reformatório.
Os caras que estavam conosco pareceram completamente surpresos com a resposta dada pelo meu melhor amigo, o que me deixou quase sem graça.
— O que vocês acham que a gente faz em um reformatório? — Perguntei envergonhado, mas sem deixar de esbanjar um sorriso surpreso. — Acham que ficamos presos em solitárias?
— Vocês acham que andamos com algemas nos braços e tornozelos?
— E não é? — Perguntou Benjamin, o rapaz que entrou com as melhores notas no time de basquete. — O que fazem então?
Heath e eu nos entreolhamos.
— Nós estudamos. Temos aulas como vocês, somos divididos por anos, assim como na escola — comecei, e quanto mais eu falava, mais eles pareciam surpresos. — Nós treinamos esportes, fazemos atletismo. Temos sessões de filmes durante as sextas-feiras.
— Apenas os filmes velhos dos anos noventa.
— Vivemos como alunos normais.
— Exceto pelas chamadas telefônicas para qualquer pessoa no mundo por dez minutos, uma vez por semana — agora Heath falava sobre as principais diferenças entre um reformatório e um internato, enquanto ouviam, eles pareciam fascinados. — Ah, e também temos as consultas psiquiátricas semanais, além dos remédios que tomamos.
Aquele com certeza fora o momento mais engraçado de todos, porque os três rapazes que estavam conosco engoliram em seco e se entreolharam, completamente abismados com informação – mentirosa, claro.
— Vocês realmente tomam remédio controlado pra não surtarem?
— Claro que não, Benji! — Exclamou Heath, sorrindo. — É um reformatório, não uma instituição psiquiátrica! O máximo que a gente tomou foi algum remédio pra resfriado. O reformatório não é tão ruim assim.
— Vocês são muito babacas — levei um leve tapa no ombro e deixamos o vestiário.
Eu me surpreendi quando os três nos acompanharam até o vestiário. A conversa tinha sido tranquila e prazerosa, apesar do tópico ainda ter sido o reformatório; quando entrei na Devon, imaginei que eu e Heath seriamos algum tipo de renegados dentro da escola, mas logo nos demos muito bem no ambiente, principalmente Heath que tinha feito amizade com as garotas do clube de culinária.
— Ei, você já está fazendo sucesso, sabia?
— Sucesso? Eu quero passar longe disso — retruquei, ao saber exatamente do que Gabriel estava falando. Algumas garotas calouras estavam sabendo que dois caras vindos de um reformatório estavam matriculados na Devon, algumas delas gostavam da ideia de eu por acaso ser um badboy, coisa que eu realmente não era. — Só dor de cabeça.
— Claro, ano que vem estaremos bem longe daqui; eu mesmo não estou afim de começar a namorar —Benjamin foi convicto em sua fala.
— Eu, por outro lado, quero namorar o quanto puder — Heath pensava diferente e para ser sincero, ele já tinha até mesmo um encontro marcado no fim de semana seguinte. Mesmo ele sendo meio fechado pra romance, tinha chegado a cidade convicto de que iria curtir o último ano da sua adolescência.
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Quem Vai Conquistar Mason Harris? - Romance Gay
Teen FictionJude havia dado a volta por cima na transição entre o fundamental e o colegial: havia saído no modo "saco de pancadas" para o modo "rei do baile" em poucos meses. Todos em Devon High School sabiam quem era Jude, queriam estar perto dele e fazer amiz...